Qual é o conceito de proteína ideal utilizado na formulação de ração para suínos e aves de granja?

Proteína Bruta e Proteína Ideal para Frangos de Corte no Período de 1 a 21 Dias de Idade

Crude Protein and Ideal Protein for Broilers of 1-21 Days of Age

Autor(es) / Author(s)

Araújo LF1

Junqueira OM2

Araújo CSS1

Laurentiz AC1

Almeida JG1

Serrano PP1

1 - Alunos de Pós-Graduação em Zootecnia-FCAV/UNESP - Jaboticabal

2 - Docente do Depto. de Zootecnia - FCAV / UNESP - Jaboticabal

Correspondência / Mail Address

Lúcio Francelino Araújo

Depto. de Zootecnia - FCAV / UNESP

Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellani, s/n

14870-000 - Jaboticabal - SP - Brasil

E -mail:

Unitermos / Keywords

desempenho, frangos de corte, programa de alimentação, proteína ideal.

broilers, feeding programs, ideal protein, performance.

Observações / Notes

Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor.

Projeto financiado pela FAPESP 98/06355-3.

RESUMO

Dois experimentos foram realizados com o objetivo de avaliar o desempenho de frangos de corte no período de 1 a 21 dias alimentados com dietas formuladas nos conceitos de proteína bruta e proteína ideal. No primeiro experimento, foram utilizados 400 pintos machos de um dia de idade da linhagem Cobb, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com 2 tratamentos (proteína total e proteína ideal) e 5 repetições de 40 aves cada. No segundo experimento, foram utilizados 800 pintos, 400 machos e 400 fêmeas, em arranjo fatorial 2x2 (2 formulações – proteína bruta e proteína ideal e 2 sexos) com 4 tratamentos e 5 repetições de 40 aves cada. As dietas foram formuladas atendendo às exigências estabelecidas pela DEGUSSA (1997). Aos 21 dias, foram avaliados, o ganho de peso, o consumo de ração e a conversão alimentar. No experimento 1, as aves alimentadas com dietas formuladas no conceito de proteína ideal apresentaram maior ganho de peso e maior consumo de ração. No experimento 2, as aves que se alimentaram com a dieta formulada com base da proteína ideal apresentaram melhor ganho de peso e melhor conversão alimentar, não influenciando o consumo de ração. Os resultados demonstraram que as aves alimentadas com dietas baseadas no conceito de proteína ideal apresentam melhor desempenho.

ABSTRACT

Two experiments were conducted to evaluate the performance of broilers from 1 to 21 days of age fed diets based on the concept of crude protein and ideal protein. In experiment one, four hundred one-day Cobb male birds, were allocated in experimental design involving 2 treatments (crude protein and ideal protein) with 5 replications of 40 broilers each. In experiment two, 800 birds were used, 400 males and 400 females, in factorial arrangement 2x2 (2 concept - crude protein and ideal protein and 2 sex) with 4 treatments with 5 replications of 40 broilers each. The digestible amino acid and total amino acid recommendations were based on DEGUSSA (1997). Data from performance (weight gain, feed intake and feed conversion) were collected. Broilers fed diet based on ideal protein showed greater weight gain and feed intake in experiment 1.In experiment 2 broilers fed diet based on ideal protein showed better weight gain and feed conversion, but feed intake was not affected. The results showed that broilers fed diet based on ideal protein showed better performance.

INTRODUÇÃO

A expressão genética, os efeitos ambientais e sanitários somente exercem uma importância primária sobre o desempenho animal caso as exigências nutricionais sejam devidamente atingidas. Sabe-se que a subnutrição opõe-se à produtividade, incluindo deméritos à qualidade do produto final. No entanto, a provisão excessiva de nutrientes pode, ainda, ser mais onerosa que as deficiências, porque chega a limitar a produção e, concomitantemente, pode incrementar o custo de produção.

Em dietas para frangos de corte, os componentes que mais influenciam o custo de produção são a energia e os aminoácidos (Maiorka, 1998). Durante muitos anos, as formulações de rações para aves foram baseadas no conceito de proteína bruta, o que resultou em dietas com conteúdo de aminoácidos acima do exigido pelos animais. Com o surgimento da produção de aminoácidos sintéticos, as dietas passaram a ser formuladas com menor nível protéico e com níveis de aminoácidos mais próximos das necessidades da ave. Torna-se difícil definir as exigências de aminoácidos para as aves sabendo-se que são influenciadas pela densidade calórica da dieta, condições ambientais, densidade populacional, estado sanitário etc. Todavia, uma prática ainda comum entre os nutricionistas de aves e suínos é a formulação com base em proteína bruta e aminoácidos totais, sendo que outros nutrientes, como o fósforo e a energia, são calculados em proporções disponíveis, muito mais precisas. Segundo Parsons et al. (1992), formular dietas com base em aminoácidos totais é o mesmo que formular dietas para aves baseando-se em energia bruta.

