Como as atividades realizadas no seu estágio a partir do plano emergencial?

Introdu��o

O est�gio obrigat�rio nos cursos de forma��o de professores pressup�e um contato direto com os campos de atua��o profissional, no caso, as escolas. No entanto, este processo precisou ser (re)pensado diante da necessidade de isolamento social frente � pandemia da covid-19.

A partir de meados de mar�o de 2020, seguindo as orienta��es da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), ocorreu a suspens�o das atividades presenciais nas institui��es de ensino. A princ�pio, a maior parte das pessoas acreditou que isto se manteria por poucas semanas, mas aos poucos, houve o reconhecimento de que o retorno �s atividades escolares, com seguran�a, ocorreria apenas quando grande parte da popula��o estivesse vacinada.

Em meio a tantas perdas de vidas (amigos, familiares), necessidade de isolamento social, impactos emocionais, financeiros, amplia��o das desigualdades sociais, dentre outros[1], questionou-se sobre as possibilidades de retorno �s aulas no segundo semestre de 2020, atrav�s do Ensino Remoto Emergencial (ERE). Para que este ocorresse era minimamente necess�rio que houvesse: acesso � internet e equipamentos, como celulares e computadores/notebooks. Todos os estudantes na Universidade Federal de Goi�s (UFG) e os professores deveriam ter as condi��es m�nimas para conseguir se conectar e estudar, dialogar e encontrar espa�os formativos poss�veis.

In�meras reuni�es do colegiado da Faculdade Educa��o (FE) da UFG foram realizadas com o suporte de ferramentas virtuais. Professores e estudantes discutiram e debateram intensamente a ades�o ou n�o ao ERE. Enquanto isso, houve a delibera��o do conselho universit�rio referendando a implementa��o das atividades virtuais e, assim, foi estabelecido o planejamento do retorno �s aulas.

Durante as reuni�es, alguns professores expressaram preocupa��es quanto a: transforma��o e perman�ncia de um modelo de ensino a dist�ncia nas universidades p�blicas ap�s a pandemia, amplia��o das desigualdades, abandono do curso por estudantes, desconhecimento de ferramentas tecnol�gicas, acesso as mesmas[2], apreens�es sobre a sa�de f�sica e mental, etc.

Neste contexto, o presente texto questionou: como o est�gio curricular ocorreria, visto que a universidade e as unidades de ensino p�blicas (campos do est�gio) estavam funcionando apenas remotamente? Como seriam as experi�ncias dos estudantes no que se refere ao Est�gio em Educa��o Infantil num formato remoto?

Mesmo diante da portaria Ministerial n� 544/2020 (Brasil, 2020a) e do Parecer do Conselho Nacional de Educa��o - Conselho Pleno (CNE/CP) n� 05/2020 (Brasil, 2020b) que autorizaram a substitui��o das atividades do est�gio obrigat�rio, integralmente ou parcialmente, por atividades mediadas por diferentes tecnologias; num primeiro momento, foi dif�cil imaginar maneiras de implementar o est�gio curricular, sobretudo, junto a Educa��o Infantil, visto que este n�vel de ensino se fundamenta em pr�ticas educacionais que requerem processos pouco pass�veis de serem “recriados” no modelo de ERE, considerando a faixa et�ria da popula��o para o qual � direcionado, o conv�vio, o espa�o, as brincadeiras, as rela��es institucionais, os objetos de estudo. No entanto, por meio do reconhecimento dos fundamentos do est�gio foi poss�vel buscar algumas alternativas.

Historicamente, h� ci�ncia de que o est�gio j� foi visto e planejado com base em uma perspectiva de imita��o de modelos, pressupondo que haveria uma imutabilidade entre a escola e os alunos que a frequentam, de tal modo, seria preciso “fazer bem”, imitando “boas pr�ticas”, o que restringiria a forma��o intelectual e conservaria h�bitos previamente estabelecidos. O est�gio tamb�m j� se configurou com base no mito das t�cnicas e das metodologias, pautando-se pela instrumentaliza��o t�cnica, a qual consistiria em um treinamento de habilidades que poderiam ser generalizadas para o trabalho docente em qualquer lugar ou a qualquer grupo de crian�as/estudantes (Pimenta & Lima, 2017).

Conforme Pimenta e Lima (2017) haveria um o reducionismo hist�rico ao entender o est�gio como pr�tica, perspectiva que o limitaria a uma “pr�tica instrumental” ou ao “criticismo” de teorias totalmente desvinculadas da realidade escolar. Tal abordagem exp�e desafios impostos � forma��o de professores, tornando necess�rio compreender o est�gio como a unidade entre a teoria e a pr�tica, o que, segundo as autoras, pode ser estabelecido o entendimento do trabalho docente como uma pr�tica social, expressa na imbrica��o entre sujeitos e institui��es (a��o e pr�tica):

[…] a no��o de a��o � sempre referida a objetivos, finalidades e meios, implicando a consci�ncia dos sujeitos para essas escolhas, supondo certo saber e conhecimento. Assim, denominamos a��o pedag�gica as atividades que os professores realizam no coletivo escolar presumindo o desenvolvimento de determinadas atividades materiais, orientadas e estruturadas […] (Pimenta & Lima, 2017, p. 34)

A proposta pensada junto ao curso de pedagogia se configurou pela concep��o de est�gio como pr�xis, atividade investigativa, abrangendo an�lises e interven��es nos contextos institucionais.

De tal modo, as teorias oferecem instrumentos para analisar e investigar as a��es pedag�gicas desenvolvidas em escolas concretas, constitu�das institucionalmente, historicamente localizadas e conectadas a �mbitos sociais ampliados.

