Qual a importância do Barão de Mauá para a industrialização do Brasil?

O escritor José Candido de Carvalho, em visita ao apartamento de Juscelino Kubitscheck em Ipanema, pediu que ele citasse as três personagens históricas do desenvolvimento brasileiro. JK apontou:

  • Dom João VI, pela visão do Brasil que nascia;
  • Getúlio Vargas, pelo sentido social de sua atuação;
  • Visconde de Mauá, pelo empurrão para a frente que deu no país.

Figuras que viram o Brasil além do seu tempo e vidas. Um rei, um estadista e um empresário.

Irineu Evangelista de Souza era gaúcho de Arroio Grande, mas que viveu seu apogeu no Rio de Janeiro. Nascido em 28 de dezembro de 1813, tornou-se o Barão, e posteriormente, Visconde de Mauá. Morria há 132 exatos anos atrás, no dia 21 de outubro de 1889, na cidade fluminense de Petrópolis, com 75 anos.

Mauá foi o primeiro grande industrial brasileiro, abrindo as portas do desenvolvimento a um país que havia vivido seus últimos 300 anos fustigado num estado de escuridão, sob a dura égide do reinado de Portugal.

Órfão aos 5 anos, com apenas 9 anos Irineu foi levado por um tio para o Rio de Janeiro, capital do Império, para trabalhar. Trabalhou como caixeiro para João Rodrigues Pereira de Almeida, um conhecido atacadista e imigrante português, senhor de engenho e traficante de escravos. Como desenvolveu um relacionamento de grande confiança, logo passou a guarda-livros. Com a liquidação dos negócios da empresa do Sr. Almeida, ele passou a trabalhar para um grande homem de negócios escocês, o Sr. Richard Carruthers, pois este admirava a perspicácia do jovem, evidenciada no processo de cobrança das dívidas do Sr. Almeida. A relação com o Sr. Carruthers foi o ponto de virada em sua vida.

A Carruthers & Co.

No ano de 1830 Irineu começou a trabalhar na Carruthers & Co., que era uma importante firma de importação de produtos ingleses. Ali teve contato com a língua, a libra, mas o mais importante, com a visão liberal inglesa sobre negócios e riqueza. Uma profunda relação foi estabelecida entre Irineu e o Sr. Richard. Aprendeu contabilidade, inglês e a comerciar. Aos 23 anos torna-se gerente da empresa, e em 1839 o Sr. Richard, saudoso em voltar para sua terra natal, aponta Irineu como seu sócio nos negócios nos interesses da empresa. O Sr. Carruthers continua a ser o sócio majoritário nos negócios, mas também o mentor e conselheiro de Irineu.

No ano de 1840 visita a Inglaterra, no auge da Revolução Industrial. Fica entusiasmadíssimo com o que vê. As máquinas, fundições de ferro, transportes, carvão e máquinas a vapor. Convence-se que o Brasil deveria trilhar o caminho da industrialização. Antes dos 30 anos já havia amealhado fortuna suficiente que lhe assegurava viver a mais completa independência. Mesmo assim, no seu retorno, aproveitando a oportunidade que o país iria impor a taxação dos produtos importados através da tarifa Alves Branco, decide liquidar a Carruthers & Co. no seu auge, e tornar-se industrial.

Seu primeiro grande empreendimento industrial foi uma fundição em Ponta da Areia, em Niterói. Ali fabricou tubos para canalização do Rio Maracanã, mas a principal realização foi a conversão da fábrica num estaleiro, dando início à indústria naval brasileira.

Irineu era um abolicionista e convicto das ideias liberais inglesas. Por isso, seus funcionários eram escravos assalariados, que podiam comprar sua alforria com os salários pagos pela empresa, algo inovador na época. O empreendimento de Ponta da Areia quadriplicou o patrimônio de Irineu. Ali, ele construiu quase uma centena de navios e equipamentos para outras indústrias, principalmente para os engenhos de cana-de-açúcar. Seus navios foram utilizados tanto na marinha mercante quanto na armada da Guerra do Paraguai.

Com a extinção do tráfico negreiro, mais capital estaria disponível para investir na industrialização. Por isso resolve estabelecer um banco, o "segundo" Banco do Brasil, já que o primeiro havia sido "liquidado" por Dom João VI a seu próprio favor, em seu retorno à Portugal.

Irineu torna-se cada vez mais próspero. Tem como aliados a sagacidade de um jovem empreendedor e visionário, e as quase infinitas possibilidades num país puramente rural e arcaico, onde tudo é escasso e quase medieval. Honesto, não se vale do corporativismo estatal em seus negócios, mas adere à Maçonaria e tem nela uma importante rede de relacionamentos.

