Qual a relação existente entre a agricultura familiar com a sustentabilidade?

Engana-se quem pensa que as grandes propriedades cultivam a maior parte dos alimentos produzidos no Brasil. Elas visam muito mais ao mercado internacional, e o que consumimos no país é, em grande parte, responsabilidade dos pequenos produtores, que ainda por cima mesclam agricultura familiar e sustentabilidade.

A agricultura familiar — que, por lei, deve se restringir a 4 módulos fiscais, o que equivale a propriedades de até 150 hectares, embora essa medida varie de município para município — aproveita melhor o solo, faz uso racionalizado da água e aplica muito menos insumos agrícolas que o modelo chamado de “patronal”.

Continue a leitura deste artigo que preparamos aqui na Uniderp e entenda a relação entre agricultura familiar e sustentabilidade. Descubra, também, qual é o impacto desse modelo na agricultura brasileira e os desafios de crescimento dos núcleos familiares e sua gestão da terra!

  • 1 O impacto da agricultura familiar no Brasil
  • 2 A relação entre agricultura familiar e sustentabilidade
  • 3 Os desafios da agricultura familiar no Brasil

O impacto da agricultura familiar no Brasil

A renda de 70% dos brasileiros que moram no campo — cerca de 4,4 milhões de famílias — depende hoje da agricultura familiar.

Esse modelo também responde por uma fatia da economia do campo, seja diretamente nas fazendas ou no transporte, distribuição, venda e entrega dos alimentos. A agricultura familiar responde por 10,1 milhões de empregos diretos e indiretos.

Ou seja, subsídios governamentais para o uso da terra ou o investimento em aperfeiçoamento técnico e conhecimento afetam não apenas o plantio e a colheita, mas toda uma microeconomia local que sustenta uma fatia crescente de brasileiros em regiões com poucas opções de empregabilidade.

A relação entre agricultura familiar e sustentabilidade

As propriedades familiares são menos propensas a substituir a mão de obra humana por máquinas. Isso tem impacto positivo no meio ambiente — já que o uso de combustíveis poluentes é menor — e ainda mantém baixas as taxas de desemprego.

As soluções de economia de água e cultivo da terra também são mais comuns entre esses pequenos grupos. Por exemplo, enquanto os sistemas patronais ligados à agricultura comercial adotam a monocultura, que é nociva ao solo, a agricultura familiar faz o rodízio de plantio na terra. Essa dinâmica a mantém mais fértil e diminui a necessidade do uso de agrotóxicos.

Os desafios da agricultura familiar no Brasil

Em algumas regiões, o choque entre os interesses patronais e familiares coloca esses modelos numa disputa pelas terras cultiváveis e pela atenção do governo. Estrategicamente, é importante que os dois coexistam. Via de regra, no entanto, o agronegócio no Brasil costuma ser mais nocivo ao meio ambiente e precisa ser mais controlado pela legislação.

Trata-se, ainda, de uma relação desigual de poder, já que os grandes exportadores têm mais influência política e econômica que os pequenos proprietários de terra. Seja como for, a produção das pequenas famílias segue responsável por manter pequenos municípios economicamente ativos e seus habitantes empregados. Além disso, vale destacar que a maior parte do comércio de produtos naturais vem da agricultura familiar.

Nesse contexto, destaca-se a necessidade de mão de obra especializada. Assim, aqueles que realizam um curso superior de Agronomia, por exemplo, além de conseguirem mais oportunidades de emprego, otimizam e aperfeiçoam esse tipo de cultivo tão importante em nosso país, sobretudo por conta da aplicação da tecnologia.

A grandeza da produção familiar no Brasil costuma ser ignorada ou subvalorizada. Se tomadas em conjunto, no entanto, as famílias arcam com a maior fatia do que é consumido no país e o fazem seguindo à risca as boas práticas que unem agricultura familiar e sustentabilidade, como você viu neste artigo.

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A Química realizou descobertas ao longo dos anos que contribuíram grandemente para o aumento da produção agrícola. Um exemplo é a descoberta da síntese da amônia, que levou à produção de adubos químicos nitrogenados. Para saber mais sobre o uso de adubos em plantações e lavouras você poderá ler o texto “Adubos Orgânicos e Inorgânicos”.

Toda essa evolução química garantiu a possibilidade de produzir alimentos suficientes para toda a população do planeta. Mesmo assim, um problema que ainda persiste é a fome.

Isso ocorre primeiramente em razão da desigual distribuição de renda. Como você pode ver nas imagens abaixo, em determinados lugares o alimento produzido é desperdiçado, sendo jogado nos lixos; já em outros, como na África, há fome e miséria.

Qual a relação existente entre a agricultura familiar com a sustentabilidade?

Desigualdade social: vegetais desperdiçados e crianças entendendo suas mãos no campo de refugiados de Dadaab, Somália, em 15 de agosto de 2011*

Esse desperdício é também consequência do tipo de transporte, armazenamento e venda. Além disso, o modelo de desenvolvimento adotado na maioria dos países, a chamada “sociedade de consumo”, leva as indústrias e fábricas a extrair o máximo de recursos do planeta para acumular riquezas e satisfazer o consumismo exagerado.

Os modelos agrícolas adotados, também privilegiam poucos em detrimento de muitos, e até mesmo nas áreas rurais, lugar onde se deveriam produzir alimentos, muitas pessoas vivem abaixo da linha da pobreza ganhando menos de um dólar por dia.