Ciente disso, este texto pretendeu relatar[3] o processo de planejamento do est�gio obrigat�rio no curso de pedagogia e apresentar relatos dos estudantes sobre a experi�ncia de cursar o est�gio em Educa��o Infantil num formato remoto emergencial.

M�todo

O presente texto se constituiu a partir da perspectiva das ci�ncias sociais ao entender que fazer ci�ncia tamb�m se localiza na possibilidade de estudar uma realidade da qual n�s pr�prios, enquanto seres humanos, somos agentes. Al�m disso, pondera-se a transitoriedade do conhecimento aqui estabelecido (Minayo et al., 2018).

O objeto das Ci�ncias Sociais � hist�rico. Isto significa que cada sociedade humana existe e se constr�i num determinado espa�o e se organiza de forma particular e diferente de outras. Por sua vez, todas as que vivenciam a mesma �poca hist�rica t�m tra�os comuns, dado o fato de que a vivenciamos num mundo marcado pelo influxo das comunica��es […] (Minayo et al., 2018, pp. 12-13)

Foi sistematizado um relato quanto ao planejamento e o desenvolvimento do est�gio junto a Educa��o Infantil antes e durante a pandemia, perpassando documentos oficiais e embasamentos te�ricos que justificariam alguns encaminhamentos no que refere a organiza��o da proposta de est�gio no curso de pedagogia da UFG.

Uma revis�o bibliogr�fica foi realizada junto a plataforma Google Acad�mico, com o intuito de identificar outros relatos de experi�ncias sobre o est�gio curricular em cursos de licenciaturas, durante a pandemia. Empregando o descritor: “est�gio na pandemia” foram encontrados quatro estudos todos relacionados a sa�de e economia. Empregando o mesmo descritor e retirando as aspas foram localizados mais de 22 mil arquivos. Sem a pretens�o de analisar todos os materiais localizados e produzidos, utilizou-se como crit�rios de sele��o dos textos: as cinco primeiras p�ginas do indexador, em formato de artigo, relacionados a licenciatura, atentos ao est�gio curricular obrigat�rio, dedicados a pensar o modelo de ERE, n�o sendo pautados pela Educa��o a Dist�ncia (EAD), contextualizados no Brasil. Assim, foram identificados cinco estudos: Macedo et al. (2020); Souza e Ferreira (2020); Venturi e Lisb�a (2021); Cruz et al. (2021a); Cigales e de Souza (2021), os quais tamb�m partilharam os desafios e possibilidades coerentes ao est�gio neste per�odo hist�rico de pandemia da covid-19.

Al�m disso, com o intuito de identificar experi�ncias dos estudantes neste momento, tamb�m foi organizado um formul�rio[4] e encaminhado a todos os estudantes do curso de pedagogia matriculados na disciplina de est�gio em Educa��o Infantil, �ltimo per�odo do curso, contando com: matutino (seis turmas) e noturno (quatro turmas), totalizando em torno de 100 estudantes.

Responderam ao question�rio 21 estudantes do curso de Pedagogia, sendo 20 do sexo feminino, 14 matriculados no per�odo matutino e sete, noturno. Apenas tr�s estudantes cursavam a segunda gradua��o, logo, a maioria estava no Ensino Superior pela primeira vez. Vale registrar que 16 estudantes tinham de 21 a 25 anos de idade quando responderam ao question�rio, os demais estavam na faixa et�ria de 29 a 39 anos de idade. Dentre os 21 estudantes, dois relataram j� terem contra�do covid-19.

Apenas seis participantes da pesquisa relataram que tiveram experi�ncias junto ao est�gio extracurricular na Educa��o Infantil, cinco destes com contrato vigente quando responderam ao formul�rio e um, contou ter tido experi�ncias num per�odo anterior a pandemia da covid-19. Os demais, n�o tiveram experi�ncias, nem antes e nem durante a pandemia.

Vale ressaltar que quando questionados sobre as experi�ncias junto a Educa��o Infantil, as respostas foram variadas e chamou aten��o o fato de abrangerem n�o apenas o cerceamento escolar, mas inclu�rem experi�ncias com a faixa et�ria em grupos religiosos e a��es na �rea da sa�de:

Como as atividades realizadas no seu estágio a partir do plano emergencial?

Quadro 1
Experi�ncias dos estagi�rios junto a Educa��o Infantil
Fonte: a autora.

Os dados do formul�rio foram organizados por meio de uma abordagem qualitativa que buscou entender o contexto social em meio ao dinamismo da vida individual e coletiva, imersa em diversos significados (Minayo et al., 2018).

Neste �nterim, este estudo fez um recorte de um processo de planejamento de um grupo de professores universit�rios e se dedicou a explicitar experi�ncias do est�gio na Educa��o Infantil registradas por estudantes, sendo importante destacar que estes se direcionaram a campos de est�gios distintos.

Logo, este texto se organizou a partir dos seguintes momentos: 1. Projeto de est�gio do curso de pedagogia. 2. Relato quanto ao planejamento docente coletivo do est�gio, considerando a pandemia da covid-19. 3. Pr�ticas pedag�gicas demarcadas pela experi�ncia de uma docente pertencente ao grupo e vinculada a um campo espec�fico. 4. Registros de experi�ncias de estudantes matriculados em diversas turmas de est�gio curricular obrigat�rio, Educa��o Infantil, do mesmo curso de Pedagogia, UFG.