O conceito de proteína ideal foi primeiro definido por Mitchell (1964) como sendo uma mistura de aminoácidos ou proteína cuja composição atende às exigências dos animais para os processos de mantença e crescimento. De acordo com Parsons & Baker (1994), proteína ideal é uma mistura de aminoácidos ou de proteínas com total disponibilidade de digestão e metabolismo, capaz de fornecer sem excessos nem deficiências as necessidades absolutas de todos os aminoácidos requeridos para manutenção e produção da ave, para favorecer a deposição protéica com máxima eficiência. Segundo Penz (1996), para ser ideal, a proteína ou a combinação não deve possuir aminoácidos em excesso. Assim, os aminoácidos devem estar presentes na dieta exatamente nos níveis exigidos para a mantença e máxima deposição protéica.

Certamente, não existem dúvidas de que as proporções de aminoácidos devem ser expressas em termos de digestíveis ao invés de totais e, caso sejam incluídos outros alimentos além do milho e da soja, é importante considerar as diferenças na digestibilidade desses alimentos e, conseqüentemente, elaborar a formulação baseada no conteúdo de aminoácidos digestíveis.

O uso do conceito de proteína ideal consiste em selecionar um aminoácido como um aminoácido referência e basear as exigências dos outros aminoácidos como uma proporção desse aminoácido referência. Segundo Pack (1996), a lisina é utilizada como aminoácido de referência, embora seja o segundo aminoácido limitante depois da metionina em dietas de frango de corte. Isso se justifica pelo fato de que a análise de lisina seja mais fácil de ser realizada que a de metionina e de cistina, sendo a lisina utilizada exclusivamente para a produção de proteína.

O conceito de proteína ideal é relatado por Boomgardt & Baker (1971, 1973) que demonstraram claramente que, na variação do nível protéico da dieta, a exigência de lisina e triptofano pode ser expressa como uma percentagem da proteína da dieta. Morris et al. (1987) demonstraram que as exigências de lisina podem ser expressas como uma proporção do nível protéico da dieta. Rostagno et al. (1995), avaliando o desempenho de frangos de corte alimentados com dietas formuladas com aminoácidos totais ou digestíveis, observaram melhor conversão alimentar e maior peso corporal para aves alimentadas com dietas formuladas à base de aminoácidos digestíveis. Em outro experimento, Parsons (1999) ilustrou claramente a superioridade ao serem formuladas dietas de frangos de corte conforme suas exigências em aminoácidos digestíveis, em comparação à formulação com base em aminoácidos totais, quando se disponibilizou de farinhas de carne e ossos de boa ou má qualidade nutricional.

O objetivo desse trabalho foi o de avaliar o desempenho de frangos de corte alimentados com dietas formuladas no conceito de proteína bruta e proteína ideal, no período de 1 a 21 dias de idade.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizados dois experimentos no aviário do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP - Jaboticabal/SP.

No primeiro experimento, foram utilizados 400 pintos machos, da linhagem Cobb, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com 2 tratamentos (dieta à base de proteína bruta e dieta à base de proteína ideal) e 5 repetições de 40 aves cada.

No segundo experimento, foram utilizados 800 pintos da linhagem Cobb, 400 machos e 400 fêmeas, distribuídos em esquema fatorial 2 x 2 (2 formulações – proteína bruta e proteína ideal; e 2 sexos) com 4 tratamentos e 5 repetições de 40 aves cada.

Os experimentos foram realizados em um galpão de alvenaria, com dimensões de 30,00m de comprimento x 6,65m de largura, cumeeira com orientação leste-oeste, pé-direito de 3,20m, sem lanternim, coberto com telhas cimento amianto, contendo 32 boxes de 2,10 x 2,50 m separados por tela de arame, com uma mureta lateral de alvenaria de 0,30 m e tela de arame, protegido por cortina de plástico amarela, com sistema móvel de catraca para sua movimentação no controle do ambiente interno do mesmo. Na fase inicial, os boxes foram equipados com lâmpadas infravermelhas para aquecimento dos pintos, comedouros tipo bandeja e bebedouros de pressão, e forrados com cepilho de madeira, como material de cama. A retirada dos equipamentos infantis foi feita de forma gradual: no 3º dia foi iniciada a introdução dos equipamentos adultos e a substituição total foi concluída no 10º dia. O controle do aquecimento, bem como o manejo das cortinas, foi de acordo com a temperatura interna do galpão, atendendo às necessidades das aves.

No 12ºdia, as aves receberam vacinas para a prevenção das doenças de Newcastle e Gumboro, administradas através da água de bebida.

As dietas foram formuladas seguindo as recomendações da Degussa (1997), sendo que a dieta formulada com base na proteína ideal apresentou a relação de aminoácidos digestíveis Lis:Met:Met+Cis:Tre em 100:48:77:60. As aves receberam água e ração à vontade. As dietas foram formuladas à base de milho, farelo de soja, óleo vegetal, calcário, fosfato bicálcico, sal comum, suplemento vitamínico-mineral e aditivos. As dietas foram isocalóricas e isoprotéicas. Na Tabela 1 são apresentados os níveis nutricionais das dietas utilizadas.

