Qual a importância do renascimento comercial para o renascimento urbano

A partir do século XI, já no chamado período da Baixa Idade Média (uma das subdivisões da Idade Média), houve um determinado avanço tecnológico no âmbito do trabalho nos feudos, isto é, no trabalho realizado nas terras pertencentes ao senhor feudal. A implementação da charrua (um tipo de arado mais sofisticado do que o arado comum) e o aperfeiçoamento do moinho hidráulico ampliaram a capacidade de produção agrícola da época. Além disso, os camponeses passaram a ter um maior cuidado com a rotação das culturas (técnica agrícola usada para não empobrecer o solo), contribuindo assim para um melhor tratamento do solo e, consequentemente, uma maior produtividade, o que possibilitou o crescimento populacional.

Paralelamente a essas transformações no campo, muitos comerciantes e artesãos que habitavam os burgos (fortalezas que haviam sido construídas séculos antes com função militar estratégica) passaram a conquistar autonomia em virtude da intensa movimentação comercial que proporcionavam. O fluxo de mercadorias entre os “burgueses” (habitantes dos burgos) e os camponeses acabou por desencadear o que hoje se denomina Renascimento comercial e urbano da Idade Média.

Nos feudos dessa época, as relações de dependência entre o senhor e o vassalo começaram a transformar-se também. Algumas obrigações foram abolidas e, a partir do século XII, os camponeses passaram a exigir pagamento em dinheiro pelo trabalho e também exigiam parte do excedente agrícola (aquilo que era produzido além do necessário para o consumo). Além disso, muitos camponeses abandonavam o trabalho rural e seguiam para os burgos, onde desenvolviam habilidades artesanais ou manufatureiras.

Os burgos, pouco a pouco, transformaram-se em grandes centros demográficos (isto é, lugares de grande concentração de pessoas), o que exigia transformações nas estruturas de habitação para atender tamanha demanda. O intenso fluxo de pessoas aumentava também a demanda por produtos como utensílios domésticos, itens de vestuário e equipamentos para o trabalho e para a guerra. Tudo isso impulsionava o desenvolvimento da manufatura. O trabalho manufatureiro consistia na transformação das matérias-primas em bens. Por exemplo, um ferreiro que habitava um burgo medieval encarregava-se de transformar o ferro em bens de uso militar, como espadas e lanças.

O impulsionamento da manufatura levou ao aparecimento das corporações de ofício. Essas corporações tinham dois objetivos principais: 1) a organização do trabalho nos burgos e distribuição de produtos e 2) a transmissão da técnica aplicada a cada ofício. Cada mestre da corporação encarregava-se de transmitir aos seus aprendizes o ofício no qual havia se especializado.

O desenvolvimento comercial e urbano na Baixa Idade Média possibilitou um grande enriquecimento dos burgueses também, fato que provocou dois conflitos característicos: 1) o confronto com os senhores feudais, que mantinham um modelo econômico completamente incompatível com o dos burgueses, e 2) a questão da usura (lucro sobre o tempo de empréstimo de determinada quantia de dinheiro).


Por Me. Cláudio Fernandes

A Idade Média (476 a 1453) costuma ser conhecida como a época em que a economia europeia esteve praticamente estagnada. Essa afirmação é feita porque a maior parte da população vivia nos feudos, que eram grandes áreas cercadas e isoladas uma das outras, com uma economia quase auto-suficiente. Desse modo, costuma-se dizer que o comércio de produtos praticamente desapareceu no período medieval.

No entanto, devemos relativizar essa ideia. Durante a Idade Média continuaram a existir profissionais como os artesãos (ferreiros e construtores de máquinas, por exemplo), comerciantes e negociantes. As pessoas não deixaram de adquirir certos equipamentos fundamentais à prática da agricultura (como enxadas e arados), que eram, portanto, fabricados e comercializados. Ainda que essas atividades de comércio tenham sido bastante restritas, numa Europa separada por feudos e ameaçada por guerras entre os povos do continente, isso não significa que elas tenham desaparecido.

O período de auge do feudalismo foi o que se costuma chamar de Alta Idade Média (séculos 5 a 10). Mas, a partir do século 10, as coisas começaram a mudar. Diversos fatores ajudam a explicar por que a agricultura deixara de ser a principal atividade econômica, abrindo espaço para o chamado Renascimento comercial, que, a partir do século 11, inaugurou definitivamente a Baixa Idade Média, que se estenderia até o século 15.