Resultados

No curso de pedagogia, o est�gio foi organizado em quatro semestres distribu�dos nos dois �ltimos anos da gradua��o. Em acordo com a Resolu��o CNE n�. 2/2015 (Brasil, 2015), a resolu��o do Conselho de Ensino, Pesquisa, Extens�o e Cultura (CEPEC) n�. 1539 (UFG, 2017) definiu a pol�tica de est�gios dos cursos de licenciatura:

� 1� O est�gio curricular obrigat�rio ter� carga hor�ria de quatrocentas (400) horas e dever� ser cursado, preferencialmente, a partir da segunda metade do curso e n�o poder� exceder dois anos na mesma parte concedente, exceto quando se tratar de estudante com defici�ncia.

Os professores que atuavam no curso de pedagogia da UFG em 2015/2016 sistematizaram um regulamento espec�fico ao est�gio curricular. Definiram o est�gio como um componente te�rico-pr�tico da forma��o acad�mica, n�o se caracterizando como uma atividade profissional, mas sim como um procedimento pedag�gico did�tico que se estabelecia por parcerias definidas juridicamente, com o objetivo de aproximar o estudante do mundo do trabalho.

O Est�gio como componente curricular, antes de ser uma pr�tica pedag�gica � uma pr�tica social historicamente situada. Entendido desse modo ele � um processo de investiga��o, interpreta��o, explica��o de uma determinada realidade educacional. Constitui-se como espa�o social de constru��o de conhecimento capaz de articular conhecimento te�rico e conhecimento pr�tico, vinculando o mundo acad�mico com o mundo do trabalho. (UFG, 2016, p. 3)

Assim, o est�gio curricular do curso de pedagogia estava ancorado na compreens�o do est�gio como “[…] espa�o de estudo, pesquisa e reflex�o, com vistas � constru��o de conhecimentos da profiss�o docente a partir de uma determinada realidade educacional […]” (Pimenta & Lima, 2017, p. 4).

Por este motivo, os estudantes eram acompanhados pelo professor orientador vinculado � Universidade, que junto ao est�gio curricular em Educa��o Infantil, orientava no m�ximo 12 graduandos por semestre, sendo tamb�m apoiados por professores supervisores, todos vinculados a um mesmo campo de est�gio, estabelecendo-se uma parceria direta entre universidade e tais institui��es, num primeiro momento para observa��o e conhecimento/problematiza��o da rotina escolar, seguido pelo planejamento, discuss�o e implementa��o de um projeto de ensino e aprendizagem.

Art. 10 - O est�gio obrigat�rio do curso de Pedagogia � supervisionado in loco pelo professor orientador da disciplina de est�gio e pelo professor supervisor da institui��o campo. Art. 11 - A atividade de est�gio ser� desenvolvida conforme estabelecido no Projeto Pol�tico Pedag�gico do curso e de acordo com Resolu��o CEPEC 731/2005, que prev� as seguintes etapas: I. apreens�o e estudo da realidade da institui��o-campo - compreens�o, descri��o e an�lise do cotidiano institucional/escolar; II. elabora��o do projeto de ensino e aprendizagem - problematiza��o de situa��es apreendidas da realidade e defini��o do tema do projeto de ensino e aprendizagem. A elabora��o do projeto implica prepara��o te�rico-pr�tica e metodol�gica, considerando os conhecimentos pedag�gicos e transdisciplinares relativos ao processo de ensino e aprendizagem; III. Desenvolvimento do projeto de ensino e aprendizagem – realiza��o do projeto no campo de est�gio, constituindo a experi�ncia com a reg�ncia (ou similar) relativa ao trabalho docente; IV. Relat�rio final – apresenta��o do resultado da a��o docente que evidencie a compreens�o da realidade e as contribui��es do processo para a constru��o pessoal e coletiva da forma��o e do trabalho docente. (UFG, 2016, s.p.)

Importante esclarecer que havia conv�nios para a realiza��o do est�gio entre a universidade e os �mbitos: federal[5], estadual e municipal. Os professores orientadores selecionavam poss�veis campos e faziam contato com os mesmos, providenciavam a documenta��o necess�ria em cada semestre/ano letivo e as atividades eram estabelecidas com di�logos e parcerias, tamb�m demarcadas por especificidades de cada unidade de ensino, campo de est�gio.

Durante a pandemia, o reconhecimento f�sico das escolas se tornou invi�vel, j� que n�o era poss�vel estabelecer a ida presencialmente as mesmas, o contato direto com as crian�as, professoras e professores, as conversas com os membros das escolas, a equipe da limpeza, o sentir o cheiro da merenda, ver os espa�os institucionais, dentre outras pr�ticas. Apesar disso, os professores da �rea de est�gio decidiram que haveria a manuten��o do v�nculo com os campos. Entendeu-se que isso era essencial para o desenvolvimento do mesmo e assim foram feitas propostas coerentes com as especificidades de cada institui��o-supervisor/orientador.

Houve um intenso cuidado com a forma��o delineada, sempre considerando as condi��es exigidas pelo momento. Muitas reuni�es online foram organizadas para planejar o desenvolvimento do est�gio no modelo remoto emergencial.

Em uma das reuni�es entre a diretoria de desenvolvimento acad�mico[6] e os professores orientadores de est�gio houve o relato de conversas com a Secretaria Municipal de Educa��o (SME) de Goi�nia/GO e, refor�ando as perspectivas que fundamentaram a organiza��o do est�gio, ponderou-se que seria poss�vel desenvolv�-lo por meio de atividades como: portf�lio individual, intera��o professores/estudantes/fam�lias, an�lise de programas de TV (os quais foram disponibilizados e indicados pelas escolas �s crian�as/fam�lias), estudo do n�cleo de atividades educacionais virtuais.

