Os elementos que constituem um projeto pedagógico na educação profissional;

A criação de um Projeto Pedagógico de Curso (PPC) é essencial para deliberar os rumos que a terá. Esse documento engloba a missão educacional, as diretrizes, a forma de operação, a estrutura curricular e mais fatores fundamentais de um curso de graduação.

Esse projeto, então, deve ser o primeiro passo na oferta de uma nova oportunidade de estudos, seja em uma instituição de educação superior (IES) recém-criada ou na elaboração de novos cursos em uma IES já estabelecida. 

Em ambos os contextos, é fundamental que as expectativas estejam alinhadas à necessidade dos alunos, à oferta de docentes e à infraestrutura, à missão de formação e ao grau de conhecimento. Afinal, é esse documento que cria a identidade do curso e o diferencia.

É importante distinguir também um projeto pedagógico de curso de graduação de um projeto pedagógico de curso de especialização. Na montagem de estruturas curriculares, os responsáveis devem se atentar para as demandas de cada setor e planejar de acordo com os conhecimentos alcançados e a formação anterior.

Além de funcionar como um planejamento estrutural e curricular, esse documento é o reconhecimento legal da criação do curso, enviado ao Ministério da Educação, e deve contar com todos os dados essenciais sobre a ocorrência.

São incluídas informações como o perfil esperado do aluno egresso, as atividades obrigatórias, cargas horárias, atividades opcionais, a matriz curricular, a obrigatoriedade ou não de estágios e trabalhos de conclusão de curso, etc.

Outro ponto importante sobre o projeto pedagógico de curso é que ele se estabelece como um tipo de guia para futuras alterações e aplicações: quando necessário, docentes e coordenadores terão as informações básicas documentadas e podem determinar melhor a necessidade de revisões. 

O PPC também confere ao curso uma linearidade: com esse guia, ele pode ser repetido e ofertado com as mesmas obrigatoriedades para turmas seguintes, o que garante uma formação mais completa a todos.

Mas existem algumas dúvidas sobre quem deve elaborar este documento, o que deve constar nele e qual a estrutura necessária. Para auxiliar coordenadores no processo, neste artigo vamos atentar a alguns pontos importantes sobre o projeto pedagógico de curso!

Quem deve criar o Projeto Pedagógico de Curso?

A elaboração do PPC é uma responsabilidade do NDE, Núcleo Docente Estruturante. Para apresentar a proposta junto ao MEC, a IES deve contar com este comitê, selecionado para qualificar e criar o curso.

O núcleo foi estabelecido pelo Parecer Nº4 da CONAES (Comissão Nacional de Avaliação do Ensino Superior), em Junho/2010, e define um conjunto de cinco docentes, incluindo obrigatoriamente o coordenador do curso. De acordo com a resolução, esses docentes devem ser escolhidos de forma que:

  1. Pelo menos 60% dos membros possuam titulação acadêmica em pós graduação stricto sensu
  2. Todos sejam contratados de forma integral ou parcial pela IES e ao menos 20% sejam em regime integral
  3. Esteja prevista a renovação parcial deste comitê, para assegurar continuidade do acompanhamento do curso

O objetivo é encontrar um comitê qualificado para determinar e atender às demandas sociais do curso, docentes qualificados que saibam quais diretrizes educacionais devem ser aplicadas no contexto de criação e possam funcionar como guia na ocorrência do curso.

Outras atribuições do NDE

Além de criar a documentação inicial do curso, o NDE tem outras obrigatoriedades correlatas para manter seu funcionamento em dia com as diretrizes sociais e educacionais. São elas, de acordo com a CONAES:

  • contribuir para a consolidação do perfil profissional do egresso do curso;
  • zelar pela integração curricular interdisciplinar entre as diferentes atividades de ensino constantes no currículo;
  • indicar formas de incentivo ao desenvolvimento de linhas de pesquisa e extensão, oriundas das necessidades da graduação, de exigências do mercado de trabalho e afinadas com as políticas públicas relativas à área de conhecimento do curso;
  • zelar pelo cumprimento das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação

O colegiado da graduação

Esse núcleo se diferencia do colegiado, órgão estrutural de graduação com poder administrativo. Diferente do NDE, o colegiado também contempla representantes da equipe coordenadora e representantes discentes.

