Qual a importância do Brasil ter uma base na Antártida?

O edital de propostas para a construção do Navio de Apoio Antártico (NApAnt) da Marinha do Brasil terminou nesta quarta-feira (11). A Sputnik Brasil conversou com especialista militar para falar sobre a importância da aquisição desse navio para a frota brasileira.

A expectativa é que o projeto possa gerar 600 empregos diretos e seis mil indiretos. De acordo com o edital, o Navio de Apoio Antártico deverá ter 45% do seu conteúdo construído em estaleiro no Brasil.

O professor de Relações Internacionais e pesquisador da Escola de Guerra Naval, Ricardo Cabral, em entrevista à Sputnik Brasil, observou que a aquisição Navio de Apoio Antártico (NApAnt) terá a função de substituir o atual Navio de Apoio Oceânico, que não seria propriamente adequado para realizar operações na área, para dar suporte à base brasileira de pesquisa na região.

Este navio que vai ser adquirido é um classe polar PC6, com capacidade de operar inclusive no outono, vai ter provavelmente uma capacidade em torno de 4.200-4.500 toneladas”, explicou.

De acordo com ele, o Navio de Apoio Antártico (NApAnt) visa “favorecer as pesquisas, levando material, equipamento e todo o apoio de logística que a base necessita”, considerando, por exemplo, que durante este ano as embarcações fizeram pelo menos duas viagens e os aviões fazem de seis a oito voos na região.

Qual a importância do Brasil ter uma base na Antártida?

Navio de Apoio Oceanográfico – NApOc – Ary Rongel – Foto Marinha do Brasil

Ao comentar a importância das pesquisas realizadas na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), Ricardo Cabral afirmou que a estação desempenha um papel estratégico “para entender o que está acontecendo na Antártica e quais são os impactos para o nosso país”, além de mostrar uma continuidade das políticas públicas brasileiras e do interesse geral da Marinha da Brasil.

“Nós temos um compromisso do Estado brasileiro com a Antártica e com o Tratado Antártico, e isso tudo é muito importante, fica claro que a posição brasileira de não exploração, de investigação científica, de não permitir a exploração econômica dos recursos naturais, e isso, é claro, pode mudar mais na frente, mas é interessante que está dentro de um todo coerente para a política na região”, destacou.

A Estação Antártica Comandante Ferraz foi reinaugurada em janeiro deste ano, oito anos após ser destruída por um incêndio. A base possui mais de 4.500 metros quadrados.

O especialista observou também que o fato da Antártica estar dentro do entorno estratégico do Brasil significa que existe uma preocupação que não é só científica, mas também uma questão estratégica de “verificar as mudanças climáticas e o quanto vai impactar o Brasil”, por exemplo.

O pesquisador também citou a importância da questão militar, tendo em vista que existem países que “estão presentes na Antártica que não necessariamente têm confrontação na nossa região”.

“Essa é uma questão muito pouco abordada. É claro, se não interessa aos militares, não interessa à Marinha. Você tem países fora da área que têm bases ali, estão presentes ali, os EUA, a China parece que já tem bases, é interessante verificar isso”, declarou Rodrigo Cabral.

“Tem um toldo que está se desenvolvendo em torno da Antártica que nós não sabemos como será daqui pra frente, ainda mais com a continuidade do degelo”, completou.

O Programa Antártico Brasileiro foi criado em 1982 e, desde então, pesquisadores das áreas da oceanografia, biologia, glaciologia, química e meteorologia vêm desenvolvendo trabalhos na região.

Fonte: SputnikNews

Qual a importância do Brasil ter uma base na Antártida?
 Marinha do Brasil/Reprodução

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Depois de oito anos sendo reconstruída, a base científica brasileira localizada na Antártica foi reinaugurada hoje (15). A Estação Comandante Ferraz sofreu um incêndio em 2012, que matou dois militares e deixou 70% do local destruído. A reconstrução deveria ser feita em dois anos, mas só foi finalizada agora.