A SME de Goi�nia/GO colocou como condi��o ao desenvolvimento do est�gio obrigat�rio que os estudantes da Pedagogia tamb�m se matriculassem num curso, oferecido aos professores da rede, com o intuito de prepar�-los para atuar com a media��o tecnol�gica durante o contexto pand�mico. Para conclu�-lo, foi exigido a produ��o de atividades/materiais no formato de templates[7], uma maneira de simular um plano de aula no modelo remoto emergencial. Esta pr�tica tamb�m foi descrita por Cardozo et al. (2020).

Vale a pena esclarecer que o desenvolvimento do est�gio neste modelo pressup�s que os estudantes do curso, de certa forma, vivenciassem o que os profissionais da �rea estavam experienciando, ent�o a participa��o no curso foi uma oportunidade de estudo relevante ao est�gio.

De tal modo, de forma ampliada, durante o primeiro semestre do est�gio curricular, as atividades desenvolvidas foram:

- Participa��o no curso oferecido junto a SME de Goi�nia/GO e, ao final do mesmo, os estagi�rios elaboraram um plano de aula simulando uma atividade ass�ncrona (o qual foi feito neste momento apenas como um exerc�cio, n�o sendo encaminhado �s crian�as/fam�lias).

- Estudos de documentos da SME de Goi�nia/GO e da escola campo (Projeto Pol�tico Pedag�gico).

- Discuss�o e an�lise da legisla��o norteadora da Educa��o Infantil.

- Problematiza��es e reflex�es hist�ricas e te�ricas norteadoras da �rea de estudo.

- Di�logos com a equipe gestora e docentes da escola campo.

- An�lise do site[8] utilizado pela SME de Goi�nia/GO como um, dentre outros, meio de comunica��o com os familiares/crian�as.

- Di�logo com estudantes do curso de Pedagogia que cursaram a disciplina de est�gio curricular em Educa��o Infantil no modelo presencial (em 2019) e no mesmo campo de est�gio (antes da pandemia).

- Organiza��o do relat�rio do est�gio.

No primeiro momento, o contato das escolas municipais com as crian�as e familiares ocorriam de forma informal e, muitas vezes, eram restritos, visto que era esperado que uma plataforma oficial ficasse pronta para que houvesse mais intera��o entre os membros das institui��es e as crian�as/fam�lias. Contudo, alguns entraves surgiram neste processo, por exemplo, a falta de recursos municipais espec�ficos para a constru��o de uma plataforma interativa, o que dentre outros, gerou limita��es ao funcionamento da mesma, acrescidas de restri��es quanto ao acesso das fam�lias �s redes (n�o ter internet, conciliar trabalho com acompanhamento das atividades escolares), dificuldades dos professores e das fam�lias para utilizar algumas tecnologias.

Destaca-se que, conforme dados do Censo da Educa��o B�sica (Brasil, 2019), o munic�pio de Goi�nia/GO tinha aproximadamente seis mil professores atuando na Educa��o Infantil e Ensino Fundamental e mais de 90 mil crian�as matriculadas na creche, pr�-escola e Ensino Fundamental. Assim, diante da emerg�ncia sanit�ria, sem tempo pr�vio para qualquer tipo de planejamento e sem destina��o de recursos espec�ficos para isso, o desafio a todos foi consider�vel, essa experi�ncia n�o foi linear e nem descontextualizada da tens�o que o momento imp�s.

Em meio a mortes e a superlota��o em hospitais, estabeleceram-se diversos embates para a reabertura das escolas. Algumas institui��es privadas retomaram as atividades, inclusive no momento em que se contava com um n�mero crescente de contamina��es e mortes; fecharam e reabriram conforme decretos estaduais e municipais. Em determinados momentos, mesmo entre as escolas p�blicas, prevaleceram as incertezas e os rumores sobre um poss�vel retorno �s aulas ou a manuten��o das institui��es fechadas e a perman�ncia, por mais um tempo, do ensino remoto, considerando orienta��es de especialistas na �rea da sa�de, assim como a superlota��o de hospitais e a express�o dos riscos � vida que um retorno ao ambiente escolar implicaria sem a cobertura vacinal necess�ria para restringir a circula��o do v�rus.

Por outra via, n�o foram desconsideradas as quest�es envolvidas na manuten��o da suspens�o das atividades presenciais. Em muitos casos, os respons�veis pelas crian�as voltaram ao trabalho ou se mantiveram no mesmo, mas n�o tinham mais o suporte das escolas para atend�-los presencialmente, assim in�meras crian�as e estudantes ficaram mais expostas a situa��es de vulnerabilidade.

Dados obtidos por meio de cinco estudos desenvolvidos por diferentes institui��es, com an�lise e texto de Lima (2020), sistematizaram algumas experi�ncias de redes de ensino, professores, familiares e crian�as/estudantes, entre mar�o a agosto de 2020 e identificaram: maiores dificuldades para progredir no processo de aprendizagem do que em situa��es presenciais, sobrecarga e ansiedade dos professores, crian�as/estudantes e suas fam�lias, risco de abandono escolar abrangendo desde a Educa��o Infantil at� o Ensino M�dio.

O ind�cio de maior probabilidade de abandono escolar apareceu, conforme Lima (2020), em 28% dos casos, sobretudo entre estudantes “mais velhos” que relataram terem dificuldades para manter uma rotina de estudos em casa, eles afirmaram que estavam desmotivados e n�o apresentavam evolu��es no processo de aprendizagem. Compondo um grupo com um risco consider�vel de interromper o processo de escolariza��o.