Enquanto a função do NDE é formar um curso, a função do colegiado é garantir que as diretrizes educacionais e normativas do curso sejam cumpridas. Por exemplo, é papel do colegiado supervisionar e coordenar exames de seleção, fiscalizar disciplinas e promover avaliações de cursos com regularidade.

Os elementos que constituem um projeto pedagógico na educação profissional;

Qual a importância do PPC?

O Projeto Pedagógico de Curso (PPC) é um documento fundamental para todo e qualquer curso. Ele atua como um importante instrumento de planejamento para o desenvolvimento das atividades pedagógicas dos cursos de graduação das instituições.

Historicamente, o PPC surge da estrutura do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Devido à necessidade de avaliação dos cursos e de sua organização didático-pedagógica, no âmbito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Além de garantir a regulamentação do curso, um PPC bem elaborado permite que os formandos se integrem ao curso desde os primeiros semestres. Facilitando assim a formação de um fio condutor para a materialização dos seus objetivos profissionais e de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

A relação entre a teoria e a prática na formação do profissional é outro importante componente do PPC. Assim como os projetos que constituem atividades orientadas, de observação, de investigação, de extensão universitária e de pesquisa bibliográfica, tomando como referencial as demandas concretas do mundo do trabalho. 

A formação por meio de projetos possibilita a perfeita articulação entre ensino, pesquisa e  extensão. Pois ela é concebida no âmbito das diferentes áreas temáticas, envolvendo previamente a idealização do curso, como produto de uma construção colaborativa, que passa por uma equipe de professores para que, por fim, possa ser vivenciada pela comunidade acadêmica ao longo do curso.  

O PPC também se encarrega da promoção de Seminários Interdisciplinares como forma de estimular uma aprendizagem mais efetiva e plural. O Projeto Pedagógico de Curso é, portanto, um instrumento de ação política que garante uma formação global e crítica para o desempenho da cidadania plena.

Leia também: relação entre projeto pedagógico e as atividades de ensino, pesquisa e extensão

O que o PPC determina?

O Projeto Pedagógico de Curso é uma ferramenta que deve ser replicada, isto é, suas deliberações funcionam como fundação de um curso de graduação e estabelecem as metas que ele deve atingir e as métricas necessárias para isso.

Isso significa, portanto, que há itens obrigatórios que devem ser apresentados no documento junto ao MEC para que o curso de graduação possa ser iniciado e receba autorização de funcionamento.

Objetivos do curso

Esse critério é o primeiro a ser analisado. Por que o curso está sendo criado? Qual a demanda que ele prevê sanar? De que forma o currículo pretende abordar as necessidades sociais e educacionais da formação?

Matriz curricular

Estabelecida a missão do curso, é importante também que o Núcleo Docente Estruturante tenha uma resolução sobre quais as melhores formas de implantá-la. Isso significa estabelecer linhas de pesquisa, disciplinas, projetos especiais, planos de habilitações, etc.

É aqui que se determinam os componentes curriculares e sua carga horária, visando o melhor aproveitamento dos alunos, eficiência docente e planejamento do perfil do egresso.

O egresso e suas competências

Assim como nos segmentos de educação básica, as IES têm como missão educacional que seus egressos obtenham competências e habilidades necessárias para se suceder na etapa seguinte, isso é, na pós-graduação e no mercado de trabalho.

Para isso, o NDE deve ter em mente quais conhecimentos práticos, teóricos e pessoais o aluno egresso deve ter e qual a melhor forma de atingir esses objetivos.

Além das chamadas hard skills, ou seja, conhecimentos científicos e acadêmicos, o Projeto Pedagógico de Curso deve contemplar as soft skills, ou seja, as habilidades intra e interpessoais que o aluno deve adquirir durante sua formação.

Se o perfil do egresso inclui autonomia do aprendizado, de acordo com o PPC, ele também deve orientar a matriz curricular para disciplinas com metodologia ativa. Se a IES deseja formar alunos questionadores e com capacidade de debate, deve atentar para uma grade curricular que incentive a participação.

Estágios e preparo profissional

Outro ponto que deve constar no Projeto Pedagógico de Curso é a existência de estágios, sejam eles supervisionados por docentes ou estágios extracurriculares. É necessário analisar a carga horária exigida, os critérios de seleção e qual a melhor forma de aplicar os conhecimentos da grade curricular. Isso deve levar em conta também as leis educacionais de âmbito estadual e federal.

