Quem é o velho da havan

Diante de um pequeno palco, cerca de cem funcionários, todos de verde e amarelo, batiam palmas convocando a estrela do dia a aparecer. “Ô, Luciano, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!”, gritavam em coro. Decorrido o tempo necessário para ampliar a expectativa, o empresário Luciano Hang, 57 anos, completamente calvo, saltou no palco vestindo bombachas. Como um ícone do rock, pulou, acenou, curvou-se para apertar a mão dos fãs e, usando o microfone, disparou: “Bom dia! Alegria!” A plateia, majoritariamente feminina, respondeu com entusiasmo. “Nunca vi tanta gente bonita no mesmo lugar”, disse, começando seu costumeiro discurso motivacional. “E beleza é fundamental, mas o mais importante é o que você é por dentro. […] Cada pessoa que cruza essa porta vai ser encantada pela beleza dessa loja, pela quantidade de produtos, mas principalmente pelo olhar de vocês.” Fez uma pausa, antes de perguntar, aos berros, se poderia contar com os funcionários. “Siiiiiiiiiim!!!”, responderam.

Naquela manhã quente de janeiro, na cidade gaúcha de Pelotas, Hang estava inaugurando a 142ª unidade da Havan, sua rede de gigantescas lojas de departamento. O espetáculo era filmado por um telefone celular e duas câmeras, que transmitiam as imagens, ao vivo, para as redes sociais do empresário e para um telão, montado à frente da loja, onde uma centena de pessoas aguardava a abertura das portas. No palco, Hang chamou sua mãe, Regina Modesti Hang, que costuma acompanhar o filho nessas ocasiões. “Ela vai fazer 82 anos, passou quinze dias numa UTI no ano passado. Voltou hoje às inaugurações. Eu disse para ela que tinha cortado o salário dela. A partir de hoje começa a ganhar salário novamente”, disse, entre o sério e o jocoso. “Aqui é assim: não trabalhou, não ganhou.” Em seguida, Carlos Magrão, cantor de música gauchesca e gospel, começou a tocar sua composição em homenagem à rede de lojas: “Eu amo a Havan, nascida em Santa Catarina /Que agora é tchê, gaudério, uma barbaridade. /Assim é a loja mais amada do Brasil, /Refletida na Estátua da Liberdade.” Hang tirou a mãe para dançar.

Quando voltou a discursar, dirigiu-se à prefeita de Pelotas, a tucana Paula Mascarenhas, que acompanhava a inauguração ao lado do palco. “Prefeita, nós recebemos mais de 20 mil currículos de pessoas interessadas em trabalhar aqui”, disse, virando-se em seguida para a plateia. “Então vocês que estão aqui hoje foram privilegiados com um emprego. Eram mais de cem pessoas por vaga, mais disputado que vestibular de medicina. E vocês venceram a disputa, chegaram lá na frente. Agora cabe a cada um fazer o melhor.” A certa altura, perguntou quantos ali estavam desempregados. “Olha só, a maioria”, comentou, ao ver o mar de mãos levantadas. Acentuando as últimas palavras, como costuma fazer sempre que fala uma frase de efeito, bradou: “Quero que vocês saibam que entraram na melhor empresa desse país.”

Luciano Hang faz parte do grupo Empresários & Política, que defende golpe de Estado se Lula vencer eleições.

Policiais federais de cinco estados cumprem hoje oito mandados de busca e apreensão em endereços ligados a empresários que participavam de um grupo de WhatsApp, em que foram compartilhadas mensagens favoráveis a um golpe de Estado caso Lula vença as próximas eleições.

As buscas e apreensões de eventuais provas do envolvimento dos empresários com a promoção de ataques à democracia ou em crimes eleitorais foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no último dia 16. Os mandados estão sendo cumpridos no Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e São Paulo. Além das buscas, Moraes determinou o bloqueio de bens e a quebra do sigilo bancários dos investigados; o bloqueio de redes sociais e a tomada de depoimentos.

