Qual a relação de Luiz Carlos Prestes com o tenentismo e com o movimento de 1930?

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Luís Carlos Prestes nasceu em Porto Alegre no dia 03 de agosto de 1898, filho mais velho do militar Antônio Pereira Prestes e Maria Leocádia Felizardo Prestes. Seu pai faleceu quando tinha apenas 10 anos de idade. A pensão deixada pelo pai não era suficiente para arcar como os custos familiares. Sua mãe depositou no primogênito a esperança de melhoria de vida, por isso ainda criança Luís frequentou escola militar e continuou seus estudos até concluir a graduação de engenharia.

A primeira ação de Prestes como revolucionário foi na revolta tenentista em 1924. Como capitão do Exército, assumiu o papel de líder de um grupo de oficiais, na região de Missões, em São Ângelo, no Rio Grande do Sul. A revolta tenentista tinha como objetivo lutar contra poderio da oligarquia vigente, a proposta da Assembléia Constituinte e o direito ao voto secreto.

Após a revolta tenentista, Luís Carlos Prestes se uniu a um grupo de militares paulistas em Foz Iguaçu. O grupo foi nomeado de Coluna Prestes. Durante dois anos e cinco meses, aproximadamente 1.500 homens atravessaram 13 estados brasileiros, observando e vivenciando a realidade do interior do Brasil. Após a finalização do percurso buscaram asilo em países que faziam fronteira com o Brasil, Bolívia e Argentina. Para Prestes, estudar era a única forma para dar solução a situação de miséria que o interior do Brasil se encontrava. Então foi na Argentina que Luís Carlos Prestes estudando obras de Karl Marx e Friedrich Engels, se descobriu comunista, tendo planos de implantar o regime comunista no Brasil.

Em 1930, Prestes foi convidado para participar da Revolução de 1930 liderada por Getúlio Vargas, porém se negou. No ano de 1931 viajou para a União Soviética, convidado pelo Partido Comunista Uruguaio. Na União Soviética trabalhou como engenheiro e teve contato intensivo com as obras marxistas. Foi lá que conheceu sua esposa Olga Benário, judia e alemã, e membro do Partido Comunista Alemão.

Luís Carlos Prestes retornou para o Brasil em 1934 com sua esposa, ambos falsificaram seus documentos para conseguir desembarcar no país, já que comunistas eram proibidos pelo governo varguista. No Brasil o Partido Comunista Brasileiro (PCB) criado em 1922, tem o apoio da organização política da Aliança Nacional Libertadora (ANL), criada em 12 de maio de 1935. Logo, Prestes foi convocado pela ANL para ser presidente de honra, e em junho do mesmo ano lança um manifesto, para derrubar o governo de Getúlio Vargas. Prestes e um grupo de comunistas iniciam ações para a destituição do governo, mas seus planos foram descobertos. Ele é preso em 5 de março de 1936, em uma casa no bairro do Méier, no Rio de Janeiro, e sua esposa grávida é entregue à Gestapo, polícia política nazista.

Olga teve sua filha em uma prisão nazista em 1937. Após uma longa campanha nacional e internacional mediada pela mãe de Prestes, a avó consegue a guarda da neta. Olga permaneceu presa e morreu em um campo de concentração de Bernburg, em abril de 1942.

Com o fim do Estado Novo, Prestes foi absolvido dos seus crimes, pela tentativa implantação do comunismo no Brasil. Em 1952 casou-se novamente com Maria, teve outros filhos. Durante a ditadura militar foi perseguido e exilado. Com o fim da ditadura, no ano de 1989, apoia o candidato populista Leonel Brizola para a presidência da república. No ano seguinte, faleceu no Rio de Janeiro.

Bibliografia:

REIS, Daniel Aarão. Luís Carlos Prestes: um revolucionário entre dois mundos. Editora Companhia das Letras, 2014.

Memórias da ditadura. Luís Carlos Prestes. Disponível em: <http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/luis-carlos-prestes/index.html>.

PRESTES, Anita Leocádia. Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro. Boitempo Editorial, 2017.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/luis-carlos-prestes/

  • Governo Washington Luís
  • Estado Novo

Atualizado em 17/03/2014, às 11h21

A partir da década de 1920, começaram a surgir no cenário nacional alguns fatores sociais e políticos que contribuíram decisivamente para o declínio e derrocada da República Velha. O agravamento da crise econômica, a eclosão de revoltas e levantes militares, o crescimento das camadas sociais urbanas, além do acirramento dos conflitos políticos devido à progressiva divisão das oligarquias dominantes formam o conjunto de fatores que provocaram a Revolução de 1930.