A base fica na Ilha do Rei George, uma pontinha da Antártica próxima ao sul do Chile. A inauguração estava prevista para ontem (14), mas as condições meteorológicas impediram o pouso do vice-presidente Hamilton Mourão, do ministro Marcos Pontes e de outros convidados que estavam previstos para a abertura.

A reinauguração da base representa um passo importante para a ciência brasileira. Ela é uma das maiores estações de pesquisa da Antártica. A Estação conta com 17 laboratórios para o estudo de várias áreas, como medicina, química, microbiologia, oceanografia e meteorologia. Mas afinal, por que é importante fazer pesquisa em um local tão remoto e diferente do Brasil?

A Antártica é interessante por suas condições climáticas bem particulares e extremas. Ela é o melhor lugar para se estudar o impacto das mudanças climáticas para o planeta. Por ter pouca interferência humana, é possível detectar o aumento da temperatura global, derretimento de geleiras e aumento do nível dos oceanos com mais precisão. Ela é considerada um “termômetro” do aquecimento global.

Isso afeta o Brasil diretamente. As mudanças climáticas atingem o não só a Amazônia, mas também as produções agrícolas do país. As pesquisas na Antártica permitem uma melhor previsão meteorológica, otimizando a produção e evitando desastres. Por estar próxima ao continente sul-americano, a Antártica influencia diretamente o clima brasileiro. A maior parte das frentes frias que chegam ao Brasil, por exemplo, vem de lá.

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Mas os estudos não se limitam à área climática. Diversos pesquisadores se dedicam a estudar a flora e fauna características da Antártica. Os organismos descobertos lá podem ajudar no desenvolvimento de vacinas e outros medicamentos. Um exemplo são os penicílios, fungos produtores de penicilina. A Antártica está recheada deles. Com o crescimento das superbactérias, essas pesquisas são essenciais para a criação de novos antibióticos.

Esse é o foco da primeira pesquisa feita nos novos laboratórios da base, sobre fungos e plantas antárticas. Ela está sendo desenvolvida por Paulo Câmara, da Universidade de Brasília, e Luiz Rosa, da Universidade Federal de Minas Gerais. Apesar de fazer parte da Marinha Brasileira, a Estação recebe pesquisadores de diversas universidades e instituições de pesquisa do país.

Tudo isso faz parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), responsável por coordenar a pesquisa no local. O programa existe desde 1982, mas a estação de pesquisa só foi inaugurada em 1984 e seguiu em operação até 2012.

No total, a nova base tem 4500 metros quadrados e capacidade para abrigar 65 pessoas. A estrutura é dividida em três blocos, que incluem desde o alojamento e lazer dos pesquisadores até garagem e máquinas que mantém o local aquecido. A maior parte da pesquisa acontece mesmo no bloco oeste, que abriga a maioria dos laboratórios.

A maior parte das pesquisas é feita no verão, quando as temperaturas são mais amenas (em torno de 5 ºC), pois isso facilita o estudo da biodiversidade e da vegetação locais.

Mesmo antes da reconstrução completa da base, os brasileiros continuaram fazendo pesquisa por lá. Parte dos estudos são realizados em navios e até em bases de outros países. O Brasil também manteve uma base provisória em funcionamento enquanto a obra não estava finalizada.

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Qual a importância do Brasil ter uma base na Antártica?

4) Importância científica Uma ampla variedade de pesquisas científicas está em andamento na Antártida. Sendo assim, manter uma base no continente gelado é importante para realizar pesquisas em condições extremas e entender melhor o funcionamento do planeta.

Qual e a importância da Antártica para o Brasil e para o mundo?

2) Importância ambiental Além de ter mais de dois terços das reservas de água doce do mundo, a Antártida desempenha um papel importante na manutenção do equilíbrio de calor da Terra. Em outras palavras: ajuda a amenizar o aquecimento global.