Dados que podem estar atrelados a queda de 31% nas inscri��es do Exame Nacional do Ensino M�dio (ENEM), o qual contou, em 2021, com o menor n�mero de jovens inscritos dos �ltimos 14 anos, com pouco mais de 4 milh�es; em 2020 foram aproximadamente 5,7 milh�es de inscritos (Brasil, 2021).

Inspirando-se nos termos sistematizados por Lima (2020) para identificar poss�veis situa��es de interrup��o nas trajet�rias escolares, buscou-se informa��es entre os estudantes do est�gio em Educa��o Infantil sobre as motiva��es e riscos de abandono do curso de pedagogia - UFG. Onze estudantes revelaram j� terem pensado em abandonar o curso, sendo que destes sete cogitaram isso durante a pandemia e quatro, antes.

Como as atividades realizadas no seu estágio a partir do plano emergencial?

Gr�fico 1
Possibilidades de abandono do curso de Pedagogia
Fonte: a autora.

As justificativas para pensar em abandonar o curso se constitu�ram a partir das seguintes raz�es: 1. Antes da pandemia: falta de identifica��o com o curso e receio quanto ao mercado de trabalho. 2. Durante a pandemia: quest�es pessoais, “Fiquei sobrecarregada com as atividades, aulas e trabalhos, pois estava de resguardo e cuidando do meu beb� rec�m-nascido.” (Ana[9], 24 anos, estudante); n�o adapta��o ao ERE: “N�o adapta��o ao ERE, bem como, recentemente, em raz�o do encurtamento do semestre, impossibilitando a realiza��o do Trabalho de Conclus�o de Curso (TCC) de forma satisfat�ria, o qual acabei cancelando.” (Alana, 32 anos, estudante); muitas atividades e tens�es/processos de ansiedade decorrentes da pandemia.

Por conta da press�o e da quantidade de atividade e tamb�m pela ansiedade do momento que estamos vivendo com a pandemia. Est� muito dif�cil para mim, estou ansiosa, com muito medo. Est� complicado me concentrar nas disciplinas. A dificuldade de manter a concentra��o e desmotiva��o com as aulas remotas. (Amanda, 30 anos, estudante)

J� as motiva��es para permanecerem no curso, mesmo diante da pandemia, se constitu�ram a partir de concep��es que perpassaram a ideia de um planejamento de forma��o pessoal e profissional, identidade com a �rea de estudo, n�o necessariamente a Educa��o Infantil, reconhecendo que h� distintas possibilidades de atua��o. “Embora eu n�o tenha afinidade nenhuma com a Educa��o Infantil, amo a Educa��o e sei que existem outras possibilidades para a minha carreira profissional.” (Alessandra, 31 anos, estudante).

Tamb�m se fez presente, o anseio por concluir o curso de gradua��o. “Eu amo estudar a educa��o e nunca cogitei a possibilidade de abandonar meu curso. Tenho objetivos muito claros de vida e a gradua��o � parte fundamental do meu futuro.” (Antonia, 22 anos, estudante).

Esperando buscar elementos para entender a experi�ncia de est�gio durante a pandemia covid-19 se mostrou relevante apreender poss�veis rela��es ou distanciamentos entre as experi�ncias de pensar sobre encaminhamentos da trajet�ria formativa, a adapta��o/processo de aprendizagem e an�lises estabelecidas sobre estar no est�gio durante este momento.

Como as atividades realizadas no seu estágio a partir do plano emergencial?

Quadro 2
Risco de abandono do curso de pedagogia e auto-avalia��o quanto as condi��es de estudo e aprendizagem durante a pandemia covid-19
Fonte: a autora.

As experi�ncias dos estudantes que disseram n�o terem pensado em abandonar a gradua��o e os que revelaram j� terem pensaram nisso, tanto antes como durante a pandemia, n�o apresentaram varia��es significativas no que se refere a an�lise que fizeram do est�gio neste per�odo, com algumas distin��es ao sopesar os relatos dos estudantes que cogitaram deixar o curso antes da pandemia.

Justifica-se a abordagem por entender, a priori, que os estudantes mais adaptados a este momento poderiam avaliar o est�gio de forma mais positiva do que os que n�o se consideraram t�o adaptados ao curso ou ao ERE, mas isso n�o foi plenamente constatado entre as respostas ao formul�rio, prevalecendo um sentimento de pesar pela inviabilidade da presen�a f�sica nos campos de est�gio, embora cientes das raz�es pelas quais isso n�o foi cr�vel.

Pra mim o est�gio remoto foi uma tristeza, pois eu queria que as aulas fossem presenciais. Eu sonhava com esse est�gio na creche e foi uma decep��o termos que estudar de casa, mas devido a pandemia foi o que foi poss�vel para que todos fic�ssemos bem. Considero que, apesar de tudo, a experi�ncia foi boa, pois aprendi coisas novas, as reuni�es e atividades realizadas foram bem proveitosas. (Bruna, 22 anos, estudante)

Ainda dentre os aspectos elencados pelos estudantes que afirmaram nunca terem pensado em abandonar o curso, � poss�vel destacar a n�o total implementa��o do processo de investiga��o esperado pela concep��o de est�gio anunciada por Pimenta e Lima (2017):

Tem sido bacana as trocas com a institui��o, por�m o que eu percebo � que n�o tem como fazermos as nossas cr�ticas pessoais a partir do cotidiano escolar, nem negativas e nem positivas, uma vez que s� ouvimos o que as professoras e coordenadoras querem que a gente saiba. (Carla, 25 anos, estudante)

Compreendendo esta an�lise a partir das expectativas de experienciar o contexto escolar, pondera-se que as reflex�es cr�ticas poderiam ser feitas por meio dos discursos dos profissionais, contrapostos a estudos, an�lises de documentos, orienta��es da SME, contato ou aus�ncia dele com as fam�lias, dentre outros. Entretanto, de qualquer maneira, parece oportuno prestar aten��o a esta quest�o, sobretudo, por ser central ao projeto de est�gio.