Crescimento populacional

Assim, a Europa vivia em meados do século 10 uma relativa época de paz, já que os ataques de um reino a outro haviam diminuído bastante. Essa queda no número de conflitos foi responsável por um considerável aumento populacional: em 300 anos a população da Europa cresceu de 8 milhões para 26 milhões de habitantes. Isso gerou um excedente populacional, que começou a necessitar de mais espaço e a expandir-se para fora dos feudos.

Anteriormente, havia a população de comerciantes, negociantes e artesãos que, devido à sua prática profissional itinerante, começaram a se fixar no entorno dos feudos, constituindo, assim, as vilas e burgos. Dessa forma, aqueles que moravam nessas localidades eram conhecidos como burgueses e, ao longo dos séculos, essa denominação passou a denominar os comerciantes e os homens ricos.

Com o aumento demográfico na Europa, a população dos burgos foi crescendo também. Isso se dava porque muitos servos acabavam por fugir dos feudos para escapar das imposições da relação servil. Ou ainda, porque aqueles servos que mais causavam problemas aos seus senhores eram expulsos de suas terras, indo engrossar a população das vilas. Assim, essas pequenas localidades começaram a crescer e se tornar importantes concentrações de trabalhadores livres e comerciantes, onde passaram a ser organizadas feiras permanentes, o que resultou no surgimento de inúmeras cidades.

O renascimento das cidades

Como anteriormente a maior parte da Europa era constituída por feudos, esse processo foi chamado de "Renascimento urbano", pois as cidades voltaram a se tornar importantes núcleos econômicos. Ao mesmo tempo, isso indicou também a decadência dos vínculos feudais, pois os moradores da cidade passaram a negociar com os senhores o fim do pagamento de tributos e serviços, através da compra da chamada carta de franquia.

O aumento da liberdade política e econômica foi propiciando o aprimoramento do trabalho urbano. Os artesãos, que faziam os produtos consumidos pelos europeus, passaram a ser organizar em entidades para além de suas cidades. Para isso, formaram as guildas e as corporações de ofícios, que eram associações de trabalhadores de determinados profissões. Por exemplo, uma corporação de sapateiros ditava as normas de fabricação de seus produtos e as formas de sua comercialização, a fim de proteger esses profissionais no mercado e propiciar seu lucro.

Desenvolvimento da agricultura

Ainda que tenha favorecido principalmente o comércio, essa expansão espacial pelo continente europeu foi estimulada até pelos nobres feudais. Os donos dos feudos viam seus campos serem esgotados pela exploração contínua e tinham interesse em expandir suas riquezas territoriais. Assim, incentivavam a ocupação de outras áreas por seus servos, que através de outras formas de cultivo (como a utilização rotativa do solo) e do uso de um tipo de arado mais resistente, conseguiram expandir também a produção agrícola, num processo chamado de "Renascimento agrícola".

Houve, por sua vez, um outro fator que caminhou paralelamente a esse novo comércio europeu e foi, ao mesmo tempo, o que contribui para que ele se expandisse mais: as Cruzadas. A Igreja católica, aproveitando-se da legião de homens desocupados nos centros urbanos, começou a realizar expedições para além dos limites continentais, dando um outro sentido para a economia medieval.

Com a justificativa de conquistar povos para a fé cristã e ao mesmo tempo reconquistar territórios de outros povos, nasceram as Cruzadas, expedições militares e religiosas que foram praticadas durante quase 200 anos, entre os séculos 11 e 13. Foram realizadas oito dessas expedições nesse período, que atravessaram o continente europeu, cruzaram mares e chegaram a outros continentes. Isso fez com as rotas comerciais acompanhassem esse traçado aberto pela cruz e pela espada.

O que é e qual a relação entre renascimento comercial e urbano?

Situado entre os séculos XI e XIII, o renascimento comercial e urbano refere-se a um processo que atingiu a sociedade europeia em vários níveis. Ele coincide com e época conhecida como Baixa Idade Média, momento onde os modelos sociais adotados até então deixaram de funcionar e foram substituídos por outros.

Qual a importância do comércio no período renascentista?

O desenvolvimento do comércio também resultou no surgimento de uma nova classe social, que passou a rivalizar com a nobreza: a burguesia. O enriquecimento dessa classe levou os comerciantes a terem cada vez mais influência sobre as regiões onde estavam instalados.

Qual a diferença entre renascimento urbano e renascimento comercial?

Renascimento cultural foi um movimento intelectual, artístico e científico; renascimento comercial foi resultado da grande produção agrícola e o aumento das feiras; renascimento urbano foi a volta da população para as cidades.