Abre várias frentes de desenvolvimento no país:

  • O projeto de iluminação a gás na cidade do Rio de Janeiro (1854) através da Cia de Iluminação a Gás, substituindo o óleo de baleia.
  • A organização da Cia de Navegação no Amazonas (1852), onde esperava integrar a vastíssima floresta ao restante do país.
  • O estabelecimento da companhia de bondes do Rio de Janeiro (1862).
  • Estrada de Ferro de Recife a S. Francisco  
  • Companhia Diques Flutuantes  e Companhia de Curtumes  
  • Estrada de Ferro de Antonina a Curitiba
  • Montes Áureos Brazilian Gold Mining Co.  
  • A construção da primeira ferrovia no país, a Estrada de Ferro Rio-Petrópolis (1854). A primeira locomotiva a vapor que transportou a comitiva imperial recebeu o nome de “Baroneza”, em homenagem a Maria Joaquina, esposa de Mauá. Este feito lhe rendeu o título de Barão de Mauá. Curiosamente até hoje um pequeno trecho deste caminho ainda está em funcionamento.
  • A participação na construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.
  • Abastecimento de água à capital do Império  
  • O assentamento do cabo telegráfico submarino entre Brasil e Portugal. Foi este projeto que lhe rendeu o título de Visconde de Mauá.

Por volta dos 40 anos, sua riqueza é maior que todo o PIB brasileiro à época. Em dinheiro atual, por volta de 60 bilhões de dólares.

Controlava 8 das 10 maiores empresas do Brasil, sendo que as 2 restantes eram negócios do Estado. Seus ideais pareciam infalíveis, e se consolidava como o maior vetor de desenvolvimento que o país já tivera até então.

Mesmo assim, não era uma unanimidade. Suas aproximações com os gabinetes do Império o forçaram a investir em negócios que vieram a provar um fracasso, seja pelo alto risco ou até mesmo a má-fé e ressentimento dos agentes públicos.

Também se aproximou dos Rothschild, uma das maiores dinastias bancárias, para viabilizar seus enormes empreendimentos. Mas ao longo prazo isso provou-se nocivo, e parte dos seus negócios foram transferidos para eles por valores módicos, em julgamentos no mínimo duvidosos, principalmente a iniciativa da construção da São Paulo Railway.

O inimaginável aconteceu, e Mauá foi à lona. Porém, não com menos dignidade e honradez, que lhes serviram de companhia durante sua vida. Diz-se que pagou todos os seus credores antes de sua morte, não ficando dívida que pudesse ser reclamada, mesmo tendo que vender até objetos íntimos e pessoais. Zelou pelo nome até o fim, e como descrito na 'Revista Illustrada' de 2 de novembro de 1889, "lutou de pé e até morrer".

Lições

Mauá perdeu seu vasto império e riqueza pela falta de aderência ao gabinete do Imperador, mas talvez também pelos riscos mal calculados em algumas frentes. Entretanto, sua visão de mundo era proporcional ao gigantismo do Brasil.

Homem do calibre de Cornelius Vanderbilt e Ferdinand de Lesseps. Apenas uma figura do porte de Mauá poderia dar o impulso que o país necessitava, para sair da era obscura da escravidão, em direção à iluminação do desenvolvimentismo liberal.

Como o primeiro grande industrial do Brasil, abriu caminho para muitos outros. Inspirou até políticos-estadistas como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck, que graças ao exemplo do jovem que saiu de um canto do sul do Brasil, ajudaram a compensar parte dos séculos de atraso que o país viveu.

Referências

Filme "Mauá - o Imperador e Rei". Filme completo. https://www.youtube.com/watch?v=tsNFt6okIxs

Wikipedia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Irineu_Evangelista_de_Sousa

Exposição do Visconde de Mauá aos credores de Mauá & C e ao publico - https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/242460

Qual a importância da era Mauá para a industrialização brasileira?

Durante a Era Mauá, o Barão de Mauá promoveu ações visando à aceleração do cenário industrial no País. Seus investimentos incidiram sobre diversos ramos. A economia do Brasil foi transformada pelo desenvolvimento da lavoura cafeeira no Sudeste do país e pelo surto industrial liderado pelo barão de Mauá.

Qual foi a importância do Barão de Mauá para o Brasil?

A história do Barão de Mauá está diretamente ligada ao desenvolvimento do país. Além da primeira linha férrea do continente, o empresário foi responsável pelas primeiras indústrias de fundição de ferro e estaleiro do país, o início da exploração do rio Amazonas, obras na cidade do Rio de Janeiro e criação de bancos.

Qual a importância do café e da atuação do Barão de Mauá na economia do Brasil durante o segundo reinado?

A força econômica do café foi tamanha que garantiu o superávit da balança comercial brasileira entre 1861 e 1885. Na década de 1880, o café respondia por cerca de 61% das exportações do Império. A produção cafeeira fez surgir ainda outras atividades econômicas veiculadas ao beneficiamento, transporte e à venda do café.

Qual a importância de Mauá e Matarazzo na construção econômica do território brasileiro?

Fique ligado. Alguns historiadores costumam comparar o peso de Matarazzo na República ao de Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá, no tempo do Império. Fundador da indústria naval brasileira, Mauá também construiu ferrovias, rede de serviços públicos de iluminação e tornou-se banqueiro.