Qual foi a contribuição de Santo Agostinho para a política na Idade Média?

Aurelius Augustinus (Aurélio Agostinho), mais conhecido como Santo Agostinho de Hipona, foi o patrono da ordem religiosa agostiniana e um dos responsáveis pela concepção do pensamento cristão medieval e da filosofia patrística.

Foi também bispo, escritor, teólogo, filósofo, além, de ter testemunhado acontecimentos históricos de primeira ordem, tal como o fim da antiguidade clássica e a invasão de Roma pelos visigodos.

Agostinho é considerado ‘Santo’ tanto pela Igreja Católica quanto pela Anglicana e, mesmo para os protestantes e evangélicos, é referência na história eclesiástica com seus escritos e ditos.

Portanto, foi canonizado e transformado em 'Doutor da Igreja', um título honorífico e extremamente raro, concebido pela Igreja Católica (apenas 35 Doutores).

Suas obras são reeditadas até os dias atuais, das quais se destacam Confissões (Confessiones, 397), sua autobiografia; Da Trindade (De Trinitate, 400-416, 15 volumes), onde se dedica ao relato da divindade nas pessoas; e, Da cidade de Deus (De Civitate Dei, 413-426), sua obra mais conhecida, onde explica a cidade terrestre como uma imitação da cidade celeste.

Biografia

Nascido em Tagaste, no dia 13 de novembro de 354 (atual Souk-Ahras, Argélia localizada a 90 km do Mediterrâneo), próximo a Hipona, na época províncias romanas do norte da África, Aurelius Augustinus era descendente de berberes por parte de pai e mãe, contudo essa última se convertera ao catolicismo, enquanto o pai permaneceu pagão.

Aos onze anos de idade, foi estudar na ‘Escola de Madaura’, onde teve contato com a literatura latina e com práticas e crenças pagãs. Posteriormente, foi para Cartago, de modo a prosseguir seus aprendizados em retórica.

Mas em 383, mudou-se para Roma, onde abriu sua própria escola, até ser nomeado ‘Professor de Retórica Imperial’ para o tribunal provincial em Milão, em 384. É neste momento que, enquanto filósofo, irá se afastar do maniqueísmo, pendendo agora ao Neoplatonismo.

Após, sofre uma crise espiritual em 386 - Augustinus vivia como um romano pagão -, ao ler a vida de António do Deserto, de Atanásio de Alexandria, Agostinho decide se converter ao cristianismo católico e abandonar toda sua antiga vida de conforto e hedonismo para servir a Deus.

Assim, foi batizado no ano seguinte, por ninguém menos que Santo Ambrósio (340-397), durante a vigília da Páscoa, na cidade de Milão.

Posteriormente, retorna à África, onde liquida seus bens e divide-o entre os pobres, exceto pelo patrimônio utilizado para formar a ordem agostiniana em Tagasta, no ano de 387.

Foi ordenado padre em Hiponana, na Argélia, em 391. Nesse pequeno porto do Mediterrâneo, Agostinho foi Bispo Coadjunto, até ser nomeado bispo, em 397, quando passou a encarregar-se da missa diária duas vezes por dia, bem como da administração dos bens da Igreja e das questões de justiça local.

Assim foi até sua morte, em 430, quando deixou-nos, como legado, 113 obras escritas, entre tratados filosóficos, teológicos, comentários de escritos da Bíblia, sermões e cartas.

Teologia e Filosofia de Santo Agostinho

De partida, devemos notar que Santo Agostinho foi influenciado pelo maniqueísmo, segundo o qual o mundo seria regido pelas ‘forças do bem e do mal’ (concepção de base platônica), bem como pelo neoplatonismo de Plotino (204 d.C - 240 d.C).

Por outro lado, sua conversão deu-se graças à oratória do bispo de Milão, Santo Ambrósio, o qual o batizou e influenciou em seus discursos.

Foi responsável por reforçar o conceito de 'pecado original' e desenvolver o conceito de Igreja como a cidade espiritual de Deus, distinta da cidade material dos homens.

Também afirmou que a origem do mal estaria no livre-arbítrio, concedido por Deus, donde todo mal seria o resultado do livre afastamento do bem. Era também defensor da predestinação divina.

Curiosamente, pregava que o caminho para a verdade estava na fé, contudo, seria a razão o melhor caminho para provar a validade das verdades.

Por fim, podemos destacar como influenciados por Santo Agostinho, o teólogo Tomás de Aquino (1225-1274), o qual fizera uma nova síntese do pensamento filosófico grego e cristão, e os teólogos João Calvino (1509-1564) e Cornelius Otto Jansenius (1585-1638), estes, em especial, quanto a teoria da predestinação.

Saiba mais sobre a Patrística.

Curiosidades: Você Sabia?

  • No calendário católico, o dia de Santo Agostinho é 28 de agosto, o data de sua morte.
  • É atribuído a Santo Agostinho a autoria da primeira autobiografia escrita, intitulada “Confessiones”, escritas entre os anos 397-398.
  • Segundo Agostinho, a interpretação da Bíblia deveria ser feita de acordo com os conhecimentos de cada época, de modo a provocar releituras dos textos sagrados.
  • Santo Agostinho é considerado o Santo protetor dos teólogos, impressores e cervejeiros.

Leia ainda:

  • Filosofia Cristã
  • Filosofia Medieval
  • Filosofia Política
  • Os filósofos mais importantes da história

Quais as contribuições de Santo Agostinho para a Idade Média?

Agostinho foi fortemente influenciado pela teoria dualista de Platão, que fazia uma divisão entre o mundo das ideias e o mundo dos sentidos. Ele transformou a teoria platônica, de forma a adaptá-la à religião: o mundo ideal seria o mundo de Deus (Cidade de Deus), enquanto o mundo das coisas seria o dos seres humanos.

Quem foi Santo Agostinho na Idade Média?

Santo Agostinho (354-430) foi um filósofo, escritor, bispo e importante teólogo cristão do norte da África, durante a dominação romana. Suas concepções sobre as relações entre a fé e a razão, entre a Igreja e o Estado, dominaram toda a Idade Média.

Quais foram as principais contribuições filosóficas de Santo Agostinho?

Agostinho aproximou-se do maniqueísmo, doutrina religiosa com base sincrética (cristã e pagã, advinda do zoroastrismo), que enxergava um dualismo moral no mundo, o qual seria dividido apenas entre duas forças em equilíbrio: o bem e o mal.

O que é o Agostinho político?

O agostinismo político, representa a supremacia da Igreja sobre o Estado pelo fato de que Santo Agostinho era favorável à intervenção estatal no tocante as seitas heréticas, já que para eles, as únicas definições aceitas são aquelas dadas pela Igreja.