Quando o Japão se tornou capitalista?

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, afirmou que o Japão está pronto para liderar um novo tipo de capitalismo. De acordo com Kishida, a mudança da sociedade japonesa vai incluir a transformação verde e digital.

“Os setores privados e públicos vão trabalhar para que o Japão atinja a neutralidade de carbono. A pandemia mostrou como estamos atrasados em digitalização, vamos investir em fibras ópticas para nos prepararmos para um processamento de dados mais rápido, já que os sistemas atuais precisam ser melhorados”, afirmou durante o Fórum Econômico Mundial.

O primeiro-ministro também destacou que vai focar em três agendas durante sua administração: superar a Covid-19; reviver a economia japonesa a partir de uma nova forma de capitalismo e investir em uma nova forma de diplomacia.

Fumio Kishida, afirmou também que a economia japonesa seguiu três pilares até agora: política monetária acomodatícia, expansão fiscal e estratégias de crescimento.

“A economia japonesa não está mais em uma situação de deflação e expandiu a participação de mulheres no mercado de trabalho”, disse.

Nesta terça-feira, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) decidiu, por 8 votos a 1, manter sua política monetária, com a taxa de depósito em -0,1% ao ano e a meta de juros do título público (JBG) de 10 anos em torno de 0%, sem estabelecer limites de compras de ativos para chegar a esse objetivo.

A Restauração Meiji, que aconteceu em 1868, foi o processo de derrubada do xogunato e restabelecimento do poder para a família imperial japonesa. Esse processo resultou no desenvolvimento e modernização econômica do Japão a partir do final do século XIX, transformando a nação em uma potência regional.

Antecedentes

Antes da Restauração Meiji, o Japão estava sob o domínio do xogunato Tokugawa desde 1603. O xogunato era uma forma de governo em que os chefes militares (chamados de xoguns) exerciam o poder, e Tokugawa era a família que exercia o poder no Japão de maneira hereditária. A família imperial japonesa existia, mas estava sob o controle dos xoguns. A Restauração Meiji foi, portanto, a derrubada do governo dos xoguns e o restabelecimento do poder da família imperial japonesa.

Durante o xogunato Tokugawa, o Japão esteve sob uma política de isolamento na qual o país não mantinha contato com o exterior e proibia outras nações de usarem os portos japoneses conforme o relato a seguir:

Os Tokugawa, a família de xoguns que governou o Japão no século XIX, haviam imposto um sistema de Estado policial que isolou o país do mundo exterior, a tal ponto que a construção de navios oceânicos era proibida e os japoneses que tinham a infelicidade de naufragar fora das costas do Japão e eram resgatados por barcos estrangeiros não tinham permissão para voltar a seu país|1|.

O isolamento japonês só foi suspenso após pressões americanas durante a década de 1850 para forçar a abertura dos portos e da economia japonesa ao mercado internacional. A restauração monárquica veio da insatisfação das elites econômicas japonesas com a abertura dos portos. Assim, passaram a apoiar a derrubada dos xoguns e a restauração da monarquia.

A Restauração foi consolidada em 1868 quando o Imperador Meiji (seu nome era Mutsuhito) ascendeu ao trono como Imperador japonês. Ao contrário do que esperavam as elites, o Imperador Meiji aprofundou as reformas e acentuou as transformações que estavam em curso no Japão.

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Modernização no Japão

O Imperador Meiji nomeou uma série de pessoas especializadas, chamadas de burocratas, para implantar as mudanças que desejava. Além disso, muitos estrangeiros foram contratados para auxiliar nas reformas. A influência estrangeira nas reformas japonesas foi evidente porque:

Da Bélgica vem o modelo do Banco Japonês; da Alemanha, o do exército; dos Estados Unidos, o da escola primária, do sistema bancário nacional; da França, o do exército, da escola primária, da polícia civil, da polícia militar, do sistema judiciário; da Grã-Bretanha, o da marinha, do sistema telegráfico, postal e de poupança|2|.

Entre as mudanças implantadas, podemos citar a padronização do idioma japonês para eliminar as diferenças de dialeto e promover maior integração da população com o projeto de modernização, além do fim de determinados privilégios de classe. Entre esses privilégios de classe que deixaram de existir, destacam-se o fim da exploração dos senhores de terra sobre o feudo e sobre os camponeses e a abolição da classe guerreira dos samurais, que vivia à custa de pagamentos do governo.

Outro ponto importante da modernização foi a reformulação do ensino, que visava a garantir para as novas gerações a integração com o novo governo e implantar a obediência e disciplina na população. Assim, o ensino foi utilizado como ferramenta de transmissão de princípios nacionalistas e para implantação do culto à personalidade do Imperador, o que ficou conhecido como Xintoísmo de Estado. O Imperador era visto como encarnação da deusa Amaterasu, deusa do sol do Xintoísmo, tradicional religião japonesa.

As reformas implantadas transformaram a economia japonesa, inserindo-a no capitalismo emergente. Com isso, o Japão logo se firmou como potência asiática. Com o fortalecimento econômico, o país passou a alimentar um sentimento imperialista que visava ao controle da China.

|1| BEHR, Edward. Hiroíto – por trás da lenda. São Paulo: Globo, 1991, p. 31.

|2| ORTIZ, Renato. O próximo e o distante: Japão e modernidade – mundo. São Paulo: Brasiliense, 2000, p.54.

Quando o Japão virou capitalista?

Na década de 1970, o Japão fez investimentos no desenvolvimento industrial e tecnológico e tornou-se, nessa mesma época, uma grande potência econômica no mundo.

Como surgiu o Capitalismo no Japão?

Por volta do século 10, metade de toda a terra era de propriedade privada. Nestas condições surgiram poderosos senhores da guerra feudais locais e o Japão experimentou longos períodos de guerra entre os vários clãs. Demorou séculos para o país ser finalmente unido sob um imperador e um poder central.

Como o Japão ficou tão rico?

O crescimento econômico japonês nas décadas de 1960 e 1970 foi baseado na expansão rápida da indústria pesada em áreas como automotiva, aço, construção naval, química e eletrônica. O setor secundário (indústria, construção e mineração) expandiu para 35,6% da força de trabalho em 1970.

Como se deu o crescimento econômico do Japão?

Com uma economia baseada na importação de matérias-primas e na exportação de produtos de alta tecnologia, com boa qualidade e a preços baixos, o Japão tornou-se, nos anos 1990, a segunda maior economia mundial.