Para alunos de cursos de graduação na área de saúde, por exemplo, é interessante ter possibilidade de estágios laboratoriais, enquanto muitas IES e alunos se beneficiam de programas de monitores discentes em salas de aula.

TCC

O Trabalho de Conclusão de Curso é um aspecto relevante da criação de cursos superiores. A obrigatoriedade ou não da realização deve levar em conta a demanda formativa. Também é importante que o NDE estabeleça as regras para entrega e realização dos trabalhos.

Atividades complementares

É nesta seção do PPC que se determina a criação e oferta de atividades complementares. Essa modalidade inclui horas complementares de conteúdo, empresas juniores, atividades acadêmicas como grêmios e representação discente, intercâmbios, palestras e muito mais, itens que podem contribuir para a formação do aluno e para a fluidez do currículo acadêmico.

Serviço de Apoio à Aprendizagem

Este é o núcleo responsável pela continuidade e o aproveitamento do ambiente acadêmico. Formado por profissionais vinculados à IES, ele deve oferecer apoio educacional para alunos e docentes, visando o melhor cenário educacional.

São atividades como orientação profissional e estudantil, avaliações diagnósticas, palestras, cursos, monitorias e relatórios que servirão de norte para futuras alterações do PPC.

O PPC é obrigatório?

A elaboração do Projeto Pedagógico de Curso, é instituída a partir de 1996, atribuindo às universidades brasileiras um planejamento capaz de nortear o desenvolvimento das atividades pedagógicas dos cursos de graduação das instituições de educação superior (IES). 

Resultante das Diretrizes Curriculares Nacionais, a obrigatoriedade do projeto pedagógico surge na perspectiva de organização curricular. Como está previsto no  Parecer CES/CNE 146/2002, aprovado em abril de 2002.

Este documento estabelece que a concepção dos projetos pedagógicos deve definir, com clareza, todos os elementos que compõem o curso, assim como o seu currículo pleno e seus processos de operacionalização. Sendo assim, o documento também cita os seguintes elementos estruturais:

  • Objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções institucionais, política, geográfica e social;  
  • Condições objetivas de oferta e a vocação do curso; 
  • Carga horária das atividades didáticas e da integralização do curso;  
  • Formas de realização da interdisciplinaridade; 
  • Modos de integração entre teoria e prática;
  • Formas de avaliação do ensino e da aprendizagem; 
  • Modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver; 
  • Cursos de pós-graduação lato sensu, nas modalidades especialização, integradas e/ou subsequentes à graduação, e de aperfeiçoamento, de acordo com a evolução das ciências, das tecnologias e das efetivas demandas do desempenho profissional, observadas as peculiaridades de cada área do conhecimento e de atuação, por curso; 
  • Incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica;
  • Concepção e composição das atividades de estágio por curso: concepção e composição das atividades complementares;  
  • Oferta de cursos sequenciais e de tecnologia, quando for caso.

A elaboração de um PPC de qualidade é parte fundamental do processo de autorização do curso.  Consequentemente, o processo de elaboração do PPC também exige reflexão sobre a concepção do ensino superior e as finalidades da educação em sua dimensão social.

O PPC implica, portanto, elevado detalhamento de ações educativas, a serem obrigatoriamente cumpridas, sob pena de não reconhecimento ou autorização do curso por parte do MEC.  Tal característica, também estimula as instituições a sempre inovarem em seus projetos pedagógicos, a fim de atender  às exigências de diferentes ordenamentos. 

Concepção do Projeto Pedagógico do curso de Direito

Além dos elementos estruturais comuns a todos os Projetos Pedagógicos dos Cursos, a concepção do projeto pedagógico dos cursos jurídicos possui algumas peculiaridades. Continue a leitura para conhecer cada uma delas:  

Regimes acadêmicos: para a sua efetiva conclusão e integralização curricular do curso de graduação em Direito, são estabelecidas condições de organização específicas para os seguintes regimes acadêmicos que as IES adotarem: 

  • regime seriado anual; 
  • regime seriado semestral; 
  • sistema de créditos com matrícula por disciplina ou por módulos acadêmicos

Estágio Supervisionado: componente curricular obrigatório, pois possui  caráter  indispensável à consolidação dos desempenhos profissionais desejados, relativos ao perfil dos alunos do curso de Direito, cabe aos colegiados superiores acadêmicos, aprovar o regulamento de estágio da instituição, com suas diferentes modalidades de operacionalização.