Al�m disso, o contexto pand�mico em si mesmo n�o foi esquecido ao arrazoar sobre as experi�ncias com o est�gio remoto emergencial dentre os estudantes que n�o pensaram em abandonar o curso, embora muitas vezes estivessem desmotivados:

A experi�ncia que estou tendo no curso � totalmente nova, ao mesmo tempo temos que conviver com a pandemia e mais pessoas queridas sendo infectadas. N�o tenho muitas motiva��es diante desse cen�rio com o est�gio ou com o curso de Pedagogia. (Carina, 39 anos, estudantes)

Dentre os estudantes que revelaram j� terem pensado em abandonar o curso durante a pandemia foi poss�vel reconhecer avalia��es positivas quanto a experi�ncia de est�gio, embora tamb�m tenha sido assinalada a frusta��o com o momento:

Tem sido bom dentro daquilo que podemos fazer nessas circunst�ncias todas. Obviamente n�o � t�o proveitoso quanto presencialmente, mas tem sido muito enriquecedor e desafiante. Devemos fazer o que a ocasi�o nos pede. (Joaquim, 24 anos, estudante)

Dentre os estudantes que relataram j� terem pensado em abandonar o curso antes da pandemia a an�lise da experi�ncia de est�gio remoto demonstrou uma frusta��o, de certa forma mais flagrante. Como s�o poucos relatos deste grupo, talvez possa ser precipitada a compreens�o de que haveria uma avalia��o mais negativa sobre a experi�ncia.

� muito diferente do est�gio presencial que experimentei em 2019. T�nhamos contato direto com o campo que facilitou a aprendizagem e elabora��o de um plano de ensino. O est�gio remoto, n�o tive um encontro sequer com os professores da turma que vamos atuar, estou perdida. N�o sei se esse est�gio me dar� algum entendimento para atuar na educa��o infantil, sei que n�o temos outra op��o, mas sinto que ficar� um vazio na disciplina, pela falta de aulas pr�ticas. (Denise, 21 anos, estudantes)

Embora a concep��o de est�gio como pr�xis seja trabalhada com os estudantes do curso, muitas vezes eles n�o rompem totalmente com a ideia de que o est�gio seria o respons�vel pelas “aulas pr�ticas”, como anunciado por Pimenta e Lima (2017) ao revisar o processo hist�rico que comp�s este momento da forma��o docente. Cigales e de Souza (2021) tamb�m reconheceram a necessidade de ampliar a compreens�o de pr�tica neste contexto do ERE, ponderando a media��o tecnol�gicas.

Outro aspecto que se torna necess�rio ressaltar � que em alguns relatos dos estudantes fez-se presente refer�ncias quanto a campos de est�gio que tiveram contato mais pr�ximo com professores supervisores, equipe gestora e at� com as crian�as, j� em outros essas experi�ncias n�o se estabeleceram com a mesma intensidade. As institui��es de ensino direcionavam o acesso que os estagi�rios e professores orientadores poderiam ter do “espa�o escolar”, conforme as condi��es objetivas que eles pr�prios possu�am, assim se fizeram presentes varia��es entre os campos e as experi�ncias de est�gios, alguns participaram de atividades s�ncronas com as crian�as, outros n�o, apenas ass�ncronas, uns disfrutaram de contatos prolongados com os professores supervisores, outros tiveram contatos restritos com estes.

Era o momento que eu mais almejava na minha forma��o. Ent�o foi um tanto quanto decepcionante. Por�m, com as leituras e reuni�es com a escola-campo, deu pra ter no��o um pouco da dimens�o da sala de aula. Uma pena que n�o poderemos ter reg�ncia, n�o ter o contato com as crian�as, pois n�o h� nada que substitua isso. Mas, com certeza, tudo isso vai passar e poderemos colocar em pr�tica tudo o que aprendemos at� hoje e muito mais. (Daisa, 21 anos, estudante)

Hoje a minha turma teve o primeiro contato com as crian�as da educa��o infantil e eu achei muito diferente a experi�ncia, achei muito complicado lidar com crian�as pequenas nesse modelo remoto. (Fabiana, 23 anos, estudante)

Esclarece-se que durante o modelo remoto emergencial a SME orientou, somente a partir do primeiro semestre de 2021, (correspondente a segundo semestre do est�gio) que as unidades de ensino realizassem um encontro mensal com as crian�as/por agrupamentos, todavia nem sempre isso foi implementado, muitas fam�lias n�o podiam acessar os encontros, os quais ocorriam durante o per�odo escolar (ao longo do dia). Essa pr�tica tamb�m foi um desafio ao est�gio por n�o dispor de todos os dias e hor�rios de aulas regulares, considerando que os estudantes do curso seguiam uma carga hor�ria previamente determinada, cursavam outras disciplinas, trabalhavam, tinham compromissos pessoais e as atividades s�ncronas, quando desenvolvidas, ocorriam conforme o melhor hor�rio para as fam�lias e professores, como deveria ser por raz�es �bvias, mas isso muitas vezes tamb�m impossibilitava a participa��o dos estagi�rios.

