Quais as principais diferenças entre as igrejas luteranas e calvinistas?

Quais as principais diferenças entre as igrejas luteranas e calvinistas?

No Brasil, quase toda vez que a imprensa fala sobre luteranos, se cita apenas “Igreja Luterana” em suas reportagens, como se os luteranos fizessem parte de uma mesma denominação, como é o caso de católicos e ortodoxos, o que não é verdade. Mesmo quando citam países, como “Igreja Luterana da Suécia”, “Igreja Luterana da Alemanha”, etc, fazem uma generalização distante da realidade. Na minha página do Facebook, a Lutero Reflexivo, resolvi esclarecer diferenças entre as denominações luteranas e tive o apoio com sugestões e correções de irmãos que tornaram meu texto mais simples e conciso sobre o assunto. Acompanhe comigo para conhecer um pouco das diferenças entre a igrejas luteranas pelo mundo.

Nos países nórdicos (Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia, Finlândia), onde o luteranismo é a principal religião local, existem as igrejas principais, que se relacionam de alguma forma com o Estado, sejam unidas diretamente com o governo daqueles países, seja de de forma indireta, por terem sido igrejas estatais num passado recente. Na Alemanha também, a principal denominação luterana do país, a Evangelische Kirche in Deutschland, conhecida como EKD, que concentra não só luteranos como reformados juntos, também há uma relação próxima com o Estado. Por isso são consideradas as igrejas principais de seus países, por terem alguma relação com os governos de seus países e terem seus ritos como batismo, casamento, etc, reconhecidos por esses governos, são também as mais numerosas nesses países. Porém não são as únicas, existem outras igrejas separadas das igrejas principais e, mesmo dentro das denominações principais, existem grupos com diferentes pontos de vista e o que a imprensa noticia como sendo uma determinação da denominação, muitas vezes se trata apenas de um entendimento ou determinação de uma igreja local, não de toda a denominação.

Recentemente, durante as comemorações dos 500 anos da Reforma Luterana, a imprensa ventilou notícias de uma agenda teologicamente liberal, como a realização de casamento entre pessoas do mesmo sexo, na igreja luterana alemã. Muitos entenderam como se todos os luteranos estivessem debaixo da liderança da EKD, quando não é verdade, pois a EKD se trata de uma denominação que funciona como uma “convenção” de cristãos de diferentes credos.

Vou usar o caso da EKD e das duas principais igrejas luteranas brasileiras como exemplo para explicar as diferenças entre as igrejas luteranas.

A EKD (Evangelische Kirche in Deutschland – Igreja Evangélica na Alemanha) foi fundada em 1933, sob uma forte aspiração de união muito presente na sociedade alemã da época, quando o nacionalismo era muito forte, porém muitos também remontam suas origens para cerca de um século antes, na união prussiana do século 19, quando um príncipe da Prússia (hoje Alemanha), que era reformado (calvinista), resolveu unir as igrejas Luterana e Reformada (calvinistas e zuinglianos) numa igreja só.

Essa união antiga na Prússia não foi aceita por muitos luteranos, que mantiveram paróquias independentes das determinações do Estado, muitos também foram perseguidos por manter sua fé luterana sem interferências reformadas e fugiram para outros países, mantendo a crença nas confissões da Igreja Luterana do século 16, reunidas no Livro de Concórdia, como expressão de fé, sem aceitar a união obrigatória com reformados de uma crença diferente, também rejeitando o método histórico crítico de interpretação da Bíblia, vigente na época nos seminários mantidos pelo Estado e incentivada em paróquias locais. Essa união entre luteranos e reformados moldou o cristianismo protestante alemão e muitos apontam que foi isso que culminou mais tarde na formação da EKD, tanto que muitos colocam a origem da EKD para essa época do século 19.

