Quais são os componentes do tecido conjuntivo e a função de cada um deles?

Pós-Doutorado Ciências Biológicas (UNESP, 2013)
Doutorado em Ciências Biológicas (UNESP, 2009)
Graduação em Ciências Biológicas (UNESP, 2005)

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O tecido conjuntivo, ao contrário dos outros tipos de tecidos histológicos encontrados no organismo, tem como principal componente estrutural a matriz extracelular e tem como funções dar forma e auxiliar na estrutura do corpo conectando células e órgãos e dando suporte às diferentes partes do corpo.

A matriz extracelular é formada pela substância fundamental e diferentes combinações de proteínas fibrosas, que podem ser colágenas, elásticas ou reticulares. Dependendo do tipo de proteína encontrada na matriz, ela pode ter propriedades distintas podendo assumir maior rigidez ou flexibilidade.

A substância fundamental é formada por um complexo viscoso e hidrofílico, formado por glicosaminoglicanos, proteoglicanos, e glicoproteínas multiadesivas como a lamina e a fibronectina. É a diferente concentração destas moléculas e a maneira com que interagem com a superfície celular que define as características da matriz extracelular, promovendo a união dos tecidos e conferindo força tênsil e rigidez à matriz.

Além de possuir função estrutural, o tecido conjuntivo desempenha importantes papéis na reserva de fatores de crescimento que controlam a proliferação e diferenciação celular. A matriz do tecido conjuntivo serve como meio de troca de nutrientes e catabólicos entre as células e os vasos sanguíneos.

O tecido conjuntivo é formado por diferentes tipos celulares: fibroblastos, macrófagos, mastócitos, plasmócitos, células adiposas e leucócitos. Muitas células habitantes do tecido são originadas nele mesmo, enquanto outras como os macrófagos e leucócitos, por exemplo, migram de outras regiões para o conjuntivo.

Como dito anteriormente, o tecido conjuntivo é rico em fibras formadas por proteínas que se polimerizam formando estruturas muito alongadas. Três tipos diferentes de fibras são sintetizados pelo tecido conjuntivo: as fibras colágenas, as reticulares e as elásticas. As fibras colágenas e reticulares são formadas pela proteína colágena e as fibras elásticas pela proteína elastina.

Classificação

De acordo com as diferentes características da composição de suas células e na proporção relativa entre os elementos da matriz extracelular, o tecido conjuntivo recebe diferentes nomes. O tecido conjuntivo pode ser classificado em tecido conjuntivo propriamente dito (frouxo e denso), tecido conjuntivo de propriedades especiais (adiposo, elástico, mucoso, reticular ou hematopoiético) e tecido conjuntivo de sustentação (ósseo e cartilaginoso).

O tecido adiposo é formado pelas células adiposas, também conhecidas como adipócitos. Ele é responsável pela modelação da superfície corporal, reserva de energia na forma de gordura e isolante térmico.

O tecido conjuntivo propriamente dito é o menos especializado. Entre as suas funções estão a de preencher os espaços entre os demais tecidos e garantir a nutrição deles através de seus vasos sanguíneos.

O tecido cartilaginoso tem a matriz extracelular principalmente constituída de fibras de colágeno e mucopolissacarídeo. Tem como função dar sustentação, amortecer impactos e prevenir desgastes entre os ossos, além de auxiliar no crescimento ósseo.

O tecido ósseo é o mais rígido dos tecidos conjuntivos e é formado por uma matriz composta de sais inorgânicos, principalmente o fosfato de cálcio, que se deposita ao redor das fibras de colágeno.

Bibliografia:
Histologia básica I L.C.Junqueira e José Carneiro. - [12 . ed]. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
Abraham L. Kierszenbaum. Histologia e Biologia celular, Uma introdução à patologia. 3ª edição. Elsevier, 2012

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/tecido-conjuntivo/

O tecido conjuntivo é caracterizado por conter muita matriz extracelular, além de diversos tipos celulares que exercem funções importantíssimas para o bom funcionamento do corpo.

