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Pré-visualização | Página 4 de 43é comum que essa expressão seja utilizada quando se encontra um problema. Da mesma forma, costuma-se dizer “aquilo era uma pedra no meu sapato” quando algo incomoda em determinada situação. No poema, o eu lírico repete muitas vezes que “tinha uma pedra no meio do caminho”. Como você interpretaria essa repetição tão insistente? Explique. 2 Observe o título da notícia do texto 2. Que relação é possível estabelecer entre ele e o texto 1? Explique. 14 UnIdade 1 3 Que diferença faria para a notícia se o título fosse Óculos do poeta roubados pela quarta vez? Explique. 4 Como é possível interpretar o título No meio do caminho tinha um ladrão ao ler a notícia e estabelecer relação entre ela e o poema? Explique sua resposta. 5 Que sentidos esse título introduz na notícia? Explique. Um poema infiltrado na notícia Você deve ter notado que o poema de Drummond No meio do caminho foi escrito antes da notícia da revista Istoé. Por isso, foi possível incorporá-lo no título da notí- cia. No entanto, essa incorporação não foi uma simples cópia: o verso do poema foi modificado com a substituição da palavra “pedra” por “ladrão”. Que sentidos esse recurso terá produzido na notícia? Para responder a essa pergunta, primeiro é preciso analisar qual o sentido da palavra “pedra” no poema. Várias são as possibilidades de interpretação: pode ser vista como alguma dificuldade da vida que passou a preocupar o eu lírico; pode ser um problema que surgiu quando ele não esperava ou quando estava muito cansado e, por isso, ele tinha dificuldade para identificar; é também possível com- preender que se tratava apenas de uma pedra no caminho mesmo, na qual o eu lírico talvez até tenha tropeçado, e por isso não esquecia o ocorrido. 15UnIdade 1 Qualquer que seja a ideia, uma coisa é certa: a “pedra” parece ser encarada com naturalidade, dentro da normalidade da vida, pois ele usa uma expressão muito comum para referir-se ao que parecia preocupá-lo. A repetição insistente da ideia de “pedra no meio do caminho” marca tanto o não esquecimento da questão pelo eu lírico quanto a sua preocupação. Assim, quando o verso do poema é modificado com a substituição de “pedra” por “ladrão”, alguns efeitos de sentido são produzidos. É possível dizer que a “pedra” deixa de ser um problema indefinido, natural da vida cotidiana, e passa a ser identificada especificamente com o roubo. Pelo fato de esse roubo acontecer reiteradamente (já era a quarta vez), acaba assumindo a mesma peculiaridade da pedra do poema: a recorrência. Ou seja, o roubo acaba assumindo o sentido que tem a pedra no poema de Drummond: o de uma dificuldade que sempre aparece no caminho, tantas vezes repetida nos versos do poema. De qualquer maneira, na notícia, o lirismo contido no verso do poema é rom- pido com a imposição da dura realidade. Confira agora suas respostas aos exercícios propostos. Leia os comentários a seguir e reflita sobre elas: se aproximaram-se deles ou não; em que se aproximaram e em que se distanciaram; o que os comentários acrescentaram; quais aspectos você apontou que eles não contemplaram. A partir disso, selecione aspectos sobre os quais você considera necessário conversar com o professor. Atividade 1 – Literatura disfarçada de notícia 1 A repetição insistente do verso “no meio do caminho tinha uma pedra” pode querer dizer que o eu lírico estava muito preocupado com algum problema. Ou pode representar o impacto que causou nele o aparecimento desse problema, tanto que até afirma que nunca se esquecerá do fato. 2 O título da notícia é a reprodução do verso do poema, mas com a troca da palavra “pedra” por “ladrão”. 3 Se o título da notícia fosse Óculos do poeta roubados pela quarta vez, a referência ao poema não seria feita e se trataria de um título comum de notícia. Quando se coloca uma referência explícita ao poema, ainda mais a um tão conhecido, o poeta e sua obra são trazidos para dentro do texto, aproximando-se deste e do leitor. 4 É possível interpretar o título da notícia como uma conversa com o poeta por meio do verso do poema. Quando a notícia é lida e se toma conhecimento de que naquela ocasião já havia aconte- cido outros três roubos, sendo aquele o quarto, a relação fica ainda mais evidente: uma pedra no HORa da CHeCageM 16 UnIdade 1 meio do caminho, que insistentemente reaparece na memória do poeta, atormentando-o. Ou seja, um ladrão roubando os óculos da estátua várias vezes, reiteradamente. Seria quase como se dis- sesse: Olha, poeta, lembra aquela pedra que você encontrou no caminho? Nós também temos uma aqui, que não quer parar de aparecer... que não nos deixa esquecer de que ela pode reaparecer... 