Qual a importância do fim da escravidão para o desenvolvimento industrial brasileiro?

A história do Barão de Mauá confunde-se com o surto de industrialização do Segundo Reinado, mostrando que o capitalismo industrial no Brasil ainda era efêmero.

O surto de industrialização verificado durante o Segundo Reinado teve como um de seus principais personagens Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889), o Barão de Mauá. Natural do Rio Grande do Sul, o Barão de Mauá decidiu investir capital na economia brasileira após uma viagem realizada à Inglaterra na década de 1840, onde se fascinou pelo desenvolvimento industrial e também social proporcionado pelo capitalismo inglês.

Barão de Mauá teve uma atividade econômica que se assemelhava a dos empresários capitalistas modernos da Europa e dos EUA, em decorrência principalmente das diversas atividades em que investiu. As condições criadas pela Tarifa Alves Branco (1844), com a criação de impostos sobre produtos importados, auxiliaram em seus negócios. Fundando inicialmente seu primeiro grande negócio com um estaleiro de construções navais, as ações de Mauá ganharam maior vulto quando, em sociedade com ingleses e portugueses, fundou os bancos Mauá, MacGregor & Cia. e a Casa Mauá & Cia, que chegaram a ter filiais em Londres, Paris, Nova Iorque, Montevidéu, Buenos Aires e diversas outras cidades.

O controle do capital financeiro permitiu a Mauá investir nas áreas de estaleiros navais, velas, curtumes, fundição de ferro e bronze, caldeiraria, serralheria, mecânica e também na área de comunicação, como na constituição de empresas de transportes navais, construção de ferrovias e infraestrutura de comunicação internacional.

Em 1852, o Barão ganhou a concessão para a construção da ferrovia Mauá, que ligaria Petrópolis ao Vale do Paraíba fluminense. Em 1854, foi inaugurado o trecho que ficou conhecido como ferrovia Rio-Petrópolis, a primeira do país. A modernização dos meios de transporte nessa segunda metade do século XIX tinha por objetivo facilitar o escoamento da produção de café, ligando os pontos produtores aos portos escoadores.

Ainda na área de comunicação, os investimentos do Barão de Mauá tornaram possível a ligação telegráfica entre o Brasil e a Europa através de um cabo submarino que atravessava o Oceano Atlântico, que foi instalado em 1874.

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Todavia, a ação do Barão de Mauá mostrou as contradições em que se inseria a sociedade brasileira do Segundo Reinado. Por um lado, foi possível realizar uma integração entre os capitais brasileiros e os estrangeiros, principalmente os ingleses, para tentar criar algumas condições gerais para a produção capitalista no Império. A liberação de capital brasileiro para esse tipo de investimento foi facilitada pelas proibições no tráfico de escravos, que proporcionaram um novo direcionamento do dinheiro acumulado com a produção agrícola, e também pelas medidas governamentais de restrição de importações.

Por outro lado, a base da economia imperial ainda estava vinculada ao trabalho escravo, que impediu a intensificação da exploração capitalista dos trabalhadores, criando, dessa forma, obstáculos para a ampliação do mercado interno. A conjugação de produção agrícola, produção industrial, mercado interno e força de trabalho assalariada era necessária para um maior fôlego desse surto industrial, cujo personagem principal foi o Barão de Mauá.

As contradições da sociedade brasileira representaram também a ruína do Barão. Boicotes da elite agrária, a concorrência do capital estrangeiro e as facilidades para a importação de mercadorias com a Tarifa Silva Ferraz (1860) aumentaram as dificuldades aos seus negócios. Em 1878, um ano após ganhar o título de Visconde de Mauá, houve a falência de Irineu Evangelista.

O governo não destinou capitais para tirar seu banco da falência. O Barão de Mauá terminou seus dias atuando como corretor de negócios do café, evidenciando que a economia do reinado de D. Pedro II ainda estava ligada à exportação desse produto agrícola.

Durante o governo imperial, o Brasil ainda tinha grande parte de sua economia sustentada pela exportação de gêneros agrícolas. Chegando ao Segundo Reinado, vemos que essa mesma situação se mantinha na medida em que as lavouras de café se desenvolviam com a grande demanda do mercado externo. Sendo assim, conservávamos nossa feição econômica sem grandes alterações e continuávamos a consumir produtos industrializados vindos principalmente da Inglaterra.

Essa situação veio a se modificar no ano de 1844, quando a implantação da Tarifa Alves Branco modificou a política alfandegária nacional. Interessado em ampliar a arrecadação dos cofres públicos, o governo imperial dobrou o imposto cobrado sobre vários produtos vindos de fora. Com o passar do tempo, a Tarifa Alves Branco permitiu que a incipiente indústria brasileira pudesse fabricar produtos que tinham preços mais competitivos que os importados.

Além desse fator, devemos também compreender que esse surto industrial vivenciado na metade do século XIX também foi estimulado pela proibição do tráfico negreiro. Em primeiro plano, essa outra ação incentivou a entrada de imigrantes estrangeiros que poderiam atender a demanda dos trabalhadores assalariados que apareciam nas grandes cidades. Ao mesmo tempo, antigos traficantes passaram a reinvestir seus capitais em outras atividades, como a indústria.

Apesar do crescimento, devemos frisar que o governo imperial não dispunha de políticas essencialmente voltadas para a dinamização da economia. Não por acaso, percebemos que no ano de 1860, a redução da taxa alfandegária tratou de desacelerar o tímido crescimento industrial vivido naquele tempo. Sendo assim, temos a confirmação de que as elites políticas da época estavam longe de defender a transformação das antigas bases de sustentação econômica.

Nos últimos anos do governo de Dom Pedro II, vemos que a indústria brasileira começou a apresentar alguns traços de novo crescimento. Assim como da primeira vez, a riqueza do café exportado gerou capitais que eram investidos na construção de novas fábricas. Enfatizamos que a produção industrial brasileira nessa época se destacou essencialmente pela abertura de fábricas que se envolviam com a produção de alimentos, tecidos e alguns produtos químicos.

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Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto:

Por que foi importante o fim da escravidão?

A abolição da escravatura no Brasil não foi resultado da benevolência do Império, como muitos acreditam. Essa conquista foi resultado do engajamento popular contra essa instituição, e a pressão popular sobre o Império foi o fator que fez com que a escravidão fosse abolida em 13 de maio de 1888.

Qual a importância da abolição da escravatura para o desenvolvimento do trabalho no Brasil?

A Abolição da Escravatura no Brasil representou momentos de lutas, mas também de vitórias para os escravos e grupos apoiadores de abolicionistas. Isso porque durante quase 300 anos essa forma de trabalho exploradora e desumana vinha sendo praticada no país pelos colonizadores portugueses.

Como a escravidão dificultou o desenvolvimento industrial no Brasil?

'Escravidão foi um desastre e atrasou o país' Mas que havia limites para a expansão dessa industrialização, pela falta de um mercado consumidor, já que esses trabalhadores não recebiam salários. Além disso, não havia estímulo para empregar escravizados na manufatura, porque o retorno deles na agricultura era maior.

Qual foi a importância da escravidão para o Brasil?

O trabalho escravo foi um traço marcante no Brasil Colonial, em que houve grande e maciça participação dos negros. Desde o começo da efetiva colonização dos portugueses até o fim da escravidão, os negros eram a principal e essencial mão-de-obra, e tornavam possíveis as atividades econômicas.