Qual era o objetivo das missões durante a colonização da América portuguesa?

Os jesuítas faziam parte de uma ordem religiosa católica chamada Companhia de Jesus. Criados com o objetivo de disseminar a fé católica pelo mundo, os padres jesuítas eram subordinados a um regime de privações que os preparavam para viverem em locais distantes e se adaptarem às mais adversas condições. No Brasil, eles chegaram em 1549 com o objetivo de cristianizar as populações indígenas do território colonial.

Incumbidos dessa missão, promoveram a criação das missões, onde organizavam as populações indígenas em torno de um regime que combinava trabalho e religiosidade. Ao submeterem as populações aos conjuntos de valor da Europa, minavam toda a diversidade cultural das populações nativas do território. Além disso, submetiam os mesmos a uma rotina de trabalho que despertava a cobiça dos bandeirantes, que praticavam a venda de escravos indígenas.

Ao mesmo tempo em que atuavam junto aos nativos, os jesuítas foram responsáveis pela fundação das primeiras instituições de ensino do Brasil Colonial. Os principais centros de exploração colonial contavam com colégios administrados dentro da colônia. Dessa forma, todo acesso ao conhecimento laico da época era controlado pela Igreja. A ação da Igreja na educação foi de grande importância para compreensão dos traços da nossa cultura: o grande respaldo dado às escolas comandadas por denominações religiosas e a predominância da fé católica em nosso país.

Além de contar com o apoio financeiro da Igreja, os jesuítas também utilizavam da mão-de-obra indígena no desenvolvimento de atividades agrícolas. Isso fez com que a Companhia de Jesus acumulasse um expressivo montante de bens no Brasil. Fazendas de gado, olarias e engenhos eram administradas pela ordem. Ao longo da colonização, os conflitos com os bandeirantes e a posterior redefinição das diretrizes coloniais portuguesas deram fim à presença dos jesuítas no Brasil.

No ano de 1750, um acordo estabelecido entre Portugal e Espanha, dava direito de posse aos portugueses sobre o aldeamento jesuíta de Sete Povos das Missões. Nesse mesmo tratado ficava acordado que os jesuítas deveriam ceder as terras à administração colonial portuguesa e as populações indígenas deveriam se transferir para o Vice-Reinado do Rio Prata. Os índios resistiram à ocupação, pois não queriam integrar a força de trabalho da colonização espanhola; e os jesuítas não admitiam perder as terras por eles cultivadas.

O conflito de interesses abriu espaço para o início das Guerras Guaraníticas. Os espanhóis e portugueses, contando com melhores condições, venceram os índios e jesuítas no conflito que se deflagrou entre 1754 e 1760. Depois do incidente o ministro português Marques de Pombal ordenou a saída dos jesuítas do Brasil. Tal ação fazia parte de um conjunto de medidas que visavam ampliar o controle da Coroa Portuguesa sob suas posses.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

A região de Sete Povos das Missões resultou da estratégia do governo espanhol para a colonização da região do Rio da Prata, na América Espanhola.

Localização

As regiões eram formadas por São Francisco Borja, fundada em 1682, São Nicolau (1687) e São Luiz Gonzaga (1687). Eram integradas, ainda, por: São Miguel Arcanjo (1687), São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e Santo Ângelo Custódio (1707).

Qual era o objetivo das missões durante a colonização da América portuguesa?
Ruínas em São Miguel Arcanjo. Foto: Governo do Rio Grande do Sul

As missões, também chamadas de reduções, foram fundadas e organizadas por padres da Companhia de Jesus. As 30 reduções ocupavam os atuais territórios de Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Em tais missões havia índios de diversas etnias, mas a maioria era guarani.

Os índios guarani foram os primeiros a sentir o impacto do europeu com a chegada dos padres jesuítas espanhóis em 1626.

Os jesuítas chegaram à região com o objetivo de catequizar e "civilizar" sob a autoridade espanhola. A permanência, contudo, era conflituosa. Durante século XVII, eram comuns as batalhas travadas entre bandeirantes e indígenas.

Os conflito eram marcados pela destruição das missões e pelos primeiros êxodos dos guarani. Nos períodos de paz, os indígenas retornavam ao local de origem com o apoio dos jesuítas.

Entre os desafios dos padres jesuítas estavam os de convencer os índios de que precisavam ser sedentários e monogâmicos. Os guarani são nômades e poligâmicos. Além disso, são politeístas.

Alguns grupos ainda praticavam o canibalismo em cerimônias fúnebres até o início da colonização.

As missões sofreram sucessivos ataques, principalmente pelos mercadores de escravos. Como estratégia para livrar os índios, em 1818, os jesuítas propuseram que os indígenas se tornassem vassalos do rei.

Os índios também recebiam treinamento militar. A estratégia foi aplicada porque a área não estava demarcada de maneira clara e foi alvo de disputa entre as coroas portuguesa e espanhola.