Atividades Complementares: são componentes curriculares que possibilitam o reconhecimento, por avaliação, de habilidades, conhecimentos e competências do aluno.

As Atividades Complementares constituem componentes curriculares enriquecedores e implementadores do próprio perfil do formando, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado.

Aprendizagem autônoma e dinâmica: indispensável ao exercício da Ciência do Direito, da prestação da justiça e do desenvolvimento da cidadania.

Habilidades profissionais:  O curso de graduação em Direito deve possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes habilidades: 

  • leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou normativos, com a devida utilização das normas técnico-jurídicas;
  • interpretação e aplicação do Direito;
  • pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras fontes do Direito;
  • adequada atuação técnico-jurídica, em diferentes instâncias, administrativas ou judiciais, com a devida utilização de processos, atos e procedimentos;
  • correta utilização da terminologia jurídica ou da Ciência do Direito;
  • utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica;
  • julgamento e tomada de decisões; 
  • domínio de tecnologias e métodos para permanente compreensão e aplicação do Direito.

Eixos interligados de formação: os cursos de graduação em Direito deverão contemplar, em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, conteúdos que atendam aos seguintes eixos:

  • Conteúdos de Formação Fundamental, que tem por objetivo integrar o estudante no campo do Direito, estabelecendo ainda as relações do Direito com outras áreas do saber. 
  •  Conteúdos de Formação Profissional, que abranja, além do enfoque dogmático, o conhecimento e a aplicação do Direito.
  • Conteúdos de Formação Prática, que objetiva a integração entre a prática e os conteúdos teóricos desenvolvidos nos demais eixos, especialmente nas atividades relacionadas com o estágio curricular durante o qual a prática jurídica revele o desempenho do perfil profissional desejado, com a devida utilização da Ciência Jurídica e das normas técnico-jurídicas.

Leia também: como e por que desenvolver orientação profissional na IES?

Diferenças entre Projeto Pedagógico Institucional e PPC

O Projeto Pedagógico Institucional (PPI) é um importante instrumento teórico-metodológico que define as políticas para a organização do trabalho administrativo e a estrutura pedagógica do curso. Desta forma o PPI assume uma dimensão futura e idealista, com a intenção de transformar em prática os valores e princípios assumidos pela instituição.

Portanto, o PPI deve representar a estratégia traçada pela IES para concretizar seu projeto educacional, definindo metas e os períodos de tempo para alcançá-las. Assim como os recursos humanos e materiais que garantam a manutenção e o desenvolvimento das ações propostas.

Em outras palavras, o objetivo do PPI é a efetivação do Projeto Pedagógico do curso. Sendo assim, o PPI pode desencadear mudanças profundas e inovação curricular no ensino superior, com o objetivo de que professores e alunos participem ativamente da construção do processo de ensino-aprendizagem.

O PDI é um documento de orientação acadêmica, que traduz o histórico da IES, a sua inserção na região e sua missão. Também revela questões relativas às áreas de atuação, as políticas de gestão, de ensino, pesquisa e extensão, o perfil profissional que a organização deseja e os processos de ensino, avaliação, planejamentos e programas educacionais.

Desse modo, apesar dos diferentes contextos de aplicação, tanto o PPI quanto o PPC são instrumentos de ação político-pedagógica que garantam a formação integrada e crítica dos alunos como forma de capacitá-los para o exercício da cidadania, a formação profissional e o pleno desenvolvimento pessoal

O que torna o Projeto Pedagógico de Curso replicável?

O Projeto Pedagógico de Curso tem como finalidade a replicabilidade das diretrizes administrativas, pedagógicas e sociais da criação de um curso de graduação. Isso é, mesmo com mudanças de equipes, alunos e cenários sociais, a demanda por uma formação qualificada e completa deve ser levada em conta.

Nesse sentido, o PPC é um item fundamental para a IES, já que ele garante uma linha de continuidade ao curso e abre as portas para alterações com embasamento e visão de melhores práticas.

Para que essa linha seja atingida, é essencial que o Projeto seja claro, considere o cenário em que a graduação está inserida e as projeções em que ela está embasada. Assim, futuros coordenadores e docentes terão acesso aos registros de forma produtiva.

