Por quê as ondas quebram da esquerda para a direita

- Foi inédito esse swell, todo mundo se surpreendeu, fazia uns 10 anos que não tinha um swell dessa magnitude de tamanho. Ainda mais que estávamos em lua cheia, então intensificou a amplitude das ondas, aumentou bem o tamanho delas - disse Kauli.

Kauli Seadi surfa inédita esquerda na Urca do Minhoto — Foto: Victor Dutra

- O plano era até fazer um velejo de wind, mas o vento não entrou. Estava perfeito para tow-in, tivemos ajuda de jetski, tinham menos surfistas, então dava para entrar puxado pelo jet e pegar umas ondas muito cavadas, nível Jaws, Hawaii, Taiti. Pedro Callado, Fabinho Gouveia, esses caras que estão na elite do surfe de ondas grandes disseram que a onda tem um potencial extraordinário.

- É um lugar bem único, é uma onda diferenciada, porque não quebra na beira da praia. O mar por aqui é muito raso no nosso litoral, isso quebra um pouco o swell, tira a força dele. Lá, com essas condições, conseguimos ter uma onda dessas. É uma descoberta incrível esse pico - disse.

Danilo Costa na Urca do Minhoto — Foto: Alexandre Alessy/ Marcolini Filmes/Diego Noronha

- Conheci a Urca em 2012, surfei lá em 2013 também. Peguei algumas vezes bem legal, mas nunca tão perfeito como dessa vez. É muito exposta, uma laje no meio do oceano, qualquer vento já mexe bastante nela, então é bem difícil chegar nesse nível de perfeição. Dessa vez coincidiu do swell vir sem vento e chegar num horário bom, na maré certa, para a onda ficar bem tubular - explica.

Fabio Gouveia na Urca do Minhoto — Foto: Alexandre Alessy/ Marcolini Filmes/Diego Noronha

- Deu tudo certo, foram dois dias magníficos, um na sexta e outro no sábado, coisa linda. Não acontece sempre, mas é bem especial. Requer uma logística, é uma missão, mas quem acreditar na trip vai ter uma bela recompensa. Dois dias de mar "azeite", lindo - finalizou.

Ademir Calunga na Urca do Minhoto no Rio Grande do Norte — Foto: Alexandre Alessy/ Marcolini Filmes/Diego Noronha

Um dos maiores nomes de ondas grandes do país, Pedro Calado esteve nos dois dias do swell e foi muito bem recompensado.

- Olhando essa foto, até parece que estou em algum pico da Indonésia, Taiti ou até mesmo no Hawaii...

Pedro Calado surfa montanha de água na Urca do Minhoto — Foto: Alexandre Alessy/ Marcolini Filmes/Diego Noronha

Pedro Calado coloca para dentro na Urca do Minhoto — Foto: Alexandre Alessy/ Marcolini Filmes/Diego Noronha

Pedro Calado sai de um tubo largo na Urca do Minhoto — Foto: Alexandre Alessy/ Marcolini Filmes/Diego Noronha

"É um espetaculo da mãe natureza"

A plasticidade da onda impressionou quem estava lá para fazer os registros. O fotógrafo Victor Dutra comentou a experiência única na Urca do Minhoto

- É um espetaculo da mãe natureza. A Urca do minhoto é uma das melhores ondas grandes no Brasil, sua formação é bem parecida com Jaws no Havaí. Encotramos água quente e cristalina com ondas perfeitas de 8 a 12 pés - afirma, lembrando das dificuldades para chegar até o pico.

Francisco Ohana na Urca do Minhoto — Foto: Victor Dutra

- A primeira dificuldade é chegar até lá. Foi através de pescadores e mergulhadores que conseguimos chegar até a bancada. O Daniel Dantas é um grande amigo, surfista e caçador de ondas grandes. Ele foi até Guamaré em busca dessa onda e conheceu o Mario da Urca, nativo e que conhece muito bem a bancada. Ele nos deu todo suporte para que conseguíssemos chegar até lá e fotografar todo pontecial da onda - revela.

Fabinho Gouveia Urca do Minhoto — Foto: Victor Dutra

'Exigiu o máximo do meu preparo físico e mental"

- A experiência na Urca do Minhoto foi única, um momento glorioso entre profissionais de alto nível e ondas de muita qualidade no nosso litoral brasileiro. Eu consegui chegar no canal com uma câmera e registrar momentos dos atletas no pico, cheguei ao ápice da alegria por esse momento de imagens raras em um lugar que exigiu o máximo do meu preparo físico e mental. Agradeço a todos os presentes nesse dia que ficou para história - disse Alexandre Alessy.

Aldemir Calunga na Urca do Minhoto — Foto: Victor Dutra

- As dificuldades dos registros são superadas quando chegamos no pico, mas nem tudo são flores. Para chegarmos na Urca do Minhoto tem alguns obstáculos a serem superados, a viagem é feita de barco, umas três horas. Venta muito e balança muito. Até quem está acostumado passa mal - conta Diego Noronha.

Rodrigo Resende na Urca do Minhoto — Foto: Victor Dutra

- As imagens são de entusiasmar. Ter uma onda dessas no Brasil, comparável aos grandes picos no mundo, é incrível. Muita gente que teria que desembolsar uma grande quantia para viajar pelo mundo pode conseguir surfar ondas perfeitas aqui, no Rio Grande do Norte, no Brasil - acredita.

Douglas Silva na Urca do Minhoto — Foto: Victor Dutra

Porque as ondas se quebram?

Como as ondas se quebram? Uma onda quebra-se quando seu ponto mais alto choca-se com a areia, já próximo à costa. Isso ocorre graças à diminuição de sua velocidade, gerada pela refração e pela difração, fenômeno ondulatório relacionado à capacidade das ondas de contornar obstáculos.

Como saber pra que lado a onda vai quebrar?

Veja a linha do horizonte:.
Quando uma série de ondas estiver surgindo, compare a linha do horizonte com o ângulo da onda;.
Identifique o ponto mais alto (pico) da onda;.
O lado com a maior inclinação ou ângulo indica onde a onda se romperá;.
A direção em que a onda quebra é a direção em que deve ser surfada;.

Como se chama quando a onda quebra?

Arrebentação é a parte do mar onde as ondas quebram com mais frequência, geralmente onde tem um banco de areia ou recife de coral. Costuma ser a parte mais difícil de varar quando se entra no mar para surfar, porque geralmente você precisa passar da arrebentação pra chegar no pico.

Como saber se a onda e esquerda ou direita?

As ondas que vierem lá de dentro quebrando à sua esquerda e caminhando pra sua direita, são as ondas direitas. Ou seja, quando a onda caminha pro teu lado direito, ela é direita. Mas se ela vier lá de dentro e, quando passar por você, passar pela sua esquerda, é uma onda esquerda.