A principal função do tecido conjuntivo é de unir tecidos, servindo de sustentação e preenchimento para o corpo. As diferenças em sua matriz extracelular nos tecidos conjuntivos especializados faz com que seja capaz de absorver impactos, resistir à tração ou ter elasticidade. Pode ser especializado em armazenar gordura, que é utilizada na produção de energia ou calor, ou em armazenar íons como o potássio e o cálcio. Ele é ainda responsável pela defesa do organismo, pela coagulação sanguínea, pela cicatrização e pelo transporte de gases, nutrientes e catabólitos de reações.

CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO

As células que formam o tecido conjuntivo propriamente dito podem ter origens distintas, algumas são formadas no próprio tecido, e outras ficam temporariamente.

Os fibroblastos e os fibrócitos são células que são formadas por células indiferenciadas mesenquimais. Ambas as células participam da síntese da matriz do tecido, que é formado por parte amorfa e a parte fibrosa. O sufixo diz respeito à capacidade de síntese desses tipos celulares, no qual o sufixo “ócito” remete a células em senescência, enquanto o sufixo “blasto” remete a células com intensa atividade metabólica.

Os macrófagos são células originadas nas linhagens sanguíneas, no tecido hematopoiético. Na verdade, são formadas como células mononucleares chamadas de monócitos, circulantes no sangue. Quando necessário sua presença no tecido conjuntivo, essas células saem por diapedese da circulação passando por transformações citológicas intensas tornando-se células altamente especializadas à fagocitose e pinocitose, participando da defesa do corpo, digerindo impurezas dos tecidos. Eles secretam colagenase, elastase e enzimas que degradam glicosaminoglicanos, facilitando a migração pela matriz extracelular. Liberam ainda lisozima, que destrói a parede das bactérias.

Os mastócitos, são células originadas nas linhagens sanguíneas, no tecido hematopoiético. Quando formados, são liberados na corrente sanguínea os quais atravessam as paredes dos vasos sanguíneos, se modificam e se tornam metabolicamente ativos no tecido conjuntivo. São células grandes, contendo grande quantidade de grânulos (heparina e histamina) que apresentam funções importantíssima nas sinalizações de reações alérgicas, vasodilatadores e inflamatórias. São abundantes nas mucosas dérmicas, nos tratos respiratório e digestório.

Os plasmócitos são células originadas dos linfócitos B, uma célula da linhagem hematopoiética, que atravessa os vasos sanguíneos transformando-se em uma célula globosa grande. Seu citoplasma cora-se intensamente devido a riqueza de reticulo endoplasmático, que produz muitas imunoglobulinas (anticorpos) que participam da defesa contra invasões de patógenos, sendo responsáveis pela aquisição da imunidade. São distribuídos normalmente no tecido conjuntivo frouxo de mucosas.

MATRIZ EXTRACELULAR

A matriz extracelular é um arcabouço de moléculas que se situa no meio externo da célula. É composta por proteínas, carboidratos e moléculas que são produzidos pelas células e secretadas para o meio extracelular. Geralmente é formado por uma parte fibrosa, contendo fibras proteicas, e uma parte amorfa, a substância fundamental, formada por glicosaminoglicanos, proteoglicanos, proteínas multiadesivas e íons.

Fibras do Tecido Conjuntivo

As fibras colágenas são inelásticas e muito resistentes. Proporcionam ao tecido resistência à tração. Estão presentes, por exemplo, no tendão, na derme, na cápsula dos órgãos, na cartilagem fibrosa e no osso.