De tal modo, depois que os estudantes responderam ao formul�rio que comp�s os dados deste estudo, em diversos campos de est�gio, foi poss�vel observar encontros entre professores e crian�as de distintos agrupamentos. Em determinadas institui��es, houve a oportunidade de planejar e implementar uma sequ�ncia pedag�gica. Estagi�rios se conectaram com as crian�as/fam�lia e professores supervisores conduzindo uma atividade no Google Meet, contaram hist�rias, partilharam m�sicas, dialogaram e tamb�m encaminharam uma atividade a ser realizada num momento s�ncrono. As professoras supervisoras do campo analisaram as propostas feitas pelos estudantes do curso e contribu�ram com as mesmas.

Esta proposta agregou in�meros desafios, dentre eles:

- Os hor�rios dos encontros entre professores, crian�as e fam�lias nem sempre coincidiram com o hor�rio da aula do est�gio curricular.

- Houve altera��o do formato do plano que os estagi�rios aprenderam a fazer com o apoio do curso da SME, (primeiro semestre da disciplina). Foi preciso refazer as propostas para atender ao estabelecido no segundo semestre.

- Inclus�o de referenciais que n�o fundamentam as propostas pedag�gicas do est�gio no contexto universit�rio, como a obrigatoriedade de citar objetivos expressos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (Brasil, 2018). Esclarecendo que o estudo deste documento foi feito durante a disciplina, mas o mesmo n�o costumava ser empregado como referencial para fundamentar a proposta de pr�ticas pedag�gicas.

Ao final do segundo semestre do est�gio, os estudantes participaram de um semin�rio[10] organizado e desenvolvido pelos professores que ministraram esta disciplina junto ao curso de pedagogia. Este evento, em geral, ocorria em dois dias, no primeiro havia uma mesa redonda ou uma confer�ncia e, no segundo dia, os estudantes faziam comunica��es orais com s�nteses das experi�ncias que estabeleciam durante o est�gio. Durante a pandemia, os estagi�rios fizeram relatos dos desafios desta experi�ncia de est�gio, sobretudo, referenciando o formato remoto, compartilharam as frustra��es que sentiram (como j� expresso em falas aqui representadas), alguns agradeceram a amplia��o do contato com os professores supervisores e os processos de planejamento que puderem partilhar, contraditoriamente, devido ao est�gio obrigat�rio ter sido vivenciado na condi��o remota. Muitos estagi�rios destacaram a import�ncia que os pares da disciplina tiveram ao seguir se apoiando mutuamente, o que tamb�m pareceu ter sido essencial para n�o desistissem da disciplina.

Pagliarin e Silva (2019) corroboraram com a identifica��o de que o di�logo entre os pares de forma��o e profiss�o pode ser um impulso para a aprendizagem da profiss�o. Inclusive, em estudo realizado com estudantes em forma��o de professores, matriculados na disciplina de est�gio (antes da pandemia). Tais autores tamb�m referenciaram a import�ncia de construir uma forma��o inicial ampliada, atenta tanto ao estudo de conceitos espec�ficos, quanto que se dedique a reflex�o sobre pr�ticas pedag�gicas, abrangendo ainda experi�ncias formativas extracurriculares.

Neste sentido, assinala-se que a coordena��o de est�gio do curso de pedagogia, FE-UFG, organizou um projeto de extens�o[11] com o objetivo de reunir professores orientadores e supervisores, estudantes e demais membros da comunidade que estivessem interessados em compartilhar experi�ncias de trabalho pedag�gico durante a pandemia, fomentando assim uma rede de apoio e forma��o neste momento. Todos os envolvidos no est�gio curricular foram convidados a participar, mas nem sempre isso foi poss�vel considerando as demandas que se fizeram presentes.

Considera��es finais

Durante o desenvolvimento das propostas de est�gio recorrentemente era discutido o processo de n�o romantizar a pandemia, ao por exemplo explorar ideias como: “sairemos melhores deste processo como humanidade” ou “os professores se reinventaram”. Sabe-se que isto ocorreu, nomeadamente, reconhecendo o compromisso docente com o processo educacional e com as crian�as, por�m h� ci�ncia e luta no sentido de prezar pela condi��o de trabalho docente com pol�ticas educacionais comprometidas com a escola p�blica. Importante registrar que muitos professores foram realocados, passaram a atuar com uma carga hor�ria maior, numa condi��o de trabalho ainda mais vulner�vel. Neste contexto, registra-se aqui um profundo agradecimento aos docentes que recebem e receberam estagi�rios.

Dito isso, retoma-se o objetivo deste texto que se constituiu em relatar o processo de planejamento do est�gio obrigat�rio no curso de pedagogia e apresentar relatos dos estudantes sobre a experi�ncia de cursar o est�gio em Educa��o Infantil num formato remoto emergencial.

As quest�es que nortearam esta investiga��o se constitu�ram da seguinte forma: como o est�gio curricular ocorreria, visto que a universidade e as unidades de ensino p�blicas (campos do est�gio) estavam funcionando apenas remotamente? Como seriam as experi�ncias dos estudantes no que se refere ao est�gio em Educa��o Infantil num formato remoto?

Primeiramente, destaca-se que as experi�ncias dos estagi�rios do curso de pedagogia, FE-UFG, variaram, sobretudo, conforme os campos de est�gio a que estavam vinculados. Alguns tiveram mais contato com os professores supervisores, equipes gestoras, crian�as e fam�lias; para outros esta experi�ncia foi mais restrita, de qualquer forma, houve a preocupa��o com a problematiza��o das pr�ticas escolares com fundamentos em estudos, documentos, di�logos, interven��es contextualizadas e que, neste caso, expressaram muito do momento vivido enquanto sociedade.

