O segundo aniversário do Protocolo de Quioto, em 16 de fevereiro de 2007, é um marco positivo quando o mundo inteiro está discutindo as mudanças climáticas. Mas a primeira fase do tratado termina em 2012 e é necessário que a comunidade global se articule para dar prosseguimento ao acordo e se esforce para evitar o aumento da temperatura do planeta. Show
Ainda não existe “certeza científica” de que fenômenos como o ciclone tropical Catarina, que castigou o Sul do Brasil no ano passado, ou o inverno rigoroso e inundações que, neste ano, assolam países do hemisfério Norte, já resultem do aquecimento do planeta, sublinha Newton Paciornik, assessor da Coordenação Geral de Mudanças Globais do Clima, da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). “Mas, no encontro em Buenos Aires, foi arquitetado um plano de trabalho que tem como objetivo avaliar vulnerabilidades e definir estratégias de adaptação”, ele afirmou. (veja propostas no endereço: www.unfccc.int) O grau de vulnerabilidade às situações climáticas extremas, no entanto, só pode ser avaliado por meio da construção de modelos climáticos que permitam observar mudanças realmente significativas. E esse é um instrumento que os países da América do Sul ainda não têm. “Vamos preencher esta lacuna”, adianta Paciorni. No ano passado, o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), comprou um “supercomputador” com capacidade de fazer não só previsão do tempo, mas também construir cenários de mudanças climáticas. “Com ele será possível fazer simulações para cem anos”, diz José Marengo, responsável pela previsão climática do Cptec. A expectativa é que neste ano já esteja concluído um modelo de clima brasileiro. “Precisamos avaliar o impacto das mudanças climáticas sobre a biodiversidade, geração de energia elétrica, entre outros”, explica Marengo. Impacto das mudanças Tanto Kishinami como Pinguelli Rosa citam o exemplo do tsunami provocado por um terremoto no oceano Índico, que, apesar de não ter nenhuma relação com mudanças climáticas, expôs a fragilidade da população costeira dos países asiáticos. Se fosse no Pacífico, o número de vítimas teria sido muito menor. A adaptação a um planeta mais aquecido, lembra Kishinami, poderá implicar, por exemplo, o deslocamento de população de áreas em que faltará água ou que se tornarão impróprias para a agricultura. “Não será preciso perder sempre: a Holanda, por exemplo, há anos briga com o mar. Mas lá existe um plano diretor elaborado em modelagem de clima. Na Alemanha várias regiões, como a Bavária, também já fazem isso. Na Europa como um todo usa — se a modelagem climática para definir usos e ocupações do solo.” Pós-Kyoto Na Cop-10, em Buenos Aires, os países emergentes deixaram claro que não têm intenção de assumir compromissos para não comprometer o desenvolvimento e o combate à exclusão social. Mas neste embate com as nações industrializadas a posição do Brasil, na avaliação de Maciel, é extremamente vulnerável: o país está entre os maiores emissores de gases de efeito estufa, sendo que pelo menos 70% das emissões estão relacionadas ao desmatamento. “Não dá para defender um padrão de desenvolvimento que nenhum país deveria desejar”, diz. “O desmatamento depende de política de governo”, comenta Carlos Nobre. Mas existe ainda um outro fator que contribui para que o Brasil encabece a lista dos grandes poluidores: a eructação, isto é, o arroto do gado. Neste caso, a solução está no desenvolvimento de novo padrão de manejo de um rebanho de quase 200 milhões de cabeças, o segundo maior do mundo. “É uma operação gigantesca”, diz Nobre. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) pesquisa, desde 1999, a emissão de gás metano pela eructação bovina, a pedido do MCT e com o apoio da FAPESP. A quantidade de metano na eructação do boi está relacionada ao manejo nutricional dos rebanhos. No período da seca, por exemplo, o gado não se alimenta direito, perde energia por deficiência nutricional, o que provoca maior emissão de gás metano, afirma Odo Primavesi, da Embrapa Pecuária Sudeste. O capim tropical, com mais fibra e menos proteína bruta, também ajuda a aumentar a eructação. Utilizando uma canga equipada com um medidor, os pesquisadores constataram que as vacas holandesas em lactação, por exemplo, produziam 147 quilos de gás metano por cabeça, por ano, no verão, e 139 quilos, no inverno, bem acima dos padrões europeu e norte-americano. As pesquisas, até agora circunscritas a uma parcela do rebanho paulista, têm revelado que o uso adequado do capim e uma ração combinada de cana e grãos reduz o consumo de energia do gado, que ganha peso e diminui o volume de emissão de metano por quilo de carne. Tecnologias disponíveis Republicar É permitida a republicação desta reportagem em meios digitais de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. É obrigatório o cumprimento da Política de Republicação Digital de Conteúdo de Pesquisa FAPESP, aqui especificada. Em resumo, o texto não deve ser editado e a autoria deve ser atribuída, assim como a fonte (Pesquisa FAPESP). O uso do botão HTML permite o atendimento a essas normas. Em caso de reprodução apenas do texto, por favor, consulte a Política de Republicação Digital. Que medidas o Protocolo de Kyoto prevê para a redução das emissões de gases poluentes?Os países industrializados deveriam reduzir, em 5,2%, suas emissões de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono, baseados nos níveis de emissão registrados em 1990. Para o Japão e a União Europeia, ficaram estabelecidas reduções de 7% a 8%, respectivamente.
Que medidas o protocolo prevê para a redução das emissoes de gases?O documento prevê que, entre 2008 e 2012, os países desenvolvidos reduzam suas emissões em 5,2% em relação aos níveis medidos em 1990. O tratado foi estabelecido em 1997 em Kyoto, Japão, e assinado por 84 países. Destes, cerca de 30 já o transformaram em lei.
Quais são os protocolos criados para minimização dos gases do efeito estufa?Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris
O Acordo de Paris é um acordo internacional adotado em 2016 e tem como principal objetivo a redução da emissão de gases do efeito estufa, semelhante ao Protocolo de Kyoto, prevendo um aumento na temperatura terrestre de no máximo 2 ºC.
Qual o nome do protocolo que estabelecia redução obrigatória de emissão de gases estufas?Acordo ambiental fechado durante a 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Kyoto, Japão, em 1997. Foi o primeiro tratado internacional para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.
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