Ouça este artigo: Show O assim denominado Plano Dawes foi um plano econômico formulado pelos vencedores da Primeira Guerra Mundial, para regulamentar o pagamento das indenizações de guerra aplicadas à Alemanha ao final do conflito. Recebeu esse nome em homenagem a Charles Gates Dawes, financista e político americano, que chegou a ser vice presidente do país. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, era consenso entre os vencedores que os custos do conflito seriam pagos pelas chamadas “Potências Centrais” ou “Tríplice Aliança”, formado pelo Império Alemão, Império Austro Húngaro e Império Turco Otomano, o lado perdedor do conflito. Essa decisão foi oficializada pelo Tratado de Versalhes e aplicada logo após. Fazia com que os alemães tivessem condições de pagar as dividas e manter economia funcionando. Além disso, o alto número de combatentes mortos ou feridos gravemente (mutilados e inválidos), sobretudo entre os homens em idade de trabalho foi um duro golpe na economia alemã, que então passa por uma crise forte de mão de obra. Cumpre destacar também que, além de toda essa situação de falta de mão de obra e da destruição do parque industrial alemão, as regras aprovadas pelo Tratado de Versalhes deram origem a indenizações cujo valor estava muito acima do que a Alemanha poderia pagar. Assim sendo, o país não consegue organizar sua economia, reativar sua indústria e repor sua mão de obra e, em 1924, decreta moratória. Nesse momento, a França, que já colecionava problemas com a Alemanha desde 1870 quando do processo de unificação do Estado Alemão e que tirou dos franceses uma porção de seus territórios, opôs-se a qualquer negociação ou flexibilização dos pagamentos devidos pelos alemães. Para garantir a pressão sobre o país, a França ocupa militarmente o vale do rio Ruhr, na fronteira entre ambos os países. Área rica em carvão e com um parque industrial bastante considerável, a região seria parte fundamental do esforço alemão para pagar as indenizações. Nesse sentido, o Plano Dawes surge como uma iniciativa que tinha como objetivos garantir o pagamento da dívida alemã mediante a ajuda à economia do país, maiores prazos para o pagamento das parcelas, garantia de inviolabilidade do território e, ao mesmo tempo, mantinha a Alemanha longe da esfera de influência da União Soviética, que a essa altura, expandia sua influência pelo leste europeu em direção ao centro da Europa. Em 1924, Itália, Estados Unidos, Bélgica, França e Reino Unido se reuniram e detalharam o plano de modo a facilitar e agilizar sua aplicação. A França então desocupa a região do Rio Ruhr e passa a respeitar a integridade do Estado Alemão. As parcelas são definidas de forma a custarem à Alemanha 1 bilhão de marcos nos pagamentos iniciais e, paulatinamente, esse valor subiria até cerca de 2,5 bilhões de marcos. Outra medida aprovada foi a supervisão das potências vencedoras sobre o Reichsbank, o banco que controlava a economia alemã. Com isso, consegue-se estabilizar a economia alemã de modo que ela possa, gradualmente crescer e, ao mesmo tempo, cumprir suas obrigações internacionais. Nesse momento, se soma ao Plano Dawes o chamado Plano Young, que diminuiria sensivelmente o valor das parcelas a serem pagas. Isso ocasiona, na segunda metade da década de 20, uma considerável recuperação da economia alemã, a reativação gradual de seu parque industrial, o controle financeiro e a reposição da mão de obra, que tem um efeito positivo na economia alemã, que dá sinais de recuperação até o ano de 1929, quando a crise inciada com o Crash da Bolsa de Nova York atinge em cheio a economia mundial e põe abaixo o esforço alemão de reestruturação. Bibliografia Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/economia/plano-dawes/ Em questão de quatro anos de bombardeamentos, realizados pela Real Força Aérea Britânica (RAF) e pela força aérea americana (USAF), uma das maiores cidades da Alemanha deixou de existir como metrópole. Tornara-se um amontoado de pedras, tijolos e pó, com seus milhões de habitantes lutando ferozmente para obter um pão ou uma hortaliça para sobreviver. Isto se deu há 50 anos. Situação que fora profetizada pelo grande poeta Goethe: “Seguidamente sinto uma amarga dor ao pensar que o povo alemão, tão honorável individualmente, é tão miserável coletivamente. A comparação do povo alemão com outros povos desperta em mim um sentimento penoso, do qual trato de escapar como posso.” (W. Goethe, 1813)
Foto: Divulgação Siga Terra Educação no Twitter Siga Terra Notícias no Twitter O ano de 1945 Berlim, 1945. A paisagem é lunar, a outrora metrópole alemã reduzira-se a ruínas fantasmagóricas. Prédios e mais prédios encontravam-se calcinados por recentes explosões, devastadoras. O Statistiche Ubersicht, o minucioso levantamento estatístico realizado logo depois da capitulação, numerou 245.300 construções parcial ou totalmente destruídas por bem mais de 300 ataques aéreos da RAF e da USAF. No meio delas arrasta-se uma enorme fila de mulheres que, de mão em mão, tijolo por tijolo, removem o que restou da arrogância e do fausto da capital do III Reich alemão. Outras, com vassouras improvisadas, tentam restabelecer um ar habitável às outrora agitadas ruas de Berlim. Esta é uma das cenas finais do documentário Schlacht in Berlin ou A Batalha de Berlim, que até hoje ainda é projetado num cinema da Kurfürsterdam, a avenida principal da parte ocidental. Percebe-se nas mulheres um ar resignado. Tocou a vez da