No Brasil, onde 62% da energia elétrica é gerada a partir da água, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o regime de chuvas é especialmente importante. O ciclo hidrológico é essencial para a manutenção dos ecossistemas e para a agricultura, que depende das chuvas para a produção. No caso das hidrelétricas, a chuva é essencial para aumentar os níveis de abastecimento dos reservatórios e garantir que a população terá segurança no fornecimento de energia. Show Ao pensar no regime de chuvas, é natural que a primeira associação seja com fatores climáticos e os efeitos do aquecimento global. No entanto, de acordo com o secretário-executivo do Observatório das Águas (OGA), Ângelo José Rodrigues Lima, ainda não é possível afirmar que a atual crise hídricaesteja diretamente relacionada às mudanças climáticas. De acordo com Lima, neste momento, é importante ter cautela. Para ele, há diversos motivos que levaram à situação de crise no abastecimento da população, principalmente fatores ligados à governança e à gestão política dos recursos hídricos. “Entre as causas estão o padrão atual de ocupação na área urbana e rural e o modelo da produção agrícola, combinados à falta de programas de reflorestamento e de revitalização de bacias hidrográficas”, diz. Saiba Mais Para o secretário-executivo do OGA, o que é possível concluir sobre as mudanças climáticas é que já há cenários em que os eventos extremos serão mais frequentes. “É muito provável que tenhamos períodos maiores de chuvas intensas e de secas. Portanto, neste cenário onde já temos impactos negativos pela falta de governança, é necessário estabelecer políticas de curto, médio e longo para enfrentar este desafio”, afirma. De acordo com Lima, o Brasil tem uma avançada Política Nacional de Recursos Hídricos desde 1997. Porém, o básico dela, que são os instrumentos de gestão – como planos de bacias, outorga e cobrança pelo uso da água – não estão igualmente implementados em todos os estados. Sem estes instrumentos em pleno funcionamento, é muito mais difícil para o país se antecipar a possíveis crises e conflitos pelo uso da água. Segundo Lima, além do governo federal, que vem desmantelando a gestão ambiental e modificou a gestão das águas, há governadores que, quando assumiram seus cargos, não investiram o suficiente e desmontaram as políticas ambientais que vinham sendo construídas. “Temos casos em que os recursos da cobrança pelo uso da água, que deveriam ser utilizados para implementar programas e projetos, foram desviados para outros fins”, afirma. Além disso, o Brasil enfrenta desafios para a gestão das águas. Há, no país, diferença na distribuição do recurso natural e em densidade populacional. A grande dificuldade está em atender a demanda crescente de diferentes usos para o recurso em várias regiões. Outra preocupação está relacionada à qualidade das águas. De acordo com um estudo nas bacias da Mata Atlântica, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica entre março de 2020 e fevereiro de 2021, há fragilidade da condição ambiental em 73% dos principais rios monitorados no país, nos 17 estados do bioma. Segundo o secretário-executivo do OGA, quando se analisa o manejo e uso do solo, o modelo de produção agrícola, a concentração de ocupação na área urbana e o desmatamento, já não se pode mais colocar a culpa somente na ausência de chuva nesta nova crise hídrica. Vale lembrar que a Floresta Amazônica é responsável pelas chuvas que chegam às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, por meio dos rios voadores. “O aumento do desmatamento em todos os biomas do Brasil provoca a diminuição das chuvas. Ao mesmo tempo, quando chove, por conta da ausência da cobertura vegetal, a água da chuva não se infiltra no solo. Isso impede a regularidade na quantidade de água durante o período seco”, diz. Assine aqui a nossa newsletter
Escrito por Bruna Soldera em 14 Julho 2021 Postado em Blog. As florestas e a água estão interligadas, é uma relação vital. Para se ter uma ideia dessa relação tão próxima e inseparável, um artigo publicado pela Embrapa em 2017 mencionou que as florestas são responsáveis pela reciclagem das chuvas na Amazônia, além de retornarem 37% dos 2.300 mm de chuva que caiu em 2013 na Amazônia Central, sendo que a transpiração de plantas lançaram aproximadamente 850 mm da água da chuva para atmosfera. Além disso, até 70% da chuva em São Paulo depende do vapor d’água amazônico e a sua redução, que poderia ser causada pelo desmatamento em larga escala, seria capaz de provocar consequências seríssimas