Qual a importância das bactérias para o ser humano e para o ambiente?

Qual a importância das bactérias para o ser humano e para o ambiente?
Por Juliana Souza
Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia.

Elas não são apenas vilãs!
Parte das bactérias conhecidas e estudadas produzem genes que codificam fatores de virulência, que fornecem a elas melhores mecanismos de invasão, infecção e produção de toxinas que alteram o metabolismo das células animais, gerando danos aos tecidos. Estes micro-organismos ganham entrada no corpo humano através das mucosas, da inalação, de lesões na pele, da utilização de próteses e de procedimentos hospitalares invasivos. Em casos mais graves, ao atingirem a corrente sanguínea, elas se disseminam rapidamente pelo organismo, podendo acometer inclusive o cérebro, os pulmões, o coração e outros órgãos, que têm, assim, o seu funcionamento gravemente prejudicado. Por essas e outras razões, quando se fala em bactérias no geral, a reação da maioria das pessoas é de repulsa. Contudo, este é um pensamento errôneo! O ser humano não fica doente a todo momento, e isso se deve não somente à ação direta do sistema imune, como também à presença da microbiota residente. Este termo se refere à grande população fixa de micro-organismos (principalmente bactérias) presente em determinados locais do organismo animal, como pele, mucosas e trato digestivo.

A microbiota residente
O homem é composto por mais células procarióticas do que eucarióticas (cerca de cem vezes mais) por conta da presença da microbiota. Esta é adquirida no momento do nascimento por parto normal, em que o bebê recebe as bactérias da microbiota do canal vaginal da mãe. A partir daí, ele passa a entrar em contato com o ambiente externo, recebendo bactérias presentes no local do nascimento e também através do contato com médicos, enfermeiros e, principalmente, com seus pais. Bebês que nascem por parto cesariano adquirem primeiramente as bactérias do ambiente hospitalar, perdendo a então a sua primeira e mais importante forma de proteção, já que esta pode protegê-los mais eficientemente contra uma possível invasão de micro-organismos virulentos com a formação dessa “capa” bacteriana sobre o corpo do recém-nascido, principalmente pelo fato de bebês não possuírem ainda o sistema imune desenvolvido. As bactérias, então, se aderem aos órgãos e vão aumentando em número e em diversidade. Com isso, a microbiota residente vai sendo estabelecida e modificada, de acordo com o crescimento da criança.
A microbiota é pessoal: cada indivíduo possui um aporte distinto de bactérias. Ela tem extrema importância por ocupar todo o espaço que poderia ser tomado por bactérias e outros micro-organismos virulentos e produzir substâncias microbicidas, impedindo a adesão e a colonização dos patógenos no hospedeiro. Além disso, a microbiota estimula a ativação do sistema imune para que o número dessas bactérias se mantenha sob controle e, no trato intestinal, ajuda na metabolização de nutrientes obtidos na alimentação, para que sejam absorvidos e bem aproveitados pelo organismo.
A microbiota, principalmente a intestinal, pode sofrer desequilíbrios, por exemplo, na administração de antibióticos e em casos de imunossupressão. Nesses casos, a ingestão de alimentos probióticos auxilia na reposição dessas bactérias, como o leite fermentado. Estes vão repor a microbiota, fornecendo uma proteção temporária ao trato intestinal até que as fixas consigam novamente se proliferar e atingir a quantidade ideal.
Concluindo, o ser humano é habitado por bactérias desde os seus primeiros segundos de vida, mesmo sem estar doente, e este fato comprova, então, que as bactérias são fundamentais para o equilíbrio do nosso organismo, principalmente para o sistema digestivo.

Referências:
http://www.humanasaude.com.br/noticias/bacterias-sao-fundamentais-para-equilibrio-do-corpo,17158
http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/bacterias_placentarias_poderiam_moldar_a_saude_humana.html
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/a-cura-pelas-bacterias
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgGqEAK/fatores-virulencia-toxinas
http://www.icb.usp.br/bmm/mariojac/arquivos/Aulas/Microbiota_residente.pdf

Muitas pessoas acreditam que as bactérias não servem para nada, ou melhor, que só nos causam diversas doenças. Mas isto está longe de ser verdade - felizmente! De fato, algumas bactérias provocam doenças. Outras, no entanto, são amplamente exploradas para melhorar nossa qualidade de vida, em diversos aspectos: quanto à nossa alimentação, na produção de insulina, nos tratamentos de beleza, no ambiente etc. Vamos ver como isso ocorre?

Para começar, quanto à nossa alimentação, as bactérias são amplamente utilizadas para a fabricação de iogurtes, por exemplo. Você certamente já ouviu falar em lactobacilos vivos, que estão presentes num produto de marca famosa. Mas de que modo as bactérias atuam no iogurte? Bem, elas transformam o açúcar contido no leite (lactose) em ácido láctico.