Muitos luteranos do século 19, que saíram da Alemanha e não concordaram com a união prussiana de igrejas, formaram nos EUA a LCMS (Lutheran Church Missouri Synod), que é a maior Igreja Luterana confessional no mundo hoje em número de membros (é maior igreja luterana CONFESSIONAL, não o maior grupo de luteranos do mundo, que são os luteranos filiados à EKD). Aqui no Brasil temos a IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil) como grande sínodo confessional, formada também por alemães e brasileiros em contato com a LCMS, no começo do século 20, que discordaram da união com reformados e do método histórico-crítico de interpretação da Bíblia. A IELB, portanto, adota todo o Livro de Concórdia como confissão de fé e oficialmente adota o método histórico-gramatical de interpretação da bíblia. Dentro da EKD e da Federação Luterana Mundial – FLM ainda existem luteranos que mantêm o livro de Concórdia como confissão de fé, existem outros teologicamente conservadores que adotam a Confissão de Augsburgo e outras confissões, ainda que não o Livro de Concórdia inteiramente,

No mundo inteiro o luteranismo confessional se tornou uma vertente importante do luteranismo mundial e um grupo de trabalho conjunto e união fraternal foi estabelecido, o Concílio Luterano Internacional (ICL – na sigla em inglês), ao qual a IELB e a LCMS são filiadas, e se tornou o segundo maior grupo de igrejas luteranas no mundo, atrás da FLM.  A FLM – Federação Luterana Mundial, a qual a IECLB e a EKD são filiadas, é o maior grupo de denominações luteranas no mundo, aberta a luteranos de diferentes variações, liberais, conservadores, carismáticos, pietistas, etc, porém muitos luteranos confessionais não concordam com essa abertura teológica da FLM e não são filiados a ela, permanecendo apenas no Concílio Luterano Internacional, como é o caso da IELB e da LCMS.

O entendimento dos luteranos confessionais ligados ao Concílio Luterano Internacional – CLI sobre o ecumenismo é diferente dos abertamente ecumênicos, como é o caso da maioria ligada à FLM. Por exemplo, a declaração conjunta entre luteranos e católicos romanos sobre a justificação pela fé, de 1999, foi feita pela FLM e não é assinada nem endossada pelo CLI. Os luteranos confessionais aceitam o diálogo ecumênico com outras denominações cristãs e a troca de amizade e informações, porém não abrem mão de suas doutrinas registradas no livro de Concórdia em nome de uma união formal ou informal com outras denominações cristãs

Aqui no Brasil aconteceu um processo de união diferente do que aconteceu na Alemanha. Existiam aqui grupos, sínodos e paróquias luteranos ligados à Igreja estatal alemã, que também congregavam os reformados alemães. Com isso, havia aqui no Brasil alemães que emigraram para cá e eram de fé luterana, reformada e aqui se mantiveram unidos, congregando juntos também nas mesmas paróquias e sínodos. Porém, com o tempo, estes sínodos se reuniram na que é hoje a maior denominação luterana no Brasil, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e adotaram apenas a confessionalidade luterana como expressão de fé. Não adotaram todo o livro de concórdia, como a IELB adotou, porém a confessionalidade luterana está na adoção da Confissão de Augsburgo e no Catecismo Menor de Lutero como símbolos de fé[1]. A IECLB aceita o método histórico-crítico de interpretação das Escrituras, porém não é uma unanimidade na denominação a adesão a este método, a denominação acabou se tornando aberta para movimentos luteranos diferentes dentro dela, como pietistas, evangelicais e se tornou uma denominação aberta à diversidade luterana e ao diálogo ecumênico.

A IECLB é parecida com a EKD em muitos aspectos e está em comunhão com ela via FLM, porém é uma denominação estritamente luterana, apesar de ser uma denominação abertamente ecumênica e estar em comunhão com cristãos de outras denominações. Mesmo assim, a IECLB não é de caráter “unida”, ou seja, está em comunhão, mas não em união com cristãos de outras vertentes. A IECLB também é autônoma e também não está sob a direção da EKD.

Mais tarde, na década de 1930, a Evangelische Kirche in Deutschland – EKD também se envolveu em polêmicas em certas atividades e doutrinas durante o período do governo nazista, que sofreu resistência da parte de cristãos como Bonhoeffer, que criou um movimento luterano chamado “Igreja Confessante”, que não era confessional igual os luteranos dissidentes dos século 19, mas pretendia manter a liberdade doutrinária contra a forte intervenção estatal na Igreja, na época. Hoje a EKD ainda se trata de uma Igreja estatal, envolta em polêmicas, aberta tanto para liberais como mais conservadores teologicamente, aceitando movimentos diferentes dentro dela.