Havia dois tipos de missões. As missões orientais estavam nos territórios a leste do rio Uruguai, na região que hoje é fronteira com o Brasil. As missões ocidentais estavam na região que hoje é ocupada pela Argentina, nas margens do rios Paraná e Paraguai.

No auge, a região de Sete Povos das Missões comportou 30 mil pessoas. Todos eram indígenas, mas os padres espanhóis os administradores.

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Tratado de Madri

A permanência das missões esteve no centro de sucessivas disputas territoriais entre Portugal e Espanha.

Os conflitos começaram em 1680 e perduraram até 1750, quando foi assinado o Tratado de Madri. O acordo redefinia a posse do território. Previa que a Espanha deveria entregar a região de Sete Povos das Missões.

Portugal entregaria a área da província de Sacramento, na Argentina.

Saiba mais sobre o Tratado de Madri.

Guerra Guaranítica

Os indígenas foram contrários aos termos do tratado e não aceitaram sair do território. Em 1754, quando Portugal foi tomar posse do regiao, contou com o auxílio do exército espanhol para fazer cumprir as determinações do acordo.

Na luta contra os indígenas, 20 mil indígenas morreram.

Tratado de Santo Ildefonso

O Tratado de Santo Ildefonso foi assinado em 1º de outubro de 1777 entre Portugal e Espanha como forma de revalidar o Tratado de Madri.

A assinatura do acordo encerrava a disputa dos dois países pela colônia de Sacramento. Pelo acordo, os espanhóis mantinham a colônia e a região dos Sete Povos das Missões. Eles devolveram aos portugueses Santa Catarina e reconheceram a soberania lusa sobre a margem esquerda do rio da Prata.

Curiosidades

A gestão governamental das missões obedecia à organização das cidades espanholas. Cada uma possuía um chefe superior e havia prefeitos e vereadores. Ambos formavam um conselho. Todos os cargos eram exercidos por indígenas.

Na organização social imposta pelos jesuítas, não havia propriedade particular. As ferramentas para o trato da terra era de uso coletivo.

Sob o comando dos religiosos, os indígenas aprenderam a lidar com a terra, criar animais e a esculpir a madeira. A sociedade era dividida em classe conforme o ofício e os artistas tinham status de nobreza.

A Coroa portuguesa permitia a escravidão indígena, enquanto o Império espanhol os tornava automaticamente súditos do rei

As missões foram constantemente atacadas por bandeirantes em busca de escravos para as colônias

Turismo

Os municípios gaúchos que integram a região onde estavam instalados os Sete Povos das Missões são alvo constante da busca de turistas.

Nas regiões, empresas de turismo e o executivo municipal promovem passeios nas chamadas "Rotas das Missões". O objetivo é refazer o caminho dos indígenas, promover a contemplação da natureza e visitar sítios arqueológicos.

Dica de Filme

O filme "A Missão" está entre as principais obras que destacam os efeitos da disputa entre portugueses e espanhóis pelo território de Sete Povos das Missões.

A obra inglesa retrata o drama dos indígenas que fugiam da escravidão portuguesa e permaneciam no centro da batalha territorial. Dirigido por Roland Joffé, foi lançado em 1986.

Dica de Documentário

O Senado Federal lançou em 2013, o documentário "Missões Jesuíticas - Guerreiros da Fé". Dividido em três partes, o documentário elenca especialistas que analisam os efeitos da presença dos padres da Companhia de Jesus na região.

Quer saber mais sobre esse tema? Leia:

  • Tratado de Utrecht
  • Tratado de Madri
  • Entradas e Bandeiras
  • Formação do território brasileiro
  • Patrimônio Cultural

Qual o objetivo das primeiras missões enviadas pelos portugueses para o Brasil?

As expedições O primeiro tipo de expedições que Portugal enviou ao Brasil tinha por finalidade reconhecer o litoral da nova terra descoberta, sendo, por isso, denominadas expedições exploradoras.

Qual é o principal objetivo das missões jesuítas?

Esses aldeamentos indígenas, também chamados de reduções ou missões, foram criados pela Ordem dos Jesuítas no fim do século XVII, a qual visava principalmente a catequização dos indígenas, pois, com a Reforma Protestante na Europa, a Igreja Católica foi em busca de novos fiéis.

Qual era o objetivo dos jesuítas quando chegaram à América portuguesa?

Os jesuítas liderados por Manoel da Nóbrega chegaram à colônia Brasil em 1549, junto a Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral enviado por Portugal. A principal função dos jesuítas, ao virem ao Brasil, era evangelizar, catequizar e tornar cristãos os indígenas que habitavam estas terras.

Qual foi o papel das missões religiosas nas terras brasileiras no início da colonização?

As missões e os fortes desempenharam papéis importantes no Vale do Amazonas quanto à expansão territorial e a conseqüente colonização. Contribuíram para fixar marcos da penetração portuguesa naquele território disputado por outros povos.