O colágeno é uma glicoproteína da matriz extracelular, composta de três cadeias polipeptídicas, enroladas em uma configuração helicoidal. A variação na sequência de aminoácidos dessas cadeias levou à descrição de 28 moléculas de colágeno, as quais se apresentam como moléculas individuais ou associadas em redes, fibrilas ou até fibras. As cadeias polipeptídicas são produzidas separadamente dentro da célula e exocitada para o meio externo, e só lá há a formação das fibrilas e fibras de colágeno. A vitamina C é necessária para a biossíntese da proteína do colágeno.

As fibras elásticas conferem elasticidade ao tecido. Estão presentes no mesentério, na derme, nos ligamentos elásticos, nas artérias, na cartilagem elástica, nos pulmões e na bexiga. São formadas pelas proteínas fibrilina e elastina. Podem ser encontradas de três tipos: oxitalânicas, elaunínicas e elástica, o qual a quantidade dessas proteínas variam na sua composição. As fibras oxitalânicas são constituídas por fibrilina que posteriormente sofre a deposição de elastina formando as fibras elaunínicas. A elastina continua sendo depositada até ocupar todo o centro da do feixe da fibrila formando as fibras elásticas, em que predomina elastina.

As fibras reticulares são formadas por um tipo de colágeno, mais precisamente o colágeno do tipo III. Estão presentes em diversas partes do corpo. A fibrila exibe o padrão de organização semelhante ao da fibrila de colágeno. As fibras reticulares constituem o arcabouço dos órgãos hematopoiéticos e linfoides, como a medula óssea, o baço, linfonodos e glândulas endócrinas. Compõem a lâmina reticular da membrana basal, adjacente à lâmina basal do epitélio, e formam uma delicada rede em torno das células adiposas, dos vasos sanguíneos, das fibras nervosas e das células musculares.

Substância Fundamental

              A substância fundamental é uma formada por moléculas altamente hidratadas (glicosaminoglicanos e proteoglicanos) e glicoproteínas multiadesivas. Ela preenche os espaços entre as células e as fibras do tecido conjuntivo. Além disso, é muito viscosa e atua como

lubrificante e como barreira à entrada de microrganismos invasores.

Os glicosaminoglicanos são macromoléculas lineares formadas por unidades de dissacarídios (geralmente ácido urônico e hexosamina). Os proteoglicanos possuem uma estrutura semelhante a uma escova de limpar tubos, sendo sua haste central representada pelo eixo proteico e as cerdas representam cadeias de glicosaminoglicanos.

As glicoproteínas são moléculas formadas por proteínas ligadas a cadeias de glicídios, mas ao contrário dos proteoglicanos, é o componente proteico que predomina nestas moléculas e o componente glicídico das glicoproteínas é frequentemente uma estrutura muito ramificada. As glicoproteínas do tecido conjuntivo desempenham um importante papel não somente na interação de células adjacentes nos tecidos embrionários e adultos, como também ajudam as células a aderirem aos seus substratos. A fibronectina  é uma glicoproteína sintetizada pelos fibroblastos e por algumas células epiteliais e apresenta sítios de ligação para células, colágeno e glicosaminoglicanos. Interações nesses locais ajudam a intermediar e a manter normais as migrações e adesões celulares. A laminina é outra glicoproteína de alta massa molecular que participa na adesão de células epiteliais à sua lâmina basal.

CLASSIFICAÇÃO

Tecido Conjuntivo Frouxo

O tecido conjuntivo frouxo (TCF) apresenta abundância em células e riqueza em matriz extracelular. Não há predomínio de qualquer dos componentes, mas sim homogeneidade nos seus componentes.

O TCF é encontrado abaixo de epitélios e exerce função de nutrição e sustentação dos mesmos. Também apresentam terminações nervosas e auxiliam na inervação dos outros tecidos. Por fim, o TCF é um tecido que resiste a pouca tração, porém é flexível e muito vascularizado. Dessa forma, auxiliam nas trocas gasosas e na distribuição dos nutrientes para os demais tecidos através dos vasos sanguíneos.

Tecido Conjuntivo Denso

O tecido conjuntivo denso (TCD) é formado pelos mesmos componentes observados no TCF. Entretanto, sua matriz extracelular apresenta uma predominância por fibras mais densas de colágeno, as células são esparsas e o principal tipo existente é o fibroblasto, produtor das fibras. O tecido é adaptado pra oferecer mais força à tração e resistência que o TCF.

Quando as fibras de colágenos são organizadas e orientadas em uma única direção o TCD é caracterizado como TECIDO CONJUNTIVO DENSO NÃO MODELADO (TCDNM). Devido à desorganização das fibras de colágeno, esse tecido é especializado em resistir a forças oriundas de qualquer direção. Ex.: na derme, em cápsulas de órgãos e na submucosa do sistema digestório.

Quando as fibras de colágeno são dispostas paralelamente uma a outra e aos fibroblastos (que são ainda mais esparsos e achatados que nos tecidos acima), ou seja, bem organizadas na mesma direção, o tecido é classificado como TECIDO CONJUNTIVO DENSO MODELADO (TCDM).  Devido a essa organização, esse tecido é especializado em oferecer o máximo de resistência a forças oriundas de uma única direção. Ex: tendões, e ligamentos.

Tecido Reticular

Este tecido é muito delicado e forma uma rede que suporta células de alguns órgãos. É constituído por fibras reticulares associadas a células reticulares (fibroblastos especializados). O tecido reticular fornece uma estrutura especial para órgãos linfoides e hematopoéticos (medula óssea, linfonodos e nódulos linfáticos, e baço). As células reticulares estão dispersas ao longo da matriz e cobrem parcialmente, com seus prolongamentos citoplasmáticos, as fibras reticulares e a substância fundamental. O resultado desse arranjo é a formação de uma estrutura trabeculada semelhante a uma esponja dentro da qual as células e os fluidos se movem livremente

Tecido Elástico

Como o nome já diz, é constituído principalmente pelas fibras elásticas que são secretadas pelos fibroblastos e fibrócitos, podendo ser formado também pelas células musculares lisas, nos vasos sanguíneos, formando membranas de fibras elásticas.  Confere elasticidade a ligamentos e às artérias, auxiliando na elasticidade das artérias. O tecido elástico se encontra nos ligamentos amarelos da coluna vertebral, no ligamento nucal do pescoço, no ligamento suspensor do pênis e nas artérias de grande calibre.

Referências Bibliográficas

CORMACK, D. H. Fundamentos de Histologia. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

JUNQUEIRA, L. C; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Histologia Básica - Texto & Atlas. 13ª edição. Guanabara Koogan, 2017.

Quais são os componentes do tecido conjuntivo e a função de cada um deles?

Resumo sobre tecido conjuntivo É caracterizado por uma grande variedade de células. Possui função de preenchimento, sustentação, defesa, armazenamento, transporte, entre outras. As células do tecido conjuntivo são: fibroblastos, plasmócitos, mastócitos, macrófagos, leucócitos e células adiposas.

Qual a função de cada tipo de tecido conjuntivo?

As fibras colágenas conferem força e flexibilidade aos tecidos, já as fibras reticulares atuam na união do tecido conjuntivo aos tecidos adjacentes. As fibras elásticas apresentam a proteína elastina em sua composição, conferindo aos tecidos uma maior elasticidade.

Quais são os componentes celulares do tecido conjuntivo?

As células presentes nos tecidos conjuntivos são: fibroblastos, macrófagos, mastócitos, plasmócitos, leucócitos, adipócitos, entre outras. Também, podem ser encontradas, no tecido conjuntivo, células mesenquimais.

Quais são os 3 componentes básicos do tecido conjuntivo frouxo?

Os três componentes do tecido conjuntivo são células, substância fundamental e fibras. A substância fundamental e as fibras compõem a matriz extracelular (MEC). A célula primária do tecido conjuntivo é o fibroblasto.