A EKD, portanto, não representa plenamente o luteranismo mundial, mas em muitas decisões representa apenas a si mesma, pois não congrega apenas luteranos, mas também reformados e “unidos”[2]. Nem a EKD congrega apenas uma tendência teológica, seja conservadora ou liberal, mas tendências diferentes.

Não estou dizendo aqui que EKD, IELB, LCMS, IECLB, etc, não são igrejas luteranas de verdade, nem quero trazer nenhum tipo de julgamento doutrinário ou espiritual sobre qualquer grupo luterano, não tenho esse gabarito, nem essa pretensão, estou apenas fazendo alguns esclarecimentos, para alertar sobre certos erros que a imprensa brasileira tem usado em suas reportagens para falar de luteranos, esclarecendo que a opinião de um luterano ou a posição de uma igreja luterana, não é necessariamente a mesma opinião de todos os luteranos, mas cada luterano e cada denominação luterana tem suas próprias posições doutrinárias sobre qualquer assunto.

As denominações luteranas pelo mundo são independentes entre si, não existe uma “Sé” luterana, algo parecido com um “Vaticano”, ou algo assim, mas são livres e autônomas para tomar suas decisões locais.

Mesmo assim as Igrejas Luteranas são congregadas em duas organizações de interação e comunhão entre denominações, como falei acima. A FLM (Federação Luterana Mundial), que é aberta a qualquer igreja luterana que queira fazer parte, o CLI (Concílio Luterano Internacional, ou ILC – International Lutheran Council), que aceita como denominações membros apenas Igrejas Luteranas Confessionais e essas organizações têm diferenças entre elas.

O luteranismo mundial não é uniforme, ou seja, as igrejas luteranas não estão sob a liderança da EKD, como alguns veículos de imprensa no Brasil dão a entender, nem mesmo a FLM e a ILC sao organizações que mandam em suas igrejas membro, mas cada igreja luterana tem sua própria administração e decisões sobre questões doutrinárias.

Sendo assim, quando vocês lerem ou assistirem algo sobre a Igreja Luterana, tenham em mente que se está falando sobre uma Igreja Luterana específica, não sobre todas as igrejas luteranas no mundo.

Notas do autor:
1. O livro de Concórdia não é rejeitado, mas somente a Confissão de Augsburgo e o Catecismo Menor de Lutero, presentes também no Livro de Concória, são as expressões de fé luterana da IECLB.

2. São chamados de “unidos” os cristãos que levaram mais a fundo a união proposta no século 19 e resolvem se unir definitivamente em doutrinas que deixem as diferenças entre luteranos e reformados para trás e só fiquem com o que tiverem em comum, ou que um ou ambos os lados abra mão de certas doutrinas antigas em nome desta união

Quais são as principais diferenças entre as igrejas luterana e calvinista?

A principal diferença está na salvação. Enquanto os luteranos acreditam que a fé e as boas obras do fiel os conduzem à salvação, os calvinistas consideram a salvação como algo já consumado e definido por Deus antes da criação do mundo.

Qual a diferença entre as Igrejas Luteranas?

Os luteranos dedicam o domingo para irem à igreja. Dos sete sacramentos pregados pelos católicos, praticam a Comunhão, bem como o Batismo. Distinguem-se dos católicos, também, pelo fato de não reconhecer a autoridade do papa.

Quais as principais diferenças e semelhanças entre o luteranismo calvinismo e anglicanismo?

Entre as semelhanças podemos citar que tanto o luteranismo quanto o calvinismo eram movimentos religiosos críticos da Igreja Católica, de modo que representavam interpretações da religião cristã alternativas ao credo estabelecido por Roma, sendo duas das principais representantes da chamada Reforma Protestante.

Quais são as principais características do luteranismo?

Os luteranos acreditam que a salvação é alcançada mediante as atitudes das pessoas somado à paixão e morte de Cristo em expiação dos pecados dos homens. A crença luterana acredita que a Bíblia é a palavra de Deus e que a mesma deve ser lida e interpretada por todos. Os luteranos dedicam o domingo para irem à igreja.