5 O título introduz na notícia os sentidos apresentados na resposta anterior, além da referência à semelhança entre a preocupação do poeta e o fato da notícia, o que aproxima, ainda que por meio de um acontecimento ruim, literatura de realidade, poesia de vida. H OR a da C H eC ag eM 17 SANGRIA 5mm t e M a 2 discussão em foco: intertextualidade e interdiscursividade Este tema tem como finalidades organizar e sistematizar a discussão realizada no Tema 1. O objetivo é explicitar conceitos envolvidos no estudo sobre os tipos de articulação que os textos podem estabelecer entre si e mostrar os diversos modos como essas articulações podem ocorrer. Para começar, reflita sobre o que você já conhece a respeito do assunto. • Considerando o que já foi estudado no tema anterior e o conhecimento que você adquiriu em suas leituras prévias, pense em outros dois textos que você conhece e que se comunicam um com o outro. Registre-os a seguir. • Agora, recupere o exemplo dado na atividade realizada no Tema 1 e analise: A articulação que acontece entre os textos que você trouxe é parecida, de algum modo, com aquela analisada? Explique sua resposta. Sim, os textos conversam! Ao longo do Tema 1, foi possível constatar que os textos, incontrolavelmente, inevitavelmente, conversam entre si. Incontrolavelmente porque nem sempre os escritores têm completa consciên- cia das escolhas que fazem ao escrever, ou seja, as decisões sobre como escrever podem, às vezes, ser tomadas sem que sejam percebidas. É muito comum que, depois de certo tempo, quando se volta a um texto escrito, o escritor encontre palavras que deseja trocar por outras, mais adequadas. Quando se trata de con- versa oral, então, isso é muito mais frequente: as palavras escapam. E isso é per- feitamente natural no processo. Inevitavelmente porque a linguagem verbal – ou seja, a usada para se comuni- car falando ou escrevendo – é dialógica em sua essência. E o que isso significa? Significa que, por um lado, quando se fala ou se escreve, isso sempre é feito para alguém, como em um diálogo, ainda que esse alguém seja você mesmo. Por outro 18 UnIdade 1 lado, nesse momento é ativado todo o conhecimento que se tem sobre o assunto, os textos e a linguagem, ou seja, acaba-se “conversando” com todos os textos já lidos, com todas as situações de comunicação semelhantes já vividas. Tudo isso constitui o que se pode chamar de “bagagem” de linguagem verbal. Essa “bagagem” contém tudo o que se sabe sobre os aspectos envolvidos na atividade de comunicar por meio dessa linguagem: • o assunto em si; • o modo como o texto a ser escrito deve ser organizado internamente; • o tipo de linguagem que deve ser empregado, considerando os saberes do interlocutor; • a relação que há com esse interlocutor (se é mais ou menos íntima, mais ou menos formal, mais ou menos hierarquizada, por exemplo); • o portador e/ou veículo pelo qual se pretende fazer circular o texto; • o modo como o texto deve ser editado, cuidado, finalizado (se em papel sulfite A4 ou em folha de caderno; se a caneta, a lápis ou digitado no computador; se pode conter rasuras ou não; entre outros aspectos). Todo esse conhecimento não foi constituído no vazio, O que significa a pedra no poema no meio do caminho?As pedras mencionadas nesta poesia podem ser classificadas como obstáculos ou problemas que as pessoas encontram na vida, descrita neste caso como um "caminho". Essas pedras podem impedir a pessoa de seguir o seu percurso, ou seja, os problemas podem impedir de avançar na vida.
Tinha uma pedra no meio do caminho história?Havia uma pedra no meio do caminho (ou tinha uma pedra no meio do caminho) é a forma como nos lembramos do poema No Meio do Caminho, um dos poemas mais conhecidos do escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade. Foi publicado em 1928 na Revista de Antropofagia.
Tinha uma pedra ou havia uma pedra?É que não se pode usar o verbo ter como verbo impessoal. Para a norma padrão, o correto seria: havia uma pedra no meio do caminho.
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