Tanto para novas IESs quanto para criação de novas graduações e reestruturação curricular, é necessário apresentar o PPC junto ao MEC. Nele deve constar:

  1. Justificativa para oferta do curso: incluindo demandas sociais e da IES
  2. Estrutura das atividades obrigatórias, da pesquisa e da extensão: aqui incluem-se grades horárias, modalidade de ensino, componentes obrigatórios e extracurriculares
  3. Metodologias de avaliação: para alunos, para curso e para docentes, visando a manutenção de um sistema produtivo de aprendizagem
  4. Infraestrutura do espaço e de docentes: recursos tecnológicos, estruturais, de conhecimento e financeiros para a criação do curso
  5. Fundamentação legal para criação do curso: incluindo histórico e projeto pedagógico da IES, além de políticas de promoção de acessibilidade ao ensino superior
  6. Duração: períodos letivos, duração mínima e máxima do curso
  7. Referências: bibliografia relacionada ao curso e disponibilidade do conteúdo para os alunos
  8. Gestão: indicação de equipe administrativa, coordenadora e docente qualificada ao curso
  9. Flexibilização: em cursos que haja flexibilização da grade curricular, o projeto deve contemplar as possibilidades de acordo com as diretrizes pedagógicas

Em resumo, é necessário apresentar o porquê do curso ser criado, quem deve coordená-lo, qual a melhor forma de atingir os objetivos e como a instituição vai trabalhar para garantir que a aprendizagem seja efetiva, inclusiva e relevante para o mundo contemporâneo.

As dimensões do Projeto Pedagógico do curso

As características presentes no PPC, contemplam um conjunto de dimensões fundamentais para a da qualidade do curso ofertado pela IES, são elas: 

  1. Concepção do Curso.
  2. Estrutura do Curso
  3. Procedimentos de avaliação dos processos de ensino e aprendizagem e do curso. 
  4. Instrumentos normativos de apoio

1. Concepção do Curso

Esta dimensão deve abranger aspectos relacionados a contextualização, os objetivos e as referências epistemológicas do curso. A contextualização trata-se das condições de oferta de vagas, a relevância e a demanda, além de sua inserção regional e nacional.

A Proposta Conceitual ainda deve prever, também, o perfil do estudante, levando em consideração as atitudes, habilidades e competências que devem ser adquiridas para a sua atuação no âmbito profissional, em acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Superior e com as diretrizes da instituição previstas no PPI. 

Nos cursos que contemplam a modalidade a distância é fundamental que haja correlação entre os princípios gerais estabelecidos no Projeto Pedagógico do curso, principalmente no que tange a relação de ensino-aprendizagem entre professor e aluno.

2. Estrutura do Curso 

Esta dimensão estabelece que o Projeto Pedagógico do curso deve estar de acordo com as diretrizes curriculares que estão em vigor na IES. A elaboração do currículo deve ser feita  sob a perspectiva dos conhecimentos que devem ser adquiridos em um período de tempo limitado. 

Currículo

As atividades acadêmicas curriculares podem ser, obrigatórias ou optativas. Sendo as optativas são aquelas que possuem o objetivo de complementar, ampliar, aprofundar ou atualizar a formação do estudante.

Corpo Docente e Técnico-Administrativo

 A especificação do corpo docente é um importante componente do Projeto do Curso, é através dela que se torna possível dimensionar a consistência do processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, é fundamental que  se evidencie a adequação do corpo docente à proposta de desenvolvimento do Projeto Pedagógico

No caso de ensino a distância (EAD) deve-se evidenciar os mecanismos de interação entre discentes e docentes. Já os técnicos administrativos deverão ser apresentados em número suficiente para dar suporte ao pleno desenvolvimento das atividades acadêmicas do curso. 

Infraestrutura

O Projeto Pedagógico deve mencionar todos os recursos materiais disponíveis  nas unidades envolvidas com o curso e, também os recursos que ainda serão adquiridos a fim de garantir a execução do projeto de formação e educação da graduação. 

Além da relação entre o currículo, práticas pedagógicas e os recursos disponíveis, como salas de aula, laboratórios, biblioteca, sala de estudos, entre outros. É muito importante que se especifique a relação entre o número de alunos, o espaço físico necessário e os equipamentos operacionais usados em sala de aula.