geração delas restaurar o que restou da Alemanha. Foi então que me acometeu a evidência de que reconstruir o país tem sido a sina dos alemães. Se recuarmos ao século XVI verificamos que a primeira dessas Wiederherstelung — restauração, em alemão — ocorreu depois do vendaval provocado pela Bauerkrieg, a terrível guerra camponesa, subproduto indesejado da insubordinação de Martin Lutero. Milhares de rústicos, dos sopés dos alpes bávaros até o Mar do Norte, ergueram-se contra seus senhores e seus castelos, devastando tudo o que viam pela frente. Atendendo ao chamado de um Lutero apoplético, os príncipes afogaram a rebelião em sangue, dizimando-os em Frankenhause, em maio de 1526. Mas se compararmos com o que se seguiu, no século seguinte, as pilhagens dos camponeses pareceram cócegas. De 1618 a 1648 o país se viu palco da rivalidade entre a União dos Protestantes e a Liga dos Interesses Católicos. O dito de Fernando II, um príncipe Habsburgo, educado pelos jesuítas, de que era preferível “governar num deserto do que sobre hereges” confirmou-se na totalidade. Não precisamos do testemunho de H. J. C. Grímmelshausen e seu contundente relato sobre a devastação que a Guerra dos Trinta Anos provocou ao país: o fato de que 2/3 da população pereceu nos basta. Os lobos, os mercenários errantes e ervas daninhas disputaram entre si o que restou da Alemanha. Levaram mais de um século para recompô-la. Mas o que emergiu no seguinte, no século XVIII, não foi o discurso pacífico de gente como Kant, mas sim a poderosa máquina de guerra prussiana, lubrificada pelo rei-sargento e utilizada por seu belicoso filho, Frederico II, o Grande. Por sete anos, de 1756 a 1763, lá se foi a Prússia atrás do rufar dos tambores de assalto liderada por aquele incansável capitão-de-guerra, emulo de Napoleão. Reconhecidas Nos princípios do século XIX, a enorme energia e o entusiasmo guerreiro provocado pela Revolução Francesa, de 1789, transbordou para os lados direitos do Rio Reno. Em 1806, Napoleão pulverizou, sob o olhar assombrado do filósofo O. W. Hegel, os exércitos prussianos em Lena. Até a catástrofe francesa na Rússia, eles dominaram a Alemanha. Em 1813, atendendo ao chamado de Frederico Guilherme III — An mein VoIk — e às anteriores preleções do filósofo patriota J. O. Fichte, com seus Reden an die deutsche Nation, de 1807-08, onde exaltava em seus discursos à nação alemã, o passado germânico livre e auto-suficiente, milhares de alemães se alistaram nas milícias populares, as landsturm, para expulsar o invasor francês. Pouco tempo depois, a quadriga da liberdade que Napoleão tinha levado para Paris, como troféu de guerra, foi reposta no alto do Podão de Brandenburgo e novamente tudo foi colocado de volta no lugar.
Assembleia reunida em Versalhes Foto: Divulgação No nosso século, a primeira restauração, aquela que teve início após a assinatura do Tratado de Versalhes, de 1919, resultou abortada porque os aliados, vencedores da Guerra de 1914-18, trataram os derrotados como nação delinquente, abrindo, sem querer, as portas para a vingança sadoimperialista de Adolf Hitler. Recentemente, passado quase meio século dos estragos feitos pelos nazistas, chegam as tristes imagens de Hoyerswerda, Rostock-Lichtenhagen e Sachenhause, onde arderam os asilos para estrangeiros. Os fantasmas dos camisas parda -— incorporados no crânio vazio dos cabeças raspadas — voltam a atormentar aqueles que, até pouco tempo, estavam apenas preocupados em livrar-se do rescaldo do stalinismo. E assim tem sido o seu destino. Recompuseram-se da rebelião camponesa do século XVI; cicatrizaram-se das terríveis devastações das guerras religiosas do século XVII; remendaram-se da Guerra dos Sete Anos do século XIX e, no nosso século, restauraram completamente o país depois do ciclone nacional-socialista. O que agora lhes resta? Heirich Böll, o notável romancista do após-guerra, comentou que estava farto de ver a juventude alemã ser convocada para “morrer pela pátria” e que esperava, doravante, que apelassem para que “vivessem pela pátria”. Vejo-os como Sísifos modernos, condenados perpetuamente a começar tudo de novo, vítimas incorrigíveis de si mesmos, da sua imensa e desastrada infelicidade coletiva. +Os melhores conteúdos no seu e-mail gratuitamente. Escolha a sua Newsletter favorita do Terra. Clique aqui! Como a Alemanha se recuperou depois da Segunda Guerra Mundial?Depois da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em Alemanha Ocidental (capitalista) e Alemanha Oriental (socialista). O processo de reunificação da Alemanha ocorreu apenas no final da década de oitenta, com a queda do Muro de Berlim e a crise dos países de regime socialista.
Como a Alemanha conseguiu se recuperar?Em 1989, após sinalização soviética de que não interferiria no futuro da Alemanha, a população de Berlim tomou o muro e seu entorno, que dividiam a cidade - sem que os soldados do regime oriental reagissem. O muro foi derrubado, iniciando o processo de reunificação alemã.
Como a Alemanha se reconstruiu depois da Primeira Guerra Mundial?O assim denominado Plano Dawes foi um plano econômico formulado pelos vencedores da Primeira Guerra Mundial, para regulamentar o pagamento das indenizações de guerra aplicadas à Alemanha ao final do conflito.
Quem reconstruiu a Alemanha?Como Chanceler da Alemanha Ocidental, Adenauer focou em reconstruir a Alemanha como uma potência europeia pós-Segunda Guerra Mundial.
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