Isso ocorre porque as políticas nacionais e internacionais privilegiam um modelo agrícola com alta especialização, menor diversidade e maior uso de produtos químicos. Dá-se preferência ao cultivo intensivo de monoculturas, com uso excessivo de fertilizantes e agrotóxicos que acabam por poluir o solo, as águas e provocar graves alterações no ecossistema e na saúde da população. No texto “Poluição das águas por rejeitos da agricultura” traz mais detalhes sobre como ocorre esse tipo de poluição.

Além disso, a monocultura traz outro problema, muitas vezes é necessário realizar queimadas nas plantações, o que emite grandes quantidades de gases estufa.

Esses dois problemas: pobreza e degradação ambiental, são temas centrais da Rio +20,  a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Esse evento buscará contribuir para uma mudança nessa forma de modelo até então estabelecida, substituindo-o por um modelo de desenvolvimento sustentável, no qual se atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações também satisfazerem suas necessidades.

Pensando no aspecto da agricultura e alimentação, no próprio evento os cardápios foram elaborados de modo a contemplar os princípios da gastronomia inclusiva, oferecendo alimentos orgânicos e da agricultura familiar. Além disso, o Comitê Nacional de Organização do evento elaborou o documento “Diretrizes de Sustentabilidade para as Empresas de Alimentação”, que orienta sobre as boas práticas sustentáveis no setor.

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A agricultura familiar também será bastante difundia nesse evento. Veja um trecho do Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio+20:

“A Rio+20 deverá tratar com particular atenção o papel da agricultura familiar, que, na maioria dos países em desenvolvimento, é responsável por grande parte da ocupação no setor rural e da produção agrícola. A agricultura familiar favorece o emprego de práticas produtivas mais equilibradas, como a diversificação de cultivos, o menor uso de insumos industriais, o uso sustentável dos recursos genéticos e a agroecologia. A agricultura familiar pode constituir exemplo da prática do desenvolvimento sustentável quando for ambientalmente adequada, economicamente viável, socialmente justa e culturalmente apropriada.” (Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio+20, p. 16, 2011)

Um projeto bastante interessante divulgado nesse evento é a Agricultura Urbana, que visa à produção de alimentos, a reciclagem de lixo e a promoção da educação ambiental.

Para tornar a agricultura sustentável, podem-se tomar também algumas iniciativas, tais como:

  • Rodízio de culturas:quando os nutrientes do solo se tornam insuficientes para certa lavoura, planta-se outra espécie e, assim, diminui-se o uso de fertilizantes;
  • Utilização de inseticidas biológicos: Podem-se usar espécies de bactérias ou insetos que combatem as pragas, sem trazer prejuízos para o meio ambiente;
  • Optar por adubos naturais.

Qual a relação existente entre a agricultura familiar com a sustentabilidade?

Inclusive, o Brasil criou em 2010 o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) que fornece subsídios e financiamentos para incentivar produtores rurais a tomar medidas que diminuam a emissão de gases estufa, contribuindo para minimizar o aquecimento global. Entre as iniciativas do programa estão:

  • O plantio direto na palha;
  • A recuperação de áreas degradadas;
  • A integração lavoura-pecuária-floresta;
  • O tratamento de resíduos animais.

A questão ambiental e a erradicação da pobreza precisam, porém, ir além de apenas adequar o desenvolvimento a uma nova situação do planeta. Santos e Mól, em seu livro “Química e Sociedade”, de 2005, trazem algumas políticas que precisam ser adotadas para que os interesses da manutenção da vida estejam acima dos interesses econômicos, e para que o desenvolvimento não aumente as diferenças sociais, tais como:

  • Novas políticas que eliminem práticas internacionais que prejudicam os países menos desenvolvidos;
  • Que incentivem o uso de técnicas agroecológicas;
  • Que desincentivem as práticas poluidoras;
  • Que transfira os subsídios para a agricultura ecológica;
  • Que assegurem às mulheres direitos iguais de trabalho agrícola;
  • Que incentivem novas pesquisas para a agricultura ecológica.

*Créditos da imagem: Homeros e Shutterstock.com.

Qual a relação entre agricultura sustentabilidade?

Com a tecnologia verde, ganham-se a população em geral, o meio ambiente e também os agricultores. A otimização desse processo auxilia no melhor aproveitamento das áreas plantadas e aumenta a produtividade. Isso gera a economia do dinheiro investido na lavoura, reduz as perdas na plantação e aumenta a renda do produtor.

Qual a diferença entre agricultura familiar e agricultura sustentável?

Já a agricultura convencional se opõe ao modelo da agricultura familiar, pois a mesma esta completamente voltada para o lucro e a produção, ou seja, consistindo também o tamanho da propriedade, pois a mesma necessita de espaços amplos para a sua produção de alta escala, a mão-de-obra em sua maioria ou totalidade se ...

Qual a importância da agricultura familiar para sustentabilidade e economia do Brasil?

A agricultura familiar é de suma importância para assegurar a segurança alimentar e nutricional da população brasileira, uma vez que é responsável por 70% dos alimentos consumidos no país.

O que vem a ser sustentabilidade para a agricultura?

A agricultura sustentável é aquela que respeita o meio ambiente, colabora com a justiça social e é economicamente acessível para todo o ecossistema. Para a agricultura ser vista como sustentável, deve atender as necessidades de produção das próximas gerações e promover a qualidade de vida.