Os experimentos foram conduzidos no período de 1 a 21 dias, tendo sido avaliados o consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do experimento 1 são apresentados na Tabela 2. Verificou-se que as aves que foram alimentadas com a dieta formulada no conceito de proteína ideal apresentaram, ao final de 21 dias, maior peso corporal e maior ganho de peso. O consumo de ração apresentado foi maior para esse grupo de aves, contudo, observou-se não ocorrer diferenças estatísticas para conversão alimentar entre os tratamentos avaliados (p>0,05).

No experimento 2 (Tabela 3), observou-se que, tanto para as aves machos quanto para as fêmeas, a dieta formulada com aminoácidos digestíveis proporcionou melhor desempenho dos animais, resultando em maior peso corporal e maior ganho de peso. Diferentemente do que ocorreu no experimento 1, o consumo de ração não foi afetado pelas diferentes dietas avaliadas (p>0,05), resultando em melhor conversão alimentar nas aves alimentadas com dietas formuladas com proteína ideal.

Os resultados desses experimentos confirmam a vantagem de se fornecer ao frango de corte uma dieta formulada com base em aminoácidos digestíveis. Embora o consumo de ração tenha apresentado comportamentos diferentes nos dois experimentos, observou-se que o peso corporal e ganho de peso dessas aves foram melhorados quando as aves alimentaram-se com dietas formuladas com aminoácidos digestíveis, denotando maior aproveitamento desses aminoácidos pelos animais.

Rostagno et al. (1995), ao trabalharem com ingredientes de baixa digestibilidade, formulando dietas para frangos de corte com aminoácidos totais e digestíveis, também encontraram maior custo na dieta formulada com aminoácidos digestíveis. Esse maior custo foi compensado pelo melhor ganho de peso da ave, mesmo quando as aves apresentaram maior consumo com essa dieta.

Baker & Han (1994) compararam as recomendações de exigências de aminoácidos estabelecidas pelo NRC (1984), NRC (1994) e os valores de proteína ideal sugeridos pela Universidade de Illinois para frangos de corte na fase inicial de criação. Os autores observaram que o ganho de peso por unidade de nitrogênio das aves alimentadas segundo o perfil nutricional da Universidade de Illinois foi superior quando comparado com as recomendações do NRC (1984) e NRC (1994), enquanto que os frangos alimentados com base nos valores sugeridos pelo NRC (1984) tiveram pior desempenho.

Rostagno et al. (1995), formulando dietas para frangos de corte utilizando ingredientes com baixa digestibilidade, com aminoácidos digestíveis e totais, observaram uma queda no desempenho das aves alimentadas com dietas formuladas com esses ingredientes atendendo às exigências de aminoácidos totais. Contudo, esse desempenho pode ser recuperado quando essa dieta é formulada atendendo às exigências nutricionais das aves em aminoácidos digestíveis. Naquele trabalho, os autores encontraram maior consumo de ração quando as aves alimentaram-se com dietas formuladas com aminoácidos digestíveis.

Dari & Penz (1996), utilizando-se de ingredientes de baixa digestibilidade, formularam dietas com base em aminoácidos totais e digestíveis, onde encontraram melhor ganho de peso em aves alimentadas com dietas contendo aminoácidos digestíveis.

Maiorka et al. (1997), trabalhando com diferentes níveis de energia e forma física da ração formuladas com aminoácidos totais e digestíveis, constataram que frangos de corte alimentados com dietas formuladas com base em exigências de aminoácidos digestíveis apresentaram melhor ganho de peso em relação às aves alimentadas com base em aminoácidos totais, não apresentando diferenças para consumo de ração e conversão alimentar.

Mendoza et al. (1999), trabalhando com dietas formuladas no conceito de proteína bruta e proteína Ideal, encontraram melhor desempenho para frangos de corte alimentados com dietas formuladas no conceito de proteína ideal.

CONCLUSÕES

Os resultados permitem concluir que a dieta formulada no conceito de proteína ideal atendeu melhor às necessidades nutricionais das aves com relação ao desempenho zootécnico no período de 1 a 21 dias de idade.

O que é proteína ideal utilizada para a produção de aves?

A Lisina é um aminoácido essencial para a mantença, produção e crescimento das aves.

O que é o conceito de proteína ideal?

O conceito de proteína ideal é definido como o balanceamento exato de aminoácidos, de forma a atender às exigências de todos os aminoácidos para manutenção e produção, a partir da proposta de que cada aminoácido essencial seja expresso em relação a um aminoácido de referência, a lisina.

Quais são os produtos utilizados na formulação da ração das aves?

Dentre Page 24 as convencionais, encontram-se: milho, farelo de soja, farinha de carne e osso, farelo de trigo, calcário, fosfato bicálcico, farinha de ostra, óleo bruto de soja, sal comum, farinha de peixe, dentre outros.

Qual a importância da proteína na alimentação de suínos?

A proteína forma o principal constituinte do organismo do animal, sendo, pois, indispensável para o crescimento, a reprodução e a produção.