A autorização judicial e a operação policial ocorrem sete dias após o site Metrópoles noticiar que, em mensagens trocadas no grupo de WhatsApp denominado Empresários & Política, os alvos da operação questionavam a segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral brasileiro, além defender medidas inconstitucionais e golpe de Estado.

Entre os citados estão Afrânio Barreira Filho, dono da rede de restaurantes Coco Bambu; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; José Isaac Peres, dos shoppings Multiplan; José Koury, proprietário do Barra World Shopping, do Rio de Janeiro, além de Luciano Hang (Havan); Luiz André Tissot (Grupo Sierra); Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, fundador da marca de surfwear Mormaii e Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.

O empresário Luciano Hang, conhecido como “Velho da Havan”, confirmou, em suas redes sociais, que é um dos alvos da ação da Polícia Federal. “Hoje, fui tratado novamente como um bandido! Estava trabalhando, às 6h da manhã, na minha empresa, quando a Polícia Federal chegou, claramente constrangidos. Uma matéria fora de contexto e irresponsável me colocou nessa situação. Por causa dela, uma narrativa e uma mentira foram criadas”, escreveu Hang antes de assegurar que nunca defendeu um golpe de Estado. “Sempre defendi a democracia, a liberdade de expressão e opinião. Estou tranquilo, porque não tenho nada a temer e estou com a verdade ao meu lado”, acrescentou o empresário, revelando uma preocupação: “Corro o risco de perder minhas redes mais uma vez. Um absurdo, baseado em uma informação distorcida e falsa”.

O empresário Afrânio Barreira Filho, da Coco Bambu, divulgou nota em que afirma estar “absolutamente tranquilo” “Minha única manifestação no grupo de WhatsApp foi um emoji [aplaudindo], sinalizando a leitura da mensagem, sem estar endossando ou concordando com seu teor”, comentou, garantindo confiar na Justiça e ser favorável à democracia brasileira. “Nunca defendi, verbalizei, pensei ou escrevi a favor de qualquer movimento antidemocrático ou de ‘golpe’. Assim, sou a favor da liberdade, democracia e de um processo eleitoral justo.”

A representante jurídica da Mormaii, Luana Aguiar, confirmou que Morongo é um dos oito alvos da operação da PF, que o contatou esta manhã. “Ainda desconhecemos o inteiro teor do inquérito, mas ele [Raymundo] se colocou e segue à disposição de todas as autoridades para prestar os esclarecimentos.”

Em nota, a defesa de Ivan Wrobel classifica como falsa a afirmação de que o empresário defende um golpe de Estado e sustenta que ele teve sua honra e credibilidade abaladas “simplesmente por participar de um grupo de WhatsApp”. “Descendente de uma família polonesa judia, o senhor Ivan sempre soube o perigo que ditaduras podem causar. Cumpre ressaltar que, em 1968, quando aluno do IME, foi convidado a se retirar da instituição por ter se manifestado contrário ao AI-5”, acrescenta a defesa.

A assessoria de Luiz André Tissot informou que, por ora, ele não se manifestará sobre o tema.

Em nota, a Polícia Federal confirmou estar cumprido os mandados expedidos por Moraes, mas não informou os nomes dos alvos das ações de busca e apreensão por tratar-se de um inquérito sigiloso. A assessoria do STF se limitou a confirmar a decisão de Moraes, sem fornecer detalhes.

Agência Brasil

O que aconteceu com o velho da Havan?

O empresário Luciano Hang, conhecido como “Velho da Havan”, confirmou, em suas redes sociais, que é um dos alvos da ação da Polícia Federal. “Hoje, fui tratado novamente como um bandido! Estava trabalhando, às 6h da manhã, na minha empresa, quando a Polícia Federal chegou, claramente constrangidos.

Quem é o velho da van?

Luciano Hang: Como o “véio da Havan” acumulou um patrimônio de US$ 4,8 bilhões e virou o 10º brasileiro mais rico - Seu Dinheiro.

Qual o valor do patrimônio do Luciano Hang?

4,7 bilhões USD (2022)Luciano Hang / Patrimônio líquidonull

Quem é casado com Luciano Hang?

Andrea HangLuciano Hang / Cônjugenull