Uma das mais significativas mudanças sociais ocorridas a partir da segunda metade da década de 1910 foi a urbanização e o crescimento industrial. Devido à adoção de políticas protecionistas e estímulos indiretos, o setor industrial brasileiro expandiu-se e diversificou-se de modo a promover o crescimento das camadas sociais urbanas.

A expansão da indústria fez surgir a burguesia industrial, a classe média e o operariado. Nas regiões Sul e Sudeste do país, onde essas transformações foram mais intensas, o surgimento e o crescimento desses novos grupos e classes sociais colocaram em xeque o domínio político exclusivo das oligarquias agrárias.

Camadas sociais urbanas

As camadas sociais urbanas, principalmente a burguesia, passaram a reivindicar participação nas decisões governamentais e reformas das instituições políticas. Surgem então exigências de mudanças no sistema eleitoral de modo a acabar com a fraude, a corrupção e o coronelismo. Passam a pressionar também por mudanças na política econômica reivindicando maior investimento e incentivo público ao setor industrial e o fim da política de apoio exclusivo ao café.

Por outro lado, o operariado crescerá em número e em organização provocando o surgimento de sindicatos trabalhistas. Os sindicatos trabalhistas lutarão contra as longas jornadas de trabalho, os baixos salários, as condições degradantes do ambiente fabril e a vigilância e repressão policial.

Para as elites dominantes, as reivindicações trabalhistas eram tratadas como "caso de polícia". Mas a constante repressão policial contra os trabalhadores não impediu, porém, a eclosão de greves por todo o país. As pressões e reivindicações crescentes do operariado urbano apontou para necessidade de uma política de caráter governamental de ampliação e proteção dos direitos dos trabalhadores que assegurassem condições dignas de trabalho e remuneração.

O tenentismo

Também neste período surge o primeiro movimento político e militar que marcará presença no cenário político nacional e influenciará os rumos das decisões governamentais. Liderado pela jovem oficialidade do Exército, (os tenentes, e em menor número os capitães), o tenentismo surge como movimento de insatisfação da oficialidade militar diante dos problemas políticos, sociais e econômicos do país.

As reivindicações do movimento tenentista coincidiam com as aspirações da classe média urbana. Criticavam o sistema eleitoral e as eleições, defendiam o voto secreto, reformas sociais e econômicas. O movimento tenenista foi portador de uma ideologia própria, bastante influente no meio militar, que propunha a ascensão dos militares ao poder na crença de que os civis eram incapazes de governar e solucionar os problemas do país.

Entre 1921 e 1930 o movimento tenentista realizou várias revoltas e rebeliões armadas com objetivo de derrubar os governos oligárquicos e assumir o poder. O primeiro movimento tenentista ocorreu em 5 de julho de 1922 e ficou conhecido como a Revolta do Forte de Copacabana.

Os militares que lideraram esse movimento eram contrários à candidatura do mineiro Artur Bernardes (representante dos interesses das oligarquias cafeicultoras de Minas Gerais e São Paulo na disputa eleitoral daquele ano para a Presidência da República). Mas a oficialidade rebelde foi derrotada por forças militares fieis ao governo.

Coluna Costa-Prestes

Em 1924 eclode a Revolta Tenentista de São Paulo. Mas após violentos confrontos, os revoltosos são derrotados. Os que conseguiram escapar do cerco e da perseguição se refugiaram no interior e juntaram-se a outro movimento revolucionário tenentista, proveniente do Rio Grande do Sul.

Da união desses tenentes surge, em 1925, a Coluna Costa-Prestes. Composta por centenas de oficiais e soldados e liderada por Miguel Costa e Luiz Carlos Prestes, a Coluna percorreu cerca de 24 mil quilômetros pelo interior do território brasileiro. Após anos de marcha e inúmeros confrontos com as forças militares governamentais, a Coluna Prestes terminou em 1927. Os tenentes fariam parte das forças políticas que vão desencadear a Revolução de 1930.

A crise de 1929

Em 1929 a economia mundial é abalada por uma forte crise provocada pela falência da bolsa de valores de Nova York. A crise de 1929 atingiu duramente os Estados Unidos e os países europeus. Sendo ainda um país predominantemente agrário, exportador de produtos primários, principalmente o café, e dependente dos mercados e empréstimos externos, a crise de 1929 atingiu duramente a economia do Brasil.