Leia também: Compreenda a infraestrutura educacional e como ela influencia no aprendizado em sua IES

3. Procedimentos de Avaliação

É fundamental que todos os processos de avaliação do ensino e aprendizagem estejam em consonância com a concepção do curso. Assim como a institucionalização de procedimentos de auto-avaliação do curso, contando com a participação de colegiados, corpo docente e  corpo discente. 

A regularidade das avaliações também é muito importante, pois os resultados servem para nortear o planejamento de ações de melhoria do curso. No caso de EAD, é preciso considerar, também, a avaliação do material didático, dos recursos tecnológicos e do sistema de acompanhamento dos alunos.

4. Instrumentos Normativos de Apoio

Os cursos de graduação contam com um regulamento específico. Assim, para cada campo do conhecimento são definidas as instâncias que consolidam os instrumentos de gestão acadêmica e administrativa do curso. 

Os instrumentos normativos são pensados de acordo com o Estatuto, o Regimento Geral e as Normas referentes à Graduação. Devem estar previstos no Regulamento do curso diversos elementos, como: 

  • a composição do Colegiado de Curso; 
  • as formas de gestão do curso; 
  • os critérios para a concessão de continuidade de estudos, nos cursos que ofereçam mais de uma modalidade, habilitação ou ênfase;
  • os critérios para concessão e priorização dos pedidos de mudança de turno, rematrícula, transferência e obtenção de novo título;
  • os procedimentos para a matrícula em atividades acadêmicas curriculares obrigatórias, optativas, de formação complementar ou formação livre, bem como extracurriculares e isoladas; 
  • os critérios para a avaliação de pedidos de mobilidade estudantil e intercâmbio cultural; 
  • as formas de acompanhamento e avaliação permanente das atividades do curso; e
  • o número mínimo e máximo de créditos de atividades acadêmicas curriculares em que o aluno poderá matricular-se, bem como os critérios para avaliação dos pedidos de trancamento total e parcial.

Quais são as vantagens de um PPC bem planejado?

Além de servir como justificativa e base para a concepção de um curso de graduação, o Projeto Pedagógico de Curso funciona como uma forma de diferenciá-lo de outras opções.

Para captação e retenção de alunos, um curso alinhado a seu propósito educacional durante toda a formação é fundamental. Além disso, com acesso às informações sobre estrutura acadêmica, a IES atrai estudantes ideais, determinados a usufruir das diferentes possibilidades que a graduação oferece.

Por exemplo, matrizes curriculares mais teóricas podem atrair alunos que estejam voltados ao ambiente acadêmico, de pesquisa e docência. Prepará-los para pós-graduação deve, então, também ser parte do projeto e das competências formativas.

Já um projeto mais voltado ao mercado contempla atividades como palestras, empresas juniores, intercâmbios, estágios profissionais, disciplinas optativas práticas, aprendizagem baseada em projetos, entre outros componentes curriculares.

Quando é necessário reestruturar o Projeto Pedagógico de Curso?

Há situações em que alterar o Projeto Pedagógico de Curso pode ser necessário. Nesse sentido, a renovação parcial de membros do núcleo docente estruturante visa acrescentar profissionais qualificados, com novas ideias e vivências, para a elaboração da identidade daquele curso.

A partir de identificadores como demandas socioeconômicas, relatos e egressos, influência do mercado de trabalho, perfil dos ingressantes e outros fatores, os membros do núcleo podem julgar necessárias alterações ao projeto.

Por exemplo, um curso pode passar a exigir estágios supervisionados porque o mercado de trabalho sinalizou uma necessidade de egressos com essa competência. Da mesma forma, demandas sociais levam à criação de diferentes disciplinas, que podem vir a fazer parte de grades curriculares e linhas de pesquisa. 

O documento original, portanto, funciona como registro da proposta de concepção e as alterações do curso devem ter em mente as deliberações originais, a justificativa para a criação da graduação. 

A partir dela e de recursos como avaliação diagnóstica, o núcleo nota o que está e o que não está alinhado à proposta e analisa as melhores intervenções a serem feitas com objetivo de melhorar o curso e resolver potenciais problemas.

Esperamos que nosso artigo tenha te ajudado a entender melhor a importância e como elaborar o Projeto Pedagógico de Curso! Aproveite para saber mais, também, sobre como funciona a avaliação do MEC.