Tem problema tomar a pílula do dia seguinte duas vezes?

Há muitas dúvidas acerca da pílula do dia seguinte. Ela é abortiva? Depois de ter feito sexo desprotegido, tenho quanto tempo para tomá-la? Ela é eficaz? Posso tomá-la mais de uma vez por mês?

Com o objetivo de esclarecer algumas dúvidas sobre o contraceptivo de emergência (pílula do dia seguinte), que é vendido sem receita médica nas farmácias ao custo de aproximadamente R$ 20,00, conversamos com o Dr. Donizetti Ramos dos Santos, médico do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, e com a Dra. Marta Curado, presidente da Comissão de Anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Quando devo usar a pílula do dia seguinte?

A pílula do dia seguinte é um contraceptivo de emergência, portanto deve ser utilizada somente em último caso. Nos Estados Unidos a chamam de plano B. Ela deve ser usada quando, por exemplo, a camisinha estoura no momento da ejaculação. Ou então quando a menina se esquece de tomar  a pílula anticoncepcional durante dois, três dias e só se lembra no momento do coito. Em casos de estupro ela também é amplamente utilizada. Portanto, não se deve fazer de seu uso um hábito nem tomar mais que uma dose por mês. É importante ressaltar a importância desse medicamento na vida das mulheres, pois ele tem diminuído em mais de 50% a taxa de gravidez indesejada e evitado milhares de abortamentos.

A pílula tem alguma contraindicação?

Mulheres com distúrbios metabólicos, principalmente insuficiência hepática e tromboembolismo venoso devem evitar tomar o medicamento. É importante conversar com um médico antes.

Posso tomar a pílula mais de uma vez por mês?

Não é recomendado, pois ela perde a eficácia, aumentando o risco de gravidez. Além disso, graças a sua alta dose de componentes hormonais, ela pode causar reações adversas como náuseas, alteração do ciclo menstrual, dor de cabeça e diarreia.

Como a pílula do dia seguinte age no organismo? Ela é abortiva?

Não. O principal objetivo da pílula é bloquear a ovulação e com isso dificultar a incidência de gravidez. Caso a mulher não tenha ovulado, o anticoncepcional de emergência deverá impedir ou retardar a liberação do óvulo, evitando a fertilização. A pílula não deixa formar o endométrio gravídico (camada que recobre o útero para receber o óvulo fecundado e cuja descamação dá origem à menstruação).

Depois do sexo desprotegido, quanto tempo tenho para tomar a pílula?

O ideal é que a mulher tome a pílula o mais próximo possível da relação sexual desprotegida. Mas ela tem até 3 dias (72 horas) para fazer isso. Nas primeiras 24 horas, por exemplo, a eficácia da pílula é de 88%. O medicamento é vendido em dose única e em dois comprimidos. Solicitamos que a mulher tome um comprimido e espere 12 horas para tomar o outro. Entretanto, para não haver esquecimento, ela pode tomar os dois de uma vez também.

É necessário receita médica para adquiri-la?

Não. Nos postos de saúde a receita também não é mais exigida, o que foi um enorme avanço em termos de saúde pública. Antes a mulher tinha que esperar quase dois meses para consultar um ginecologista. Nesse meio tempo, se ela esperasse a pílula, já estaria grávida. Atualmente, a mulher pode ir até o posto e se não tiver um médico de plantão, o próprio enfermeiro está autorizado a fornecer o medicamento a ela. Além disso, se ela for menor de idade, não é preciso estar acompanhada dos pais.

Normalmente o enfermeiro ou o técnico de enfermagem vai sugerir que ela converse com um médico posteriormente com o objetivo de ver se ela não está utilizando esse medicamento como único método contraceptivo, o que não é indicado.

Após utilizar o contraceptivo de emergência, posso continuar tomando pílula anticoncepcional ou tenho que esperar menstruar?

Espere vir a menstruação e comece a tomar uma nova cartela de pílula. Mas não faça sexo desprotegido, a pílula do dia seguinte não tem efeito cumulativo.

Fonte: Drauzio Varella

As adolescentes que estão abusando do uso da pílula do dia seguinte (como revelado por uma pesquisa do Portal Educacional) estão correndo um grande risco de engravidar e de sofrer problemas de saúde. O contraceptivo de emergência não é para ser usado repetidas vezes. A taxa de eficácia diminui e a carga de hormônio exagerada pode causar vômitos e  sangramentos.

“O termo ‘pílula do dia seguinte’ poderia até ser considerado errado”, explicou ao G1 o médico ginecologista Júlio Bernardi. Isso porque o medicamento não funciona da mesma maneira que o anticoncepcional convencional. “É uma grande quantidade de hormônio que é usado para antecipar a menstruação ou impedir o óvulo de ser fecundado”, afirma.

O uso da medicação é recomendado apenas em casos especiais. Por exemplo, quando a camisinha estoura ou um comprimido da pílula convencional é esquecido sem a mulher perceber. Ela também não oferece proteção alguma contra doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids.