Os desafios impostos pela pandemia, aos diferentes �mbitos da vida social, foram e ainda est�o sendo, gigantes. No processo de forma��o docente, especificamente durante o est�gio na educa��o infantil, foram travadas discuss�es ancoradas em um modelo remoto emergencial, esperando que os profissionais formados neste momento n�o atuem a partir das media��es das telas, j� que � ambicionado que possam estar presentes nas escolas, estabelecendo processos educativos diretos, pr�ximos, sensoriais, essenciais � Educa��o Infantil.

Os relatos dos estudantes demonstraram frustra��es e ang�stias diante do contexto pand�mico, mas tamb�m revelam que determinados processos de aprendizagem foram poss�veis. A forma��o implica em processo e espera-se que este momento possa ser (re)significado considerando o projeto que baseou as propostas aqui apresentadas para o est�gio num contexto em que se atuou sobre o poss�vel, sopesando que este poss�vel tamb�m foi registrado nos estudos: Macedo et al. (2020); Souza e Ferreira (2020); Venturi e Lisb�a (2021); Cruz et al. (2021a); Cigales e de Souza (2021).

No que se refere as trajet�rias dos estagi�rios no curso de pedagogia, vale a pena sinalizar que dentre os estudantes que pensaram em abandonar o curso antes da pandemia os discursos apontaram falta de identifica��o com o curso e preocupa��es quanto ao mercado de trabalho. Dentre os estagi�rios que cogitaram abandonar o curso durante a pandemia, as quest�es principais destacadas por estes estiveram atreladas a vivencias pessoais (como sobrecarga familiar), n�o adapta��o ao ERE, excesso de atividades, tens�es da pandemia (ansiedade, medo). J� entre aqueles que n�o conjeturaram deixar o curso de pedagogia em nenhum momento, as refer�ncias apresentadas estiveram associadas a um planejamento pessoal e profissional, assim como o reconhecimento da identidade com a educa��o e a gradua��o escolhida.

O direcionamento da quest�o norteadora desta investiga��o sobre os encaminhamentos dados ao est�gio indicou os seguintes aspectos:

- Estudo do conceito de pr�xis no est�gio.

- Relato de experi�ncias dos professores, tanto durante a pandemia quanto antes da mesma. Para al�m dos di�logos estabelecidos, os estagi�rios tamb�m participaram de um curso junto a SME, mesmo curso que fora oferecido aos docentes. Inclusive, ocorreu o relato de estagi�rios de anos anteriores, partilha de experi�ncias entre estagi�rios.

- Planejamento de atividades a serem desenvolvidas com as crian�as por familiares (atividades ass�ncronas) e, em alguns casos, planejamento e implementa��o de momentos s�ncronos (encontro com crian�as, familiares, professores mediados pelas tecnologias).

- An�lise de textos (te�ricos: tanto sobre Educa��o Infantil quanto sobre o conceito de est�gio), documentos (legisla��o, projeto pol�tico pedag�gico) e do site da SME, utilizado por ela para se comunicar com as fam�lias/crian�as.

- Participa��o/observa��o de encontros s�ncronos (professores supervisores, crian�as/fam�lias, estagi�rios e professora orientadora).

- Possibilidade de participar de um projeto de extens�o que reuniu diferentes campos de est�gio, professores (orientadores e supervisores) e estagi�rios.

- Semin�rio de est�gio para a sistematiza��o e partilha das experi�ncias entre pares e professores.

- Relat�rio do est�gio (exerc�cio de s�ntese e registro da experi�ncia).

Dentre os limites deste estudo, pondera-se que o formul�rio encaminhado aos estagi�rios foi respondido por um quinto dos envolvidos, assim abrangeu as experi�ncias de uma parcela pequena do grupo. Outra limita��o desta investiga��o, atrelada tamb�m a uma poss�vel continuidade desta pesquisa, se localiza na discuss�o sobre o retorno �s atividades presenciais, sobretudo, no que refere a Educa��o Infantil, como apresentado por Cruz et al. (2021b), sendo que no caso deste artigo um caminho prof�cuo seria localizar as rela��es estabelecidas entre o retorno �s atividades presenciais junto a Educa��o Infantil e o est�gio curricular. Outra perspectiva de estudo futuro, pode ser estabelecida com vistas a acompanhar os estudantes do curso de pedagogia que vivenciaram o est�gio curricular por meio do ERE, organizando um projeto de extens�o atento a este grupo, com vistas a forma��o continuada e com objetivo de sistematizar dados sobre a continuidade desse processo, neste momento hist�rico.

Como as atividades realizadas no seu estágio a partir do plano emergencial contribuíram para sua futura atuação em sala de aula?

Durante este processo de elaboração das atividades do plano de aula foi possível compreender várias maneiras que poderemos ultilizar a tecnologia de forma positiva em favor da educação básica, e usa - lá da melhor forma possível servindo como um auxílio na sala de aula, buscando sempre a melhor maneira de transmitir ...

O que foi feito atividades desenvolvidas durante o estágio?

Confira a seguir o que não pode faltar no plano de atividades..
Objetivos do estágio. É a definição das expectativas, ou seja, do que se pretende alcançar com o estágio. ... .
Justificativa. ... .
Descrição das tarefas. ... .
Cronograma de atividades. ... .
Dados pessoais e da empresa..

Em que medida as atividades realizadas no plano emergencial?

O plano emergencial de atividades foi muito importante para a formação como professor e educador no século XXI. Apesar desse plano ser de fato criado em um ambiente de emergência, mostra que vivíamos uma realidade educacional muito ultrapassada que não sabia lidar com a tecnologia de maneira plena.