ao abastecimento de água (ECOFUTURO). O artigo da Embrapa ainda relata que as grandes árvores da Amazônia “são verdadeiras “bombas de água” que puxam a água desde as camadas mais profundas do solo e a transportam até a atmosfera. Acontece que as secas afetam justamente o mecanismo de transporte de água ao longo da planta, especialmente das árvores maiores”. Uma pesquisa realizada por Lara Gabrielle Garcia (pesquisadora da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP) testou se o aumento da floresta nativa em bacia hidrográfica traz benefícios em relação à água. Lara disse que “diante dos resultados encontrados, é possível concluir que existe uma relação de perda e ganho com o aumento da floresta e sua localização na bacia hidrográfica, sendo necessário aos programas de restauração conhecerem este ponto de equilíbrio para garantir água constante e em abundância nas bacias agrícolas” (ECOA, 2018). Outro estudo mostrou que a seca na região centro-oeste e o avanço do desmatamento estão causando a falta de água, sendo que as capitais e grandes cidades são as que mais sofrem com a falta de um recurso que já foi abundante, principalmente no Pantanal (ECOA, 2018). A degradação ambiental – seca, queimadas, superexploração de recursos naturais, desmatamento - reduz o nível de água dos rios e pode secar nascentes, ocasionando até o aumento da emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa. Um estudo liderado por uma pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e publicado nesta quarta-feira (14) na revista britânica “Nature”, apontou que o desmatamento diminuiu a capacidade da floresta Amazônica em absorver gás carbônico da atmosfera, a transformando em uma fonte de carbono. Além disso, áreas mais desmatadas têm maior emissão de carbono do que aquelas menos destruídas. A pesquisa mostra ainda que o desmatamento também altera a condição climática na Amazônia, afetando a capacidade da floresta não desmatada de absorver carbono – além de aumentar sua inflamabilidade Como solução ao cenário, a pesquisadora Luciana Gatti alerta para a necessidade de uma estratégia que combata o desmatamento e as queimadas na floresta, contribuindo para o aumento de chuva e redução da temperatura na região. Um ciclo que também afetaria de maneira positiva o restante do ecossistema no planeta. (CNN BRASIL). Não podemos esquecer que o mundo precisa de água e as florestas podem nos garantir isso! Siga-nos nas redes sociais para continuar aprendendo: Siga-nos no Instagram Siga-nos no Facebook Siga-nos no LinkedIn Siga-nos no Twitter Inscreva-se no YouTube Lista de transmissão no WhatsApp (para entrar na lista basta informar seu nome e solicitar sua participação).
Fontes: EMBRAPA, 2017: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/21383265/artigo----a-inseparavel-relacao-entre-florestas-e-agua-na-amazonia ECOA, 2018: https://ecoa.org.br/a-relacao-entre-florestas-e-a-disponibilidade-de-agua/ ECOA, 2018: https://ecoa.org.br/desmatamento-no-planalto-pode-inviabilizar-a-agua-no-pantanal/ ECOFUTURO: http://www.ecofuturo.org.br/blog/racionamento-de-agua-falta-de-chuva-e-desmatamento-o-que-temos-a-ver-com-isso/ CNN BRASIL: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/07/14/amazonia-perde-capacidade-de-absorver-co2-com-desmatamento-mostra-estudo?utm_source=social&utm_medium=instagram-stories&utm_campaign=nacional--cnn-brasil&utm_content=imagem Qual é a relação entre o desmatamento e O ciclo da água?O desmatamento e a impermeabilização do solo fazem com que a água da chuva chegue mais rápido aos cursos d'água e ao mar, além de modificar o regime de precipitação.
É possível é possível estabelecer relações entre o desmatamento e O ciclo da água?Resposta verificada por especialistas. O desmatamento prejudica o ciclo da água, pois a atividade de desmatar as florestas acaba deixando o solo mais seco e isso ocasiona um clima mais seco e também promove um subsolo menos rico em água.
O que o desmatamento afeta no ciclo da água?A degradação ambiental – seca, queimadas, superexploração de recursos naturais, desmatamento - reduz o nível de água dos rios e pode secar nascentes, ocasionando até o aumento da emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa.
Qual o impacto que as queimadas podem provocar no ciclo da água?“As queimadas destroem a flora e reduzem a capacidade do solo de absorção de água quando chove, pois a vegetação foi perdida. O solo sofre a erosão e fica menos apropriado para recomposição vegetal da superfície”, explica.
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