A alta carga de hormônios no organismo (entre seis e 20 vezes a mais que um comprimido de contraceptivo comum) tem vários efeitos. Se a mulher ainda não ovulou, a pílula retarda a liberação de um novo óvulo. Se a ovulação já ocorreu, ele acelera a descamação do endométrio (a camada que recobre o útero para receber o óvulo fecundado e cuja descamação é a causa da menstruação). Além disso, a medicação também “engrossa” o muco vaginal – para dificultar a passagem dos espermatozóides.

Existem dois tipos principais de “pílulas do dia seguinte”. O primeiro são dois comprimidos, que precisam ser tomados com 12 horas de intervalo. O segundo é em uma única dose. Os dois tipos precisam ser consumidos não mais que 72 horas após a relação sexual desprotegida – e quanto mais rápido melhor. Quando usado corretamente e uma única vez, a taxa de eficácia é alta, por volta de 98%. Mas o uso repetido diminui essa eficiência.

“Há uma taxa que fica entre 2% a 20% ou 30% de falha. Então não é um método que possa ser usado como contracepção de rotina”, diz Bernardi. 

saiba mais


Quanto mais vezes se usa a pílula do dia seguinte, maiores as chances de ela não funcionar. E maiores os riscos para a saúde. “Ela pode ter náusea, vômitos, fadiga, sangramentos. É uma quantidade muito grande de hormônios”, alerta o médico. O ciclo menstrual geralmente se desregula e demora muito para voltar ao normal. Sem o uso da camisinha, o risco de engravidar aumenta.

“Ela foi idealizada como uma emergência. Há muita gente que não se preocupa em usar um método de barreira ou hormonal e recorre a isso como contracepção. Não é. O próprio nome que usamos, intercepção, significa interrupção”, afirma ele. 

Medo e confusão

Apesar de, teoricamente, só poder ser comprada com receita médica, a pílula do dia seguinte é facilmente encontrada sem prescrição. O que a tornou uma saída fácil para jovens assustadas com medo de engravidar.

Foi o que aconteceu com uma jovem universitária de São Paulo, que preferiu não se identificar. Pouco depois de fazer 17 anos, ela começou a ter relações sexuais com o namorado. A inexperiência de ambos acabou rompendo a camisinha. "Bateu o medo de uma gravidez indesejada", disse ela ao G1. "O desespero de pensar em como contar para os pais, de ter que dar um tempo no sonho da universidade, o preconceito das pessoas e também o medo da responsabilidade de ter um filho tão nova", afirmou.

No caso de outra jovem, Lie Novaes, de 20 anos, o medo de engravidar foi tanto que ela tomou a contracepção de emergência sem nem precisar, pois não havia sequer tido relações sexuais. Quando sua menstruação atrasou, em julho de 2007, ela entrou em pânico.  “Mesmo sabendo que era impossível eu estar grávida, acreditava firmemente que poderia estar”, conta a estudante de psicologia. “A encanação foi tanta, que tomei a pílula,” disse ela.

Mas o medo não passa com a medicação. Lie se assustou com as conseqüências. “Meu organismo ficou uma bagunça”, conta. A outra jovem ficou ainda mais tempo preocupada. "Mesmo depois de descer a primeira menstruação depois da pílula não fiquei tranqüila, porque a segunda atrasou -- o que me fez achar que não tinha dado certo.", conta ela, que, depois do susto, passou a tomar anticoncepcional para ficar mais tranqüila.

O que fazer

A recomendação geral é que, ao ter uma relação sexual desprotegida, a mulher procure imediatamente um médico. Geralmente, em casos como esse, os ginecologistas costumam atender a paciente na frente de outras. Uma boa pedida pode ser procurar um Pronto Socorro para procurar orientação médica.

Se a pílula do dia seguinte for tomada sem prescrição é essencial procurar o ginecologista o mais rápido possível após o uso. Primeiro, porque ele vai poder tranqüilizar e responder todas as dúvidas da mulher. Segundo, porque ele vai poder monitorar as alterações no organismo que a medicação vai trazer.

Para não engravidar, a melhor opção varia de mulher para mulher: de pílulas diárias a injeções, adesivos e anéis vaginais. Só o médico e a paciente juntos podem definir o método mais adequado. Não importa qual seja, no entanto, a camisinha não deve ser abandonada, porque é a única maneira de se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis.

Leia mais notícias de Ciência e Saúde

O que acontece se tomar pílula do dia seguinte 2 vezes?

Provavelmente não há problema em tomar uma pílula anticoncepcional de emergência mais de uma vez durante um ciclo menstrual. Pílulas anticoncepcionais de emergência não afetarão sua fertilidade futura.

Qual é o perigo de tomar pílula do dia seguinte duas vezes em um mês?

Quanto mais vezes se usa a pílula do dia seguinte, maiores as chances de ela não funcionar. E maiores os riscos para a saúde. “Ela pode ter náusea, vômitos, fadiga, sangramentos. É uma quantidade muito grande de hormônios”, alerta o médico.

Qual deve ser o intervalo da pílula do dia seguinte?

Mas ela tem até 3 dias (72 horas) para fazer isso. Nas primeiras 24 horas, por exemplo, a eficácia da pílula é de 88%. O medicamento é vendido em dose única e em dois comprimidos. Solicitamos que a mulher tome um comprimido e espere 12 horas para tomar o outro.