Nesse contexto, os mercados consumidores encolheram drasticamente. Diante da crise, os cafeicultores recorreram, como de costume, ao apoio do governo federal que, porém, foi incapaz de dar continuidade à política de proteção ao setor.

Por esse motivo, a crise de 1929 também foi um importante fator a contribuir para o enfraquecimento político das oligarquias cafeeiras e além disso deixou claro para as elites dominantes a inviabilidade e os limites do modelo de economia agroexportadora..

As Oligarquias dissidentes

A Política dos Governadores firmada no governo do presidente Campos Salles (1898-1902) consistiu num acordo tácito entre as oligarquias cafeeiras paulista e mineira com objetivo de estabelecer a hegemonia na política nacional em defesa dos seus interesses. Por meio de acordos entre o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM), os dois estados indicavam um nome de consenso como candidato ao governo federal e elegeram praticamente todos os presidentes da República.

A aliança entre São Paulo e Minas Gerais ficou conhecida como a política do "café-com-leite". Contra a hegemonia política paulista e mineira insurgiram as oligarquias das Regiões Sul e Nordeste. No final da década de 1920 as pressões e conspirações das oligarquias dissidentes ampliaram-se. Mas foi o rompimento da aliança entre São Paulo e Minas Gerais que provocou o movimento revolucionário que solapou a República Velha.

O movimento revolucionário

Na sucessão presidencial de 1930, São Paulo e Minas Gerais discordaram sobre o nome do candidato que disputaria o pleito. O presidente Washington Luiz apoiou a candidatura do paulista Julio Prestes, ao invés de apoiar a candidatura do mineiro Antônio Carlos.

Essa atitude levou Minas Gerais a romper com a aliança com os paulista e a apoiar as oligarquias de outros estados: do Rio Grande do Sul e da Paraíba. Desse modo, esses três estados formaram um grupo político de oposição chamado Aliança Liberal.

Nas eleições de 1930 a Aliança Liberal apresentou como candidato a presidente o gaúcho Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa para vice-presidente. Foram derrotados pelo candidato do governo, Júlio Prestes. Mas, Julio Prestes não chegou a tomar posse, porque meses depois das eleições eclodiu a revolução que colocou Getúlio Vargas no poder.

Contando com o apoio militar dos tenentes, as oligarquias dissidentes de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul desencadearam um movimento de revolta em várias regiões do país. Diante de uma iminente guerra civil, as Forças Armadas (Exército e Marinha) deram um golpe de Estado depondo o presidente Washington Luiz.

Uma junta militar transmitiu o governo a Getúlio Vargas, líder máximo da Revolução. Vargas governou o Brasil de 1930 a 1945. Seu governo atravessou uma fase provisória, uma fase constitucional e depois se transformou numa ditadura que promoveu muitas mudanças na economia e a modernização das instituições políticas.

Qual a relação entre Prestes e o movimento tenentista?

A Coluna Prestes surgiu como parte do movimento tenentista, mais especificamente por conta de levantes que ocorreram em 1924. Em julho desse mesmo ano, aconteceram levantes tenentistas em diferentes partes do Brasil, dos quais o principal ficou conhecido como Revolta Paulista de 1924.

O que foi o tenentismo é destaque a atuação de Luis Carlos Prestes nesse movimento?

Luís Carlos Prestes liderou uma revolta tenentista no Rio Grande do Sul, e aliado a tenentistas paulistas formou a. Este movimento marchou por mais de 25 mil quilômetros no interior do território brasileiro denunciando a desigualdade promovida pelo governo.

O que queria o movimento criado por Luiz Carlos Prestes a ANL?

Prestes participou do levante de 1922 no Rio de Janeiro, conhecido como a revolta dos 18 do Forte de Copacabana, com o objetivo de derrubar Epitácio Pessoa, então presidente, e impedir a posse de Artur Bernardes, devido a cartas, supostamente suas, que foram publicadas em jornais, nas quais atacava o exército e o ...

O que foi o tenentismo antes de 1930?

O tenentismo foi um movimento de revolta política e militar que surgiu entre os oficiais rasos do exército brasileiro insatisfeitos com a política da Primeira República. O tenentismo foi um movimento político e militar realizado por jovens oficiais brasileiros durante o período da Primeira República.