Desse modo, o leite torna-se azedo, mudando assim o seu pH. Isso faz com que a proteína do leite se precipite, formando o "coalho". Mas, em matéria de alimentação, além das bactérias que atuam no leite, há também aquelas que modificam o álcool etílico em ácido acético, formando o vinagre, que tempera saladas e diversos pratos.

Importância ecológica das bactérias

A atuação das bactérias no ambiente também merece destaque: é extremamente importante para a reciclagem de matéria orgânica, ou seja, as bactérias, juntamente com os fungos, realizam o processo de decomposição transformando a matéria orgânica morta e devolvendo-a ao solo sob a forma de matéria inorgânica.

  • Qual a importância das bactérias para o ser humano e para o ambiente?

    Estrutura celular de uma bactéria

Outro aspecto importante, no âmbito ecológico, se refere ao ciclo do nitrogênio, pois os seres vivos não absorvem este elemento químico diretamente do ar (existem na atmosfera cerca de 71 %).

As bactérias do gênero Rhizobium que se encontram nas raízes de plantas leguminosas, como por exemplo, o feijão, milho, ervilha, etc., é que transformam o nitrogênio atmosférico em sais nitrogenados (nitrito e nitrato) para as plantas, aumentando a quantidade de nutrientes que elas absorvem.

Na seqüência, o nitrogênio é passado para os animais herbívoros, que se nutrem das plantas, e depois aos carnívoros, que se alimentam dos herbívoros.

Bactérias como fertilizantes e digestivos

Há ainda outras bactérias dos gêneros Nitrossomonas e Nitrobacter que transformam respectivamente, a amônia (NH3) liberada pela urina dos animais em nitrito e o nitrito em nitrato, o que aumenta a fertilidade do solo.

As bactérias também associam-se a outros seres vivos, estabelecendo relações ecológicas, sendo o mutualismo (uma união de que dependem dois seres vivos e na qual ambos são beneficiados) muito comum. Um exemplo disso ocorre entre os ruminantes e as bactérias que vivem em seu estômago.

Sem elas, o ruminante não conseguiria absorver o máximo dos nutrientes dos vegetais, devido à falta de uma enzima capaz de quebrar a celulose. Esse trabalho é realizado pelas bactérias. Em troca disso, estas ganham moradia e alimentação. Portanto, o benefício é mútuo.

Bactérias e controle biológico

As bactérias também são amplamente utilizadas no combate as pragas na agricultura. Um exemplo disto é o Bacillus thuringensis, que ataca as larvas de determinados insetos, produzindo cristais de proteínas que acabam por romper seus intestinos, ocasionando a morte dessas mesmas larvas. Desse modo, elas controlam os insetos que atacam as plantações - o que nós denominamos de controle biológico ou natural de pragas.

Ainda no âmbito ambiental encontramos as bactérias, juntamente com outros microorganismos, no tratamento biológico de águas de rios poluídos, em biorreatores, que, operados sob determinadas condições, resultam na estabilização da matéria orgânica poluente. Os sistemas de tratamento biológico de resíduos visam promover a remoção da matéria orgânica e se possível a degradação de compostos químicos.

Uso farmacêutico e cosmético

As bactérias também podem ser programadas, através da engenharia genética, para produzir a insulina. Esse hormônio (insulina) é de suma importância para controlar a taxa de açúcar no sangue, garantindo níveis apropriados à sobrevivência humana.

No campo da estética pessoal, as bactérias também estão sendo utilizadas, ou melhor, sua toxina é posta em ação. É o caso da toxina botulínica (o "botox") que serve para paralisar, por um período, a musculatura do rosto (linhas de expressão), evitando as rugas da idade.

Em suma, a existência de diferentes formas de vida em nosso planeta necessita da presença das bactérias e de sua vasta atuação no ambiente, na alimentação, na saúde física e até na estética.

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Qual a importância ecológica das bactérias para o meio ambiente?

As bactérias realizam a decomposição da matéria orgânica do solo e dos oceanos (resto de alimentos e de animais, por exemplo) e são responsáveis pela liberação de elementos indispensáveis à vida.

Quais são as bactérias benéficas para o ser humano?

Como exemplo de bactérias benéficas/probióticas temos as Bifidobactérias e os Lactobacilos (gêneros Bacteroides, Bifidobacterium e Lactobacillus), e para as patogênicas podem ser citadas a família Enterobacteriaceae e o gênero Clostridium.

Qual é a importância dos microrganismos para o ser humano?

São eles que produzem vitaminas do complexo B-12, fibras solúveis; são eles que limpam nossa pele, os olhos, e estão presentes em vários outros processos vitais. Todo dia eliminamos bilhões desses microrganismos e os substituímos por outros, uma vez que a taxa de crescimento deles é espantosamente alta.

Qual é a importância dos vírus para o ambiente e para os seres vivos e as bactérias?

Os vírus são agentes simbióticos cruciais para a evolução e plasticidade dos genomas, são importantes para organizar a cromatina e permitir o empacotamento do DNA, têm relevância no desenvolvimento de órgãos em organismos multicelulares e são importantíssimos para